quarta-feira, 4 de março de 2020

"Memória da minha cor preferida: o branco" - Casimiro de Brito

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Memória da minha cor preferida: o branco
A cor da minha primeira namorada: uma amendoeira!
A cor da origem: do esperma, da virgindade.
A cor do silêncio, tão cheio de possibilidades.
A eternidade, se tivesse cor, seria branca.
A ideia do branco é mais branca do que o próprio branco.
Até de olhos fechados o vejo.
Branco no branco, cantou Bashô
Branco tão branco que me cega com a sua luz.
Como ele me comove o poder do branco.
O branco do teu corpo nu na penumbra do quarto.
O branco ilumina-me só de imaginá-lo.
O branco (subitamente vermelho) da tua virgindade.
O sono delicado da minha amada.
Os terraços brancos da minha infância.
Que branco se ouço música?
Quem busca o branco encontra o arco-íris.
Regresso ao branco como se fosse uma fonte, uma casa natal.
Só o branco me dá paz e silêncio.

Casimiro de Brito


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