quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Navegando pelo cinema

 




Alain Bergala - Travelling 



A palavra travelling é central em uma França admirada por todos os cinéfilos, todos os estudantes de cinema, todos os críticos. Jacques Rivette dizia que o travelling é uma questão de moral muito importante. Isto quer dizer que não há de um lado, a moral do roteiro e de outro lado, a estética, que seria independente do sentido moral. Então, o travelling ser uma questão de moral significa que a escolha de fazer um travelling é uma escolha que não somente estética, mas é também moral. Então, o fato de escolher um travelling em um dado momento se torna uma grande responsabilidade. A frase vem de uma crítica de Jacques Rivette sobre um filme que se chama Kapo, que se passa em um campo de concentração. O personagem andava e iria se jogar em uma cerca elétrica para morrer. Nessa cena, então, cineasta fazia um travelling para fazer uma bela imagem da mão da atriz. Rivette dizia no Cahier du Cinéma que um cineasta que faz um plano assim é um cineasta infame, isto é, é um cineasta que se deve desprezar. Não temos o direito de fazer um movimento que termina em um belo quadro, se ele está filmando o horror. Sendo assim, há algo que não vai bem e um plano assim é suficiente para julgar todo o filme. A ideia do travelling como questão moral se fez então uma tradição do pensamento crítico na França. Não se considera que de um lado, há a estética, dizendo que é um bom filme, bem enquadrado, bem escrito e de outro lado, o conteúdo. A intenção com a qual se filma faz parte do conteúdo, não é isolável, separável do conteúdo em si. Trata-se de uma opção crítica muito forte. É muito importante, por exemplo, quando se está com estudantes de fazê-los entender que não há de um lado, um plano bonito e de outro, o conteúdo. Nós temos uma responsabilidade na escolha estética e na escolha técnica quando fazemos um filme.
Se desejar assistir à fala de Alain Bergala clique no vídeo aqui







Não olhe para a Constituição




Filme de ficção científica, mas assistido como documentário, 'Não olhe para cima' é o grande assunto cinematográfico deste começo de ano. Para ler o texto de Léa Maria Aarão Reis clique aqui


Leia ""Não olhe para cima": um futuro realmente possível" de Domenico Delle Foglie clique aqui







Cinema, #MeToo, Covid e 'O Festival do Amor': Uma conversa com Woody Allen




Rodado antes da pandemia de covid, é uma comédia romântica amarrada como uma homenagem aos cineastas que inspiraram Allen como artista. Com a chegada de "O Festival do Amor" no Brasil, eu bati um longo papo com Woody Allen sobre o novo filme e também sobre a cultura do cancelamento, sua rotina durante a covid e o estado das coisas na indústria do cinema atual. "A situação não está boa", comenta, como você pode conferir na entrevista clicando aqui










'Netflix da direita'' atrai milhares de assinantes no Brasil e visa mercado internacional



O sucesso da plataforma de streaming "Brasil Paralelo", lançada em 2016 e alavancada durante o governo de Jair Bolsonaro é o tema de uma reportagem da revista do jornal Le Monde neste final de semana. O periódico francês destaca as produções ultraconservadoras, conspiracionistas e pró-governo disponíveis na plataforma que diz ter 265 mil assinantes. Para ler o texto completo clique aqui

0 comentários:

  © Blogger template 'Solitude' by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP