"Na Estrada", novo filme de Walter Salles noFestival de Cannes
Cinco anos
de sexo, drogas e jazz, on
the road, na estrada. Depois de amanhã, quarta-feira, 23 de maio, o
filme baseado no livro mítico de Jack Kerouac terá seu primeiro grande teste
internacional, no Festival de Cannes, cercado de muita expectativa – e da
torcida brasileira pelo sucesso de seu cineasta contemporâneo maior. O relato
dessa longa viagem de jovens amigos que atravessam os Estados Unidos nos anos
50, transando, bebendo, escrevendo e delirando em busca da última fronteira
americana, e também de si mesmos e de uma vida mais libertária e menos
burguesa, foi publicado em 1957 – mas só virou filme agora, em 2012, pelo olhar
sensível de um diretor carioca, Walter Salles. No Brasil, o livro On the road – a bíblia
da cultura beatnik, escrita de um fôlego só por Jack Kerouac, morto de cirrose
aos 47 anos – foi publicado sob o título de Pé
na estrada, mas apenas em 1984, durante a redemocratização
brasileira. Porque, antes, era considerado “subversivo”. A estreia em nossos
cinemas foi confirmada para dia 15 de junho. “A primeira atriz que eu
convidei”, diz Salles, “foi a Kirsten Dunst, logo em 2005, ao ser convidado por
Coppola a dirigir o filme. A Kirsten faz a Camille, na vida real Carolyn
Cassady, hoje vivendo na Inglaterra com quase 90 anos (Carolyn foi mulher de
Neal Cassady e vivia um triângulo amoroso e permitido com o melhor amigo do
marido, Jack Kerouac). Sempre fui um fã da precisão que a Kirsten tem, de sua
capacidade de dizer tanto, parecendo fazer tão pouco. Ela é uma camaleoa”. Além
de Kirsten Dunst, a outra lourinha que arrasa no novo filme é Kristen Stewart
(Marylou), da série Crepúsculo
e do filme de Sean Penn, Na
Natureza Selvagem (Into the wild), onde interpreta uma adolescente
de 16 anos. Por todos os lados, em cada esquina de Paris, vemos cartazes de Sur la route (On the road ou Na Estrada). A
divulgação é maciça e profissional. O filme não só participa da competição em
Cannes, mas estreia nos cinemas franceses. Existe uma forte aposta da mídia
especializada, que considera o filme um dos favoritos para a Palma de Ouro em
Cannes – num momento em que a Europa vive uma onda de contestação. Mas Salles
não se deixa envolver por esse favoritismo. “Só desejo”, diz ele, “que o filme
seja tão polêmico quanto o livro e, em vez de despertar unanimidade, crie
opiniões pró e contra. E filmes polêmicos não costumam ser premiados em
Cannes”. Conversei com Salles num café familiar e tradicional da Rive Gauche em
Paris, onde ele é muito mais que um diretor de cinema festejado – é um cliente
fiel, um vizinho simples e afetuoso, recebido com beijos e abraços pelos donos
do café. Fã desde os 17 anos de “filmes de estrada” (road-movies), Salles
dirigiu Central do Brasil,
com Fernanda Montenegro, e Diários
de Motocicleta, sobre a juventude do Che. Ganhou mais de 140
prêmios internacionais. Para embarcar com seriedade em “Na estrada”, confirmou
sua reputação de perfeccionista: realizou, ao longo de seis anos, de 2005 a
2010, um documentário sobre a vida de Kerouac e os personagens que conviveram
com ele. Um documentário que ainda nem foi editado, mas que deu a Salles a
segurança para embarcar na ficção, e numa história aguardada por uma legião de
adeptos da contracultura beat. A adaptação para as telas, embora seja uma
coprodução europeia, leva o nome do Brasil a uma das maiores vitrines mundiais
do cinema.
Para ler o artigo completo clique aqui
Para ler o artigo completo clique aqui
0 comentários:
Postar um comentário