terça-feira, 13 de abril de 2021

"Não leves a mal, perdoa" - António Botto

 





Não leves a mal, perdoa

 

 

 

 



 

Não leves a mal, perdoa;


Mas a frieza que eu ponho


Nos meus beijos ─


Não é cansaço, nem tédio.



 

O teu corpo


Tem o charme necessário


Para iludir ou prender;


E a tua boca


Tem o aroma dos cravos ─


À tarde, ao anoitecer!



 

Não é cansaço, nem tédio.



 

É somente uma certeza


Que eu não sei como surgiu


Aqui ─ no meu coração!



 

Não, amor; não és aquela


Que o meu sonho distinguiu...



 

─ Não queiras a realidade.

 


A realidade mentiu.

 

 

 



 

 

António Botto


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