ENTREVISTA / JON LEE ANDERSON: Censurar diários de Che é “enganação”, diz biógrafo
A supressão de trechos do diário de Che Guevara durante a guerrilha em Cuba,
feita pelo centro de estudos sobre o argentino em Havana para a publicação de um
livro, é uma “enganação histórica”. Quem diz é o biógrafo de Che, Jon Lee
Anderson, que teve acesso aos cadernos disponíveis – há tomos oficialmente
desparecidos – para escrever o seu Che Guevara – Uma Biografia, cuja
primeira edição apareceu em 1997 e agora foi relançada em edição revista pela
Objetiva.
Ao menos dois trechos dos diários foram retiradas do Diário de um Combatente, lançado no ano passado em Cuba e neste mês no Brasil, pela editora Planeta. São duas passagens em que Che executa pessoas durante a campanha para derrubar Fulgencio Batista em 1959. A edição foi preparada pelo Centro de Estudos Che Guevara em Havana, dirigido pela viúva do guerrilheiro, Aleida March, e cobre o período de dezembro de 1956 ao começo de dezembro de 1958 (não há os cadernos para o período de agosto de 1957 a abril de 1958).
Um dos trechos censurados foi a execução de Eutimio Guerra, acusado de traidor pelo grupo de Che e Fidel Castro. “É lamentável. À lupa da história, a execução de Eutimio foi um momento superimportante. […] Foi o tiro que demonstrava que a revolução era para valer”, disse Anderson à Folha. “Não sei o que temem. Foi um crime? Não foi um crime. Isso é o que faz em uma guerra. Não é bonito, ninguém gosta, mas acontece. A partir desse momento, se endurece a revolução e aí se começa a usar a lógica clássica, severa das guerrilhas, de Cuba aos vietcongs. É assim.”
Uma nota de Diários avisa que trechos serão suprimidos por conter juízos de valor “circunstanciais” feitos pelo guerrilheiro, no calor da batalha e entre ataques de asma entre 1956 e 1958. “Cuba não é como outros países. Um punhado de pessoas decide o que os demais vão saber”, segue. “Esperava-se que 53 anos depois pudessem ser consequentes com a sua própria história. O bonito dos diários de Che Guevara é que mostram ele antes de ser homem público.”
O jornalista da New Yorker diz que “não sabia o que esperar” da edição preparada pelo centro cubano, mas diz que a operação de retirar trechos não chega a surpreender. Ele conta que até meados de 2000 os cubanos jamais haviam visto uma foto de Che Guevara morto na Bolívia, em 1967. Para ler os principais trechos da entrevista de Jon Lee Anderson clique aqui
Ao menos dois trechos dos diários foram retiradas do Diário de um Combatente, lançado no ano passado em Cuba e neste mês no Brasil, pela editora Planeta. São duas passagens em que Che executa pessoas durante a campanha para derrubar Fulgencio Batista em 1959. A edição foi preparada pelo Centro de Estudos Che Guevara em Havana, dirigido pela viúva do guerrilheiro, Aleida March, e cobre o período de dezembro de 1956 ao começo de dezembro de 1958 (não há os cadernos para o período de agosto de 1957 a abril de 1958).
Um dos trechos censurados foi a execução de Eutimio Guerra, acusado de traidor pelo grupo de Che e Fidel Castro. “É lamentável. À lupa da história, a execução de Eutimio foi um momento superimportante. […] Foi o tiro que demonstrava que a revolução era para valer”, disse Anderson à Folha. “Não sei o que temem. Foi um crime? Não foi um crime. Isso é o que faz em uma guerra. Não é bonito, ninguém gosta, mas acontece. A partir desse momento, se endurece a revolução e aí se começa a usar a lógica clássica, severa das guerrilhas, de Cuba aos vietcongs. É assim.”
Uma nota de Diários avisa que trechos serão suprimidos por conter juízos de valor “circunstanciais” feitos pelo guerrilheiro, no calor da batalha e entre ataques de asma entre 1956 e 1958. “Cuba não é como outros países. Um punhado de pessoas decide o que os demais vão saber”, segue. “Esperava-se que 53 anos depois pudessem ser consequentes com a sua própria história. O bonito dos diários de Che Guevara é que mostram ele antes de ser homem público.”
O jornalista da New Yorker diz que “não sabia o que esperar” da edição preparada pelo centro cubano, mas diz que a operação de retirar trechos não chega a surpreender. Ele conta que até meados de 2000 os cubanos jamais haviam visto uma foto de Che Guevara morto na Bolívia, em 1967. Para ler os principais trechos da entrevista de Jon Lee Anderson clique aqui
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