"Amo-te porque não me amo inteiramente..." - Casimiro de Brito
Amo-te porque não me amo
inteiramente. O que me falta
é infinito
mas tu és do bem que me falta
o enigma onde se condensam
a terra e o sol o ar as águas
invioladas
e tenho a boca cheia
de música ondulação
do teu silêncio.
II
A tua pele uma praia
onde me deito como se fôssemos
águas nômadas de um rio dois rios
separados por uma espada
cheia de desejo. Abre-me
a pele as bocas do paraíso
a mágica ferida onde eu possa
derramar e derramo
o meu sal
em repouso.
III
O meu corpo
retira-se humilde
do teu corpo. Somos dois
nada a fazer
deslizar apenas
como o rio que se afasta
da fonte.
Talvez eu possa
ocupar
um pouco
da tua sombra.
Casimiro de Brito
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