quarta-feira, 16 de março de 2016

Universidade do Estado de Minas Gerais: Demissão em massa, salários reduzidos, calote de férias, 1ª colocada não admitida


UEMG: Demissão em massa, salários reduzidos, calote de férias, 1ª colocada não admitida

Hudson Lacerda

Após dispensar 92% de seus professores em 31/12/2015, a UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais) ficou com apenas 127 professores estáveis. Por quase dois meses, unidades ficaram sem coordenadores, sem chefes de departamentos, e mesmo sem diretores e vice-diretores. Até servidores recém designados, que poderiam ter seus contratos renovados por mais um ano, foram desligados. Servidores afetados pela Lei 100/2007 saíram sem sequer receber o pagamento de férias; a UEMG ficou praticamente sem pessoal; e o governo economizou na folha de pagamento.
Então, às pressas, foi realizado um Processo Seletivo Simplificado.
(PSS) para designar temporariamente outros professores. Por falta de professores efetivos suficientes para realizar as avaliações no formato tradicional, a seleção fez-se apenas por análise dos currículos dos candidatos.
Nesse processo, chamam a atenção pelo menos dois incidentes recentes:
Primeiro, houve o caso de uma candidata que foi classificada em 1ª para uma vaga na Escola Guignard, mas não foi designada para o cargo. Ela obteve 91 pontos, a terceira maior pontuação na unidade. Sentindo-se injustiçada, a Profª Rosvita escreveu uma carta aberta que pode ser lida em:
O segundo incidente foi que os Editais foram alterados após a seleção, após os resutados finais, após a designação de classificados (sem a Profª Rosvita!) e após o primeiro mês de trabalho dos designados.
Para ser mais exato, o Editais foram alterados no dia do primeiro pagamento (07/03/2016), com a informação de que as remunerações seriam menores do que inicialmente anunciado. Veja-se o Documento 5, Errata de
Certo é que eu nunca vi nem ouvi falar de errata em edital de seleção aparecer depois da seleção, depois dos resultados finais, depois da contratação e depois do primeiro mês trabalhado!
Para além desses incidentes, é importante saber que a UEMG, que passa por franca expansão em número de unidades, ainda precisa regularizar a situação de seus servidores, contratados de forma precária. Nunca houve concursos públicos para cargos efetivos, excetuadas algumas raríssimas vagas a partir de 2009. (Ao contrário da educação básica, na UEMG não há concursados aguardando nomeação.) Em mais de duas décadas de existência da universidade, nenhum governo cumpriu a promessa de realizar concursos -- promessa ouvia ao longo de todo esse tempo, juntamente com a promessa da construção do “Novo Campus”.
Os professores afetados pela Lei 100 foram, primeiramente, alvo de calote de suas contribuições para a Previdência, então usados para salvar as contas de Aécio/Anastasia, agora outra vez usados para salvar as contas de Pimentel, jogados no lixo sem sequer receber pagamento do rateio de férias. Aqueles que retornaram designados amargam perdas salariais de mais de 40%, e, agora, são surpreendidos com essa informação de a remuneração é menor do que a prometida.
O calote das férias mereceria um texto à parte. Vários colegas telefonaram para o Departamento de Recursos Humanos (DRH) da UEMG para saber por que não foi pago no início de 2016 o valor das férias do ano de 2015; a resposta que obtiveram é que ele já teria sido pago em janeiro de 2015, porque as férias são pagas antes do ano trabalhado...!!! Eu, no entanto, ao invés de telefonar, fiz a pergunta por escrito. Não sei por quê, após diversas tentativas, não obtive resposta nem da SEPLAG, nem do setor de pagamento, nem do DRH da UEMG.
Continuo aguardando que a SEPLAG analise e responda objetivamente o que aconteceu. O Sind-UTE/MG também tem cobrado do governo Pimentel que pague essas férias:
Enquanto isso, a UEMG continua com 92% de professores temporários, sem infra-estrutura adequada, com funcionários mal remunerados (os servidores técnico-administrativos não são promovidos quando se qualificam), unidades sem prédios próprios, funcionando em locais cedidos ou alugados, ou simplesmente inadequados, sem professores efetivos suficientes para assumirem pesquisas, direções, chefias e coordenações, cargos que são ocupados por bravos designados (sem remuneração ou norma para isso). Além de tudo, e apesar de tudo, a UEMG seguiu ao longo do tempo agregando novas unidades, triplicando suas despesas, sem resolver os antigos problemas das unidades preexistentes e descartando professores que construíram as histórias de cada unidade (nova ou antiga).
Que venham dias melhores para a Universidade do Estado de Minas Gerais, seus funcionários, professores e estudantes.
Para mais informações sobre a situação da UEMG, recomendo a leitura deste texto da Profª Liliana Borges:
Hudson Lacerda - www.hudsonlacerda.com

1 comentários:

Márcia Siqueira 17 de março de 2016 às 03:21  

Totalmente ilegal a alteração do edital após os resultados finais. Cabe sim uma ação judicial por parte das pessoas "lesadas".

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