sábado, 13 de outubro de 2018

"Não te rendas jamais" - Eduardo Alves da Costa

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Não te rendas jamais

Procura acrescentar um côvado 
à tua altura. Que o mundo está 
à míngua de valores 
e um homem de estatura justifica 
a existência de um milhão de pigmeus 
a navegar na rota previsível 
entre a impostura e a mesquinhez 
dos filisteus. Ergue-te desse oceano 
que dócil se derrama sobre a areia 
e busca as profundezas, o tumulto 
do sangue a irromper na veia 
contra os diques do cinismo 
e os rochedos de torpezas 
que as nações antepõem a seus rebeldes. 
Não te rendas jamais, nunca te entregues, 
foge das redes, expande teu destino. 
E caso fiques tão só que nem mesmo um cão 
venha te lamber a mão, 
atira-te contra as escarpas 
de tua angústia e explode 
em grito, em raiva, em pranto. 
Porque desse teu gesto
há de nascer o Espanto.

Eduardo Alves da Costa

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