terça-feira, 31 de outubro de 2017

Cinco fragmentos do meu “Livro de Eros” - Casimiro de Brito

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Cinco fragmentos do meu “Livro de Eros”

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Amar-te é uma viagem marítima.


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Líquidos que se levantam. Líquidos que fervem sob a tua pele. Líquidos que me inundam. Líquidos que me salvam do mundo. Líquidos que ora se acendem, ora se derramam. Líquidos que me afogam. Líquidos que me transformam. Desço à sua procura e depois elevo-me, mais leve. Mais denso. E volto a mergulhar em ti. Insaciável me sinto.


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O amor não se prova, ele é, em si, uma prova. Uma prova sensível do incêndio que irradia desde um centro que não sabemos onde nasce. O amor brota, o amor respira como uma planta ou um animal que até então não conhecíamos. E cada amor é um animal diferente de todos os outros.


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Um corpo não é apenas um corpo, um corpo é uma ilha desconhecida, uma boca omnívora, uma floresta que permanece virgem, a cratera do meu desejo, um vaso cheio de perfumes, um instrumento musical (se me sinto flauta sentes-te violoncelo), o princípio da criação humana, um rio que se outra em cada momento, a montanha que sobes quando julgas descer, um jardim imprevisível, a matéria de que são feitos os sonhos, o chão renovado onde caio e o céu evanescente para onde voo; um corpo é luz, um corpo é luz nascendo durante a mais paciente das mortes, e amo-te sem saber se és sonho ou realidade, nem quero saber. Um corpo é um enxame de climas, o mistério do seu passado, o enigma do seu futuro. Mas o corpo, o corpo amado, é sobretudo o chão que vou amar de novo, a carne viva do meu prazer, e dele vou retirar (e ele do meu) o começo de uma vida nova e o gozo incandescente de viver nela como quem mergulha num lago, que deflagra e me transforma noutras coisas, que às vezes me transforma num deus. Um pobre deus que se dobra sobre o altar do teu corpo, virgem sempre e cheio de memória.


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A tua nudez, a promessa de um paraíso.


Casimiro de Brito

Reflexões sobre mundo digital e subjetividade

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O objetivo deste ensaio é apresentar questões urgentes a respeito da relação entre o mundo digital que configura a sociedade atual, a partir do avanço ao acesso às tecnologias computacionais, e a emergência de subjetividades específicas que respondem antropologicamente aos aparatos que fomentam sua realização. Levo à reflexão crítica o conceito de digital a partir da ideia de dígitos, sua lógica matemática clássica e contraposição ao analógico, avançando para a ideia insurgente de computação quântica, e enfatizo a necessidade de se pensar essas questões a partir de uma teoria crítica da tecnologia. Prossigo com aspectos históricos do desenvolvimento dos meios de comunicação, que ajudam a compreender como, embora cada nova tecnologia de comunicação tenha surgido com a promessa de emancipação e liberdade, tal promessa jamais foi realizada, na medida em que o modo de produção em voga direciona seu desenvolvimento em prol de sua manutenção. Tal direcionamento não ocorre apenas para com os artefatos, mas com eles e por meio deles, também em relação ao desenvolvimento das subjetividades aqui e agora, no surgimento dos computer people como tipo antropológico da sociedade digital, correlato à geração do rádio, pensado por Theodor W. Adorno nos anos 1930. Finalizo com as possibilidades de práxis frente às questões colocadas. 
Para ler o texto completo de Deborah Christina Antunes clique aqui

Comer, ato político

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Está no ar joio e o trigoSite jornalístico sobre os sentidos da alimentação, e da tentativa de submetê-la à ditadura de um punhado de megacorporações, não é sobre como comer (bem ou mal), nem sobre dietas da moda. Tampouco quer repercutir a última pesquisa provando que o alimento X provoca o efeito Y em nosso organismo. E, menos ainda, difundir ingredientes milagrosos. Esse é um projeto sobre comer como ato político, com profundas implicações sociais, econômicas e ambientais. 
Para ler o texto completo de João Peres Moriti Neto clique aqui

O(a) intelectual em tempos de internet: a ética do(a) trabalhador(a) online

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Intelectualidade administrada, intensificação do trabalho docente, adoecimento docente e a semiformação da produção intelectual são algumas das reflexões a serem abordadas neste ensaio em relação aos possíveis redimensionamentos na organização social do trabalho docente de carreira superior, sobretudo em tempos de globalização da internet e de ferramentas tecnológicas de trabalho, como: E-mail, WhatsApp e Facebook – que permitem e impõem a conexão dos docentes em tempo integral. Estamos diante de um novo tipo de trabalhador(a): o(a) intelectual online. Neste ensaio, produzimos alguns conceitos para refletirmos a respeito da semiformação do produtivismo acadêmico fundamentado em uma espécie de mentalidade do ticket “às avessas” e a produção do que optamos por nomear de “preconceito integrativo”. Desse modo, os conceitos elaborados neste ensaio são: “Tempo Stand by”, “Pré-atenção induzida”, “Hiperatenção fluida”, “Intelectual online”, “(Auto)imagem como autoria” e “Preconceito integrativo”. 
Para ler o texto completo de Isabella Fernanda Ferreira clique aqui

A China e o Direito Internacional (I)

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A história do Direito Internacional na China tem duas fases distintas, mas com pontos em comum: 1) a fase de 1949-78, iniciada com o triunfo da revolução liderada por Mao Tsé-Tung (1893-1976) e a posse do novo governo, por ele presidido. Nesta fase, a China foi privada do assento de Membro permanente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), reassumindo-a graças à resolução 2.758 da Assembleia Geral da ONU, de 25 de outubro de 1971; e 2) a fase de 1978-2011, quando a China partiu para amplas reformas econômicas e recuperou sua presença na maioria das organizações multilaterais, onde se tornou ator cada vez mais ativo, inclusive no âmbito do Direito Internacional, invariavelmente muito polêmico nas altas esferas globais. 
Para ler o texto completo de José Monserrat Filho clique aqui

Linguagens - Revista de Letras, Artes e Comunicação v. 11, n. 2 (2017)

Capa da revista

Para ter acesso ao conteúdo completo da Revista de Letras, Artes e Comunicação clique aqui

Documentário "A fábrica de contradições"

No final da premiada obra coletiva assinada por Pedro Pinho e produzida pela Terratreme, A Fábrica de Nada (2017), surge a dedicatória “a todos os trabalhadores da FATELEVA”, uma fábrica de elevadores, como a do filme, que entre 1975 e 2016 funcionou “numa experiência ímpar de autogestão”

No trânsito entre a ficção e o documentário, o cinema e a política, as contradições vão surgindo, entre virtudes e defeitos, entrelaçam-se e surgem nós: o risco de um presente enredado em si mesmo está sempre lá. 
Para ler o texto completo de Sofia Roque clique aqui

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

"Oh meu Amado!..." - Rumi

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Oh meu Amado!
Leve-me
Liberte minha alma
Me preencha com seu amor
e liberte-me dos dois mundos.
Se eu colocar meu coração
Em algo mais que não você
Oh fogo, me queime por dentro!
Oh meu amado
Leve tudo o que eu quero
Leve tudo o que eu faço
Leve tudo
e leve-me para você.


Rumi

Descolonizando as Mentes

Frame do vídeo 'merci beaucoup, blanc', de Musa Michelle Mattiuzzi

Os movimentos de Libertação Nacional dos países africanos conquistaram a independência das nações que foram, durante mais de 400 anos, colonizadas por Portugal. Ao derrotarem o projeto colonial português, vencendo a opressão e a violência, conquistaram para o povo de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe o direito à dignidade, o direito de existir em liberdade e democracia. Embora vitoriosos no combate ao colonialismo e à ditadura fascista do Estado Novo, a independência e a descolonização não venceram o racismo. O racismo em Portugal é estrutural e encontra-se profundamente enraizado na sociedade. Esta é uma pesada herança do período colonial. 
Para ler o texto completo de Beatriz Gomes Dias clique aqui

A sociedade dos afetos regredidos

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Num tempo de sensibilidades afloradas, certas emoções ocupam o centro da política. É neste ambiente que grupos primitivos porém hábeis em manipulação de afetos, como o MBL, tentam emergir.
Para ler o texto completo de Fran Alavina clique aqui

Zélia Duncan & Zeca Baleiro: "Seria"

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Para assistir à interpretação de "Seria" nas vozes de Zélia Duncan & Zeca Baleiro clique no vídeo aqui

Ondas do Oriente na Mostra de São Paulo

O drama dos refugiados, em "Human Flow", de Weiwei

Um diretor chinês, um coreano e outro taiwanês agitam a 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo; mas há outras e boas apostas (inclusive do Brasil) num mar de 394 filmes.
Para ler o texto completo de José Geraldo Couto clique aqui

Para conhecer o "niilismo humanista" de Camus

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Sai a reedição, em português, de onze obras do escritor franco-argelino, Nobel de Literatura. Combatente do nazismo, e crítico da esquerda de seu tempo, ele acreditava que a tarefa de sua geração era salvar o mundo.
Para ler o texto completo de Eduardo Nomomura clique aqui

Câmara samba na nossa cara e salva Temer mais uma vez


Sucesso em plena ditadura militar, o samba-brega “Tudo está em seu lugar” de Benito di Paula causou desconfiança à época. Não só pela qualidade duvidosa, mas pelo conteúdo da letra. O refrão repetido exaustivamente “Tudo está no seu lugar. Graças a Deus” cheirava mal numa época em que tudo estava fora do lugar e apenas os militares e sua claque reacionária tinham motivos para agradecer a Deus. Benito nega a intenção e diz que o tema foi inspirado em Ziraldo, que repetia a frase ao fim de algum trabalho em tom de alívio.  
Para ler o texto completo de João Filho clique aqui

domingo, 29 de outubro de 2017

"Uma noite sem você " - João Linhares

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Uma noite sem você 

Uma estrela brilha na brecha da noite
Clareando o calabouço da minh' alma
No escuro e sem você
eu perco a calma
Hora amarga que me encharca
em seu açoite
A paixão me esquartejando com sua foice
E a garganta vomitando um grito rouco
Chamei tanto que eu quase fico louco
Quis mostrar um pouco do meu sentimento
Que uma noite sem você é muito tempo
E uma vida com você é muito pouco


A saudade incendiando a madrugada
No silêncio queima a chama da alegria
Inda lembro de você naquele dia
Me beijando, me dizendo que me amava
Te amei tanto que eu não imaginava
Que sozinho ficaria triste e oco
Quando o mundo me chamava
eu tava mouco
Galopando no vagão do pensamento
Que uma noite sem você é muito tempo
E uma vida com você é muito pouco

João Linhares

O mundo é o que a gente come - quem inventou a cesta básica?

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Em tempos de ração humana, você já se perguntou qual é a origem da famigerada cesta básica? Quem define sua composição? Quem determina o que é básico, e baseado em que? 
Para ler o texto completo de Djalma Ner clique aqui

Drogas e capitalismo nas Américas (3): opiáceos e hipocrisia

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EUA vivem uma explosão brutal das mortes por overdose – mas a polícia não mexe um dedo. Motivo: a causa é uma droga que rende bilhões de dólares à indústria farmacêutica.
Para ler o texto completo de Paulo Pereira clique aqui

Projeto da Coincidência. 20 fotos tiradas no momento certo

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Denis Cherim quis olhar para o mundo de um modo diferente. E conseguiu: foi para a rua encontrar coincidências nas coisas que nos rodeiam. O resultado é "Projeto da Coincidência". Olhe lá duas vezes clicando aqui

Ladislau Dowbor: e os bancos sugam a riqueza do mundo

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Em vídeo-palestra, autor de “A Era do Capital Improdutivo” expõe os mecanismos que permitem à oligarquia financeira produzir desigualdade máxima, devastar a natureza e inviabilizar a democracia.
Para ler o texto de Ricardo Machado e assistir ao vídeo de Ladislau Dowbor clique aqui

A verdadeira liberdade

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A verdadeira liberdade

Alex Castro
14/10/2107
Se a liberdade é simplesmente podermos realizar esses desejos que pipocam dentro de nós, vindos sabe-se lá de onde, então, a pessoa dita livre não passa de um veleiro à deriva, indo para lá e para lá ao sabor dos elementos. Mas a liberdade não está nas velas ou nas marés: está em não ser refém dos meus apegos e das minhas compulsões, dos ventos que me sopram ou das correntes que me puxam. A verdadeira liberdade é poder decidir para onde vou navegar esse barco. A verdadeira liberdade é o leme.

 Liberdade não é eu ver uma foto impossivelmente deliciosa de carne prensada entre duas fatias de pão, e ter a renda e a disponibilidade de me deslocar até um restaurante, comprar esse produto e consumi-lo. A verdadeira liberdade é não permitir que essa foto, por mais apetitosa que me pareça, determine o que vou fazer a minha vida. Não é adicionar mais técnicas avançadas de autocontrole (“preciso controlar minha gula!”) em cima do controle que o anúncio já exerce sobre mim (“você merece esse sabor!”) mas simplesmente me livrar do controle do anúncio. Não mais autocontrole, menos autocontrole. A gula, a vaidade, a preguiça, se eu não ceder a elas, também desaparecem: posso sentar na estação e não preciso embarcar em nenhum dos trens que passam.
Para muitas de nós, o maior inimigo da liberdade são os muros externos da prisão: queremos que ninguém nos impeça de viajar livremente, de casar livremente, de escrever livremente. Garantir essas importantíssimas liberdades é uma das lutas políticas mais importantes de nosso tempo e de qualquer tempo. Infelizmente, a maioria das pessoas jamais será limitada pelos muros externos pois já introjetaram muros internos mais poderosos e mais eficazes. O que me impede de viajar livremente, casar livremente, escrever livremente sou eu mesmo, meus próprios preconceitos e minhas limitações.
Por exemplo, o que impede pessoas do mesmo sexo de se casarem livremente é o fato de terem nascido e crescido, viverem e pensarem, em uma sociedade homofóbica em sua raiz, homofóbica em cada um de seus aspectos mais elementares, que representa negativamente pessoas homossexuais em todas as esferas políticas, religiosas, culturais. (Todas crescemos “sabendo” que gostar de pessoas do mesmo sexo é pecado. Então, um dia, sentimos os primeiros desejos homossexuais e descobrimos, para nosso horror, que aquela pessoa tão ruim que todo mundo usa como xingamento... somos nós!) Em um contexto sociopolítico como esse, a proibição ao casamento homossexual pode ser vista somente como uma redundância do sistema, um quase desnecessário mecanismo de segurança, um distante muro externo para impedir a fuga das poucas radicais incorrigíveis que conseguem vencer o muro interno.
Se não derrubarmos os invisíveis e socialmente aceitos muros internos, a luta política para tentar derrubar o visível e imponente muro externo será irrelevante, praticamente um capricho bem-alimentado para que a elite pensante e criadora-de-caso se mantenha ocupada — “toma aí essa militância política pra você brincar”. A luta contra o muro externo é, em larga medida, irrelevante porque, na prática, o muro externo é irrelevante: ele só está lá como símbolo concreto do nosso conformismo, um monumento à nossa mansidão. Contra um povo que derrubou seus muros internos, não mais controlado pela publicidade, não mais refém de suas compulsões, não mais apegado aos seus preconceitos, o muro externo não duraria cinco minutos. Não era o Muro de Berlim que impedia ninguém de nada: era o medo. Quando acabou o medo, o muro caiu na mesma noite.


Liberdade não é se livrar de controles externos: é se livrar dos controles internos, das compulsões desse Eu tão cheio de vontades, e perceber que sempre fomos livres. Se a liberdade não fosse nosso estado natural, não seria necessário gastar tanto dinheiro para nos convencer que xarope de cola com açúcar é gostoso. Infelizmente, muitas das pessoas mais livres e destemidas da Alemanha Oriental foram fuziladas contra o Muro de Berlim. Ser livre pode ser perigoso, mas é sempre melhor do que ser escrava – mesmo que apenas escravas de nós mesmas, escravizadas pelos delírios e pelas compulsões desse Eu que inventamos.

Fonte: Aqui

António Lobo Antunes. Não é o que se escreve, é a forma como se escreve


Lobo Antunes é virtuoso e sabe o que resulta e não resulta, daí que os seus romances e as suas entrevistas muitas vezes pareçam best-ofs de romances e entrevistas anteriores. 
Para ler o texto completo de João Pedro Vala clique aqui

sábado, 28 de outubro de 2017

"Dueto" - Chico Buarque

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Dueto
Consta nos astros, nos signos, nos búzios
Eu li num anúncio, eu vi no espelho
Tá lá no evangelho, garantem os orixás
Serás o meu amor, serás a minha paz
Consta nos autos, nas bulas, nos dogmas
Eu fiz uma tese, eu li num tratado
Está computado nos dados oficiais
Serás o meu amor, serás a minha paz
Mas se a ciência provar o contrário
E se o calendário nos contrariar
Mas se o destino insistir em nos separar
Danem-se os astros, os autos, os signos, os dogmas
Os búzios, as bulas, anúncios, tratados, ciganas, projetos
Profetas, sinopses, espelhos, conselhos
Se dane o evangelho e todos os orixás
Serás o meu amor, serás, amor, a minha paz
Consta na pauta, no Karma, na carne
Passou na novela, está no seguro, picharam no muro
Mandei fazer um cartaz
Serás o meu amor, serás a minha paz
Mas se a ciência provar o contrário
E se o calendário nos contrariar
Mas se o destino insistir em nos separar
Danem-se os astros, os autos, os signos, os dogmas
Os búzios, as bulas, anúncios, tratados, ciganas, projetos
Profetas, sinopses, espelhos, conselhos

Chico Buarque 

Para assistir à interpretação de "Dueto" nas vozes de Chico Buarque e de sua neta Clara clique aqui

A prática do comum e a necessidade de inimigos


A virada moralista que tomou conta do Brasil nos últimos tempos é apenas uma negação recorrente da importância e do valor do que é comum. 
Para ler o texto completo de Christian Dunker clique aqui

Assim seria a Europa se todos os independentismos ganhassem


Se todas as causas independentistas da Europa vingassem, este seria o novo mapa europeu. Centenas de novos países apareceriam no continente, mas Portugal manteria as suas fronteiras históricas. 
Para ler o texto completo de João Francisco Gomes clique aqui

IL DIVO: tributo a Elvis Presley!

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Il Divo é um talentoso quarteto musical formado por cantores de diversas nacionalidades que tem feito muito sucesso mundo afora. Eles combinam ópera e música clássica com estilos musicais modernos, como pop e rock, e difundiram internacionalmente um estilo chamado de crossover clássico. Nesta apresentação interpretam a bela canção "Can't Help Falling In Love" de Elvis Presley. Para assisti-la clique aqui

O país traumatizado e a pessoa errada

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O Brasil é um dos países mais violentos do mundo. Compreensivelmente, quer um governante capaz de mudar isso. Não poderia haver alguém pior que Bolsonaro. 
Para ler o texto completo de Denis R. Burgierman clique aqui

Aula como experiência revolucionária

Aula como experiência revolucionária

Professores constituem uma classe social, não apenas profissional. Professores são trabalhadores como quaisquer outros e cada vez mais oprimidos. O rebaixamento histórico dos salários dessa classe é parte fundamental de um projeto que busca a aniquilação da educação por meio de sua desvalorização. O desvalor econômico vem a ser o corolário de um desvalor conferido pelo sistema capitalista à atividade de formar e educar. 
Para ler o texto completo de Marcia Tiburi clique aqui

Libertação

fotografia de Bruno Simão

Com este espetáculo termina o ciclo dedicado pela companhia Hotel Europa ao fim do colonialismo português. Nesta triologia temos trabalhado numa linguagem de teatro documental pós-colonial, contestando o pensamento e discurso colonial. Tem sido particularmente importante nomear e discutir os dogmas do lusotropicalismo de Gilberto Freyre que, nos anos 50, se tornou a bandeira do Estado Novo para defender internacionalmente a presença de Portugal em África. Esta ideologia marca ainda o nosso presente e está profundamente enraizada na sociedade portuguesa que olha o colonialismo português como “bom colonialismo”.   
Para ler o texto completo de André Amálio clique aqui

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

O pedaço de chocolate!

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Nascida em 1933, Francine Christophe foi deportada com sua mãe para o campo de concentração de Bergen-Belsen em 1944. Liberada no ano seguinte, ela nunca mais parou, desde então, de dividir suas experiências e lembranças, sobretudo com as gerações mais jovens.
Para assistir ao seu impressionante e surpreendente testemunho clique no vídeo aqui

O que não aprendemos com a Revolução Russa


Parece-me, por vezes, que alguns celebram a Revolução Russa para melhor esquecê-la. 
Para ler o texto completo de Mauro Luis Iasi clique aqui

Julián Fuks venceu o Prémio José Saramago com o seu exílio herdado - e com o seu irmão adoptivo

RODRIGO ANTUNES/LUSA

O escritor brasileiro, filho de pais argentinos, foi distinguido pelo romance A Resistência, editado em 2016 pela Companhia das Letras. 
Para ler o texto completo de José Riço Direitinho clique aqui

Leia “Julián Fuks vence Prémio Literário José Saramago” clicando aqui

Por que sonhamos - e por que os sonhos se repetem?

Todo mundo sonha, mas fenômeno ainda é um mistério

Você está no prédio de uma multinacional. Entra na sala do conselho, onde se depara com o diretor executivo rodeado de outros empresários. Estão todos prontos para entrevistar você para uma vaga de emprego. Mas logo você se dá conta de que se esqueceu de colocar a roupa e está completamente nu. Calma, foi só um sonho. E se há algo que os seres humanos têm em comum são as experiências oníricas - e as tentativas de interpretá-las ao acordar. Mas afinal, por que sonhamos? E por que os sonhos se repetem? 
Para ler o texto completo clique aqui

Cultura Inútil: Inferno!


Mouzar Benedito reúne as melhores frases e ditados sobre o inferno em nova coluna da série "cultura inútil"! 
Para ler seu texto clique aqui

O Comum é a revolução, dizem Dardot e Laval

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Num mundo agora submetido à razão neoliberal, não há mais como negociar com o capitalismo. Só uma nova razão poderá evitar o pesadelo tirânico. Ela exige ruptura.
Para ler o texto completo de Christian Laval e Pierre Dardot clique aqui

Fotógrafo registra retratos de mulheres da Coreia do Norte


Rafael Stédile visitou Pyongyang e Hyangsan: Foram retratos apressados, não havia muita chance de construir a foto com calma: além da barreira da língua, tínhamos um roteiro de certa forma cronometrado'. 
Para ler o texto completo de Rafael Stédile e ver as fotos clique aqui

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

COLETÂNEA: Territórios da docência no ensino superior

TERRITÓRIOS DA DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR

Que interrogações provoca a leitura das análises dos textos sobre territórios da docência universitária? Não cabe uma leitura única, quando nos aproximamos desses Territórios. São tão diversos quanto a diversidade de experiências da docência, do trabalho docente-educador. Diversidade que produz uma rica e tensa polifonia de saberes, valores, culturas, identidades docentes-educadoras nos territórios das universidades e das escolas de educação básica.
Para ter acesso a algumas informações relevantes sobre esta obra clique em Sumário. Logo abaixo deste surge o texto de Apresentação da Coletânea organizada por Maria Auxiliadora Fidelis Barboza, Inês Assunção de Castro Teixeira e Marília do Perpétuo Socorro de Lima Costa.
Nesta coletânea, José de Sousa Miguel Lopes, o autor do blog, tem um texto “Cinema e docência universitária”.


O conforto dos teus braços" - João Linhares

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O conforto dos teus braços

 

Oito horas de voo num Concorde
Cinco dias num barco mar adentro
Sete noites dormindo ao relento
Sete ciganas lendo a minha sorte
Quatro dias, em pé, no trem da morte
Vinte léguas montado num jumento
Sete mil flores no meu pensamento
E eu trilhando os últimos espaços
Pra ficar no conforto dos teus braços
Qualquer coisa no mundo eu enfrento

Valentia de pai ou de irmão
Concorrência com o astro do momento
Temporal, tempestade, chuva e vento
Holocausto, hecatombe e tufão
Desemprego, palestra e sermão
Tititi, coqueluche, casamento
Pé de ponte, mansão, apartamento
Paparazzi, sucessos e fracassos
Pra ficar no conforto dos teus braços
Qualquer coisa no mundo eu enfrento

Ladroíce, mutreta, malandragem
Álcool, droga, barato, passamento
Amnésia, larica, esquecimento
Roubalheira e má politicagem
Cabaré, palacete, sacanagem
Fome, greve, motim, acampamento
Confusão, batalhão, fuzilamento
Reclusão, solidão, sonho aos pedaços
Pra ficar no conforto dos teus braços
Qualquer coisa no mundo eu enfrento

 

João Linhares

Mundo tem 264 milhões de crianças fora da escola, diz Unesco


Após queda nos anos 2000, número de crianças fora da escola estagnou; relatório aponta Plano Nacional de Educação do Brasil como exemplo de diálogo com sociedade civil, mas também cita desvios de recursos no país. 
Para ler o texto completo clique aqui

Lendário cantor e pianista americano, Fats Domino morre aos 89 anos

Getty Images

Lendário cantor e pianista americano, Fats Domino morreu nesta quarta-feira (25) aos 89 anos em Nova Orleans, cidade em que nasceu e viveu seus últimos anos. 
Para ler o texto completo clique aqui

Leia “Morreu Fats Domino, lenda do rock and roll” clicando aqui
Leia “Perdemos Fats Domino, o génio discreto do rock'n'roll” de Mário Lopes clicando aqui

Por que o nome do presidente entrou na Constituição do Partido Comunista Chinês

Xi Jinping

Mudança inaugura ‘nova era’ chinesa, marcada por influência política e militar crescente no mundo. 
Para ler o texto completo de João Paulo Charleaux clique aqui

Quem faz mais pelo clima na América Latina?

Desmatamento no estado do Pará: taxa de desmatamento está 70% acima da meta de 2020

Desde que Acordo de Paris passou a valer, mexicanos saem na frente na luta contra mudanças climáticas. Pequenos e disciplinados, Chile e Costa Rica também são destaque. Mas Brasil, maior poluidor, se afasta da meta. 
Para ler o texto completo clique aqui

Caso Battisti: uma decisão difícil, mas sensata


Classificar os crimes de Battisti como crime comum é mudar a história, aceitar uma ficção que a Itália incorporou ao discurso político dominante e a suas leis. 
Para ler o texto completo de Haroldo Ceravolo Sereza clique aqui

terça-feira, 24 de outubro de 2017

"Cabelos ao vento" - LibeLua


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Cabelos ao vento

Desemboquei neste poema à beira-mar
navegando nas palavras naufragadas
e uma onda inquieta no horizonte
rouba o teu corpo ao vazio da madrugada
e há um silêncio de talhas entornadas
rosas adornando esta massa solta ao vento
os cabelos que afagavas ternamente
estes búzios encrespando os seios sedentos
este intimismo e a boca alucinada de desejo
sinto o perfume do meu cabelo nos teus dedos
o roçar dos teus dedos nos meus lábios secos
a vela, o mastro e o teu velejar sedento
quando amar-te era deixar que te perdesses
no aroma fresco do meu cabelo ao vento
mas o mar conta naufrágios e segredos
e o nosso romance, amor, acabou cedo...
já o farol incendeia estes cabelos revoltados
como se um magma ardente os tivesse aflorado
e este poema fosse a crina de um cavalo
roçando o linho do meu corpo afogueado
cortarei meus cabelos para que o vento os leve
talvez fuga, talvez rodopiar não chegue
para espalhar o seu perfume nos teus dedos
como barca atravessando memórias de mar
para te dizer, amor: para quem ama o impossível
o regresso nunca entardece... Por isso hoje acendi
esta fogueira no areal dos meus versos ...
e o meu corpo é cetim perverso que a noite adensa
a nossa ceia esfria, o desejo à minha boca aflora
e a ausência, meu amor, rasga com dentes de fera
Corpo, ondas soltas na maresia do desejo.
Ausência, a morte atenta que me embranquece o olhar...
Prazer, soltar ao vento o corpo e os cabelos
e espalhar em ti o meu perfume de mulher...

LibeLua

E se a recuperação de Porto Rico fosse planejada pelos porto-riquenhos?

SAN ISIDRO, PUERTO RICO - OCTOBER 17:  Gladys Francisco stands in front of her destroyed home after U.S. soldiers unloaded food and water, provided by FEMA, to residents in the neighborhood still without grid electricity or running water on October 17, 2017 in San Isidro, Puerto Rico. The food and water delivery mission included U.S. Army, U.S. Coast Guard and Puerto Rico Hacienda forces. Residents said this was the first official governmental delivery of food and water to the community, nearly four weeks after the hurricane hit. Puerto Rico is suffering shortages of food and water in areas and only 17.7 percent of grid electricity has been restored. Puerto Rico experienced widespread damage including most of the electrical, gas and water grid as well as agriculture after Hurricane Maria, a category 4 hurricane, swept through.  (Photo by Mario Tama/Getty Images)

É difícil chocar os porto-riquenhos. Eles não se chocaram quando o presidente dos Estados Unidos atirou rolos de papel toalha para a multidão. Nem quando Donald Trump várias vezes agrediu verbalmente a prefeita de San Juan por ousar brigar pelas vidas de seu povo, ou ameaçou, com as piores desculpas, deixar de ajudar a ilha nesse momento de necessidade. 
Para ler o texto completo de Elizabeth Yampierre e Naomi Klein clique aqui

Revolução Russa: mitos, erros e atualidade (1)

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Num livreto didático — porém instigante e não-convencional — o significado histórico de Outubro de 1917, os descaminhos do socialismo primitivo e uma aposta: superar a ditadura dos mercados é mais necessário que nunca.
Para ler o texto completo de  Eduardo Mancuso clique aqui

Por que o Brasil precisa de mais impostos

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Coordenador de campanhas da Oxfam desafia o senso comum e dispara: num país marcado pela desigualdade, é preciso tributar os ricos e aumentar fortemente o gasto social. 
Para ler a entrevista de Rafael Georges clique aqui

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