quinta-feira, 15 de abril de 2021

"Negacionismo" de esquerda: militares e genocídio

 



Seguindo a tradição brasileira, vemos agora a costura de um novo pacto. De olho em 2022, babando para se aliar com quem até outro dia desses era chamado de 'golpista', vários nomes e setores da esquerda brasileira preparam terreno para o grande pacto de esquecimento do século XXI. Para ler o texto de Jones Manoel clique aqui



"Basta de genocídio", diz Miguel Nicolelis, que exige o Fora Bolsonaro 


"Chegou a hora de remover do posto o carcereiro inominável que nos transformou a todos em prisioneiros, potencialmente condenados à morte, seja de fome ou de asfixia", diz um dos maiores cientistas brasileiros. Para ler seu texto clique aqui


Leia "Genocídio e caos: por um governo de salvação nacional" de Liszt Vieira clicando aqui


Leia "O país da 'ordem e progresso' é um país essencialmente aporofóbico" Entrevista com Flavio Comim clicando aqui


Leia "Os novos bilionários e o naufrágio na miséria" de Maria Regina Paiva Duarte clicando aqui


Leia "A nova arma bolsonarista de perseguição" de Ana Penido e Héctor Saint-Pierre clicando aqui


Leia "O Supremo Tribunal Federal e o juiz natural" de Kenarik Boujikian clicando aqui


Leia "Brasil só tem a ganhar se mantiver boas relações com a China"  clicando aqui


Leia "Como o colorismo atua como um braço do racismo para hierarquizar e segregar pessoas negras" de Alessandra Devulsky clicando aqui


Leia "Jornadas longas e salários baixos: a vida dos funcionários do McDonald's" de Victor Matioli clicando aqui



 4, 3, 2, 1: Bolsonaro joga a toalha 


Ricardo Melo*

 

Na fila da guilhotina, capitão vê o fiasco e chama milicianos para o combate

Quem, por dever de ofício, já teve a infelicidade de assistir a Jair Bolsonaro em seus stand-up na saída do palácio, não deixou de notar o semblante do delinquente do Planalto nesta quarta-feira (14).

Bolsonaro balbuciava: “Chegamos ao limite. Ninguém sabe o que pode acontecer. Estou esperando a sinalização do povo”, disse em palavras não exatamente textuais.

A chorumela aconteceu no mesmo dia em que o STF iria julgar o futuro da CPI sobre a Covid e o futuro de Lula num julgamento duplo. A CPI foi confirmada por ampla maioria. Já a anistia a Lula foi postergada para esta quinta.

Bolsonaro tenta repetir, ao mesmo tempo, Eduardo Villas Boas e Donald Trump. O primeiro, então chefe do Exército, postou um twitter indecente e ditatorial mandando o Supremo impedir a candidatura de Lula. O STF bateu continência e abriu caminho para uma eleição fraudulenta que permitiu uma turma de milicianos assaltar o poder.

Já o segundo estimulou o “seu povo” a invadir o Congresso americano para impedir a posse de Joe Biden. A história todo mundo conhece, bem como seus resultados.

 

Genérico tabajara, Bolsonaro percebeu que está na fila da guilhotina. Não há governo digno deste nome no Brasil desde que ele assumiu, a não ser uma quadrilha de malfeitores comandada por um “gabinete de ódio”. Seu mandato atualmente resume-se a tentar salvá-lo e sua famiglia da cadeia.

É possível enganar muitos durante pouco tempo, poucos durante muito tempo, mas não todos durante todo o tempo. Chegou a hora de acertar as contas.

Não, ele nunca esteve sozinho. O capital estufado, a grande mídia, os parasitas do dinheiro do povo no Congresso sempre estiveram com ele. Os ventos mudaram de lado. Hoje muitos posam de arrependidos ao ver o tamanho da encrenca. O país é maior do que Brasília.

O Brasil de verdade sangra dia a dia pela escalada da miséria. Metade da população está no limite da fome e recolhendo comida em latas de lixo. O desemprego sobe vários degraus a cada mês. As calçadas viraram moradia para milhares de famílias que não têm como pagar aluguel de um cômodo que seja.

Não me venham com essa história de que a Covid é a mãe de todas as desgraças. A pandemia só fez aprofundar uma política predadora e beneficiária do grande capital. Antes da praga do vírus, a economia brasileira já estava na lona.

As reformas “neoliberais” só produziram desastres para o povo. Paulo Guedes, especulador do mercado financeiro, tentou aprofundar o modelo do golpista Michel Temer. Pinochetista de carteirinha, vendeu a ideia de que a destruição de direitos trabalhistas e a destruição da aposentadoria solidária sinalizavam o caminho do progresso. Os números estão aí.

A pandemia só fez a catástrofe saltar aos olhos. O mesmo Guedes prometeu 40 milhões de testes prometidos por um “amigo” estrangeiro. Até hoje não se viu um band-aid desta parceria.

Enquanto isso, cerca de 4.000 brasileiros morrem diariamente por falta de oxigênio, leitos e equipamentos hospitalares. Bolsonaro faz troça do desespero de famílias que nem sequer covas possuem para enterrar seus mortos.

O capitão expulso do Exército investe diariamente contra o uso de máscaras e isolamento social. Sabota o quanto pode a vacinação em massa. Troca ministros da Saúde e outros capatazes como quem troca de funcionários para uma rachadinha mais lucrativa.

Bolsonaro já era.

Resta saber se o Supremo Tribunal Federal irá resgatar seus tempos de alguma dignidade. Nesta quinta vai a julgamento a decisão de anular as sentenças contra Lula, mesmo dia em que é divulgada uma pesquisa em que o petista dispara em intenções de voto.

O relator, Edson Fachin, muda de opinião conforme as fases da Lua, eufemismo para os interesses poderosos que levaram Bolsonaro ao conforto do Planalto e do Alvorada.

Mesmo assim, se fosse mesmo Supremo, o tribunal já teria expulsado Bolsonaro, sua famiglia e aberto um julgamento sobre os crimes que cometeram e têm cometido.

*Jornalista e apresentador do programa 'Contraponto' na rádio Trianon de São Paulo (AM 740), foi presidente da EBC (Empresa Brasil de Comunicação).

Fonte: Folha de S. Paulo – 15/04/2021 Aqui



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