quarta-feira, 10 de agosto de 2011

quando o sub-mundo surge em nossa janela


As recentes manifestações em Londres e a sua repercussão nas mídias, provocam reflexões a respeito de como os grandes veículos de comunicação (não)percebem as recentes mudanças socio-politicas pelo mundo e que o uso de velhos jargões ou conceitos não conseguem dar conta destas significações.

Vladmir Safatle analisa a postura alienada da intelligentisia que não consegue analisar o fenômeno e continua a construir personagens, como um folhetim barato, colocando vândalos, manifestantes de direitos sociais e saqueadores como baderneiros e meros criminosos. Ainda é muito cedo para se compreender as reais repercussões destas manifestações, mas e possível ver que a grande mídia procura sempre a busca pelo grande vilão.

A crise do capitalismo mundial, a perda da perspectiva da juventude e as constantes brigas contra os imigrantes não são analisadas em todo o seu espectro. A primavera árabe  foi vista pelas televisões e coberta por alguns blogs e por emissoras mais engajadas em compreender este fenômeno da luta social pela democracia mas, e quando revoltas surgem no ocidente desenvolvido? 
Anders Behring Breivik seria realmente um mero terrorista? Um psicótico? É dificil analisar seu ato enquanto um movimento muito bem pensado e estruturado politicamente. Ao buscar desvelar questões, lidamos também com o medo de estarmos perto do fim de um ideal social que cidadania e sociedade, que alguns dizem, foi construído ao longo da história do homem.

O retrato que temos é de um sujeito frio e com requintes de egolatria. Sim, pode-se pensar que seu ato possui propostas muito claras: xenofobia  e ódio que foi construída em um documento de mais de mil páginas. 

Qual a relação destes dois eventos? Eles nos alertam sobre o que ocorre do outro lado do muro. Assim como Maria Antonieta não ouvia os sons que viam das ruas, parece que a grande mídia está num processo de não compreensão e atordoamento das manifestações que estão acontecendo na internet. Annonymous, wikileaks, Primavera árabe e até Breivik. Enquanto as maninfestações sociais movimentadas pela juventude não for analisada e entendida enquanto contra-corrente do pensamento hegemônico, onde as análise perpassam pela mera compreensão através das lentes dos mesmos "articulistas" de sempre, as pessoas permanecerão sem a real noção das inquietações que ocorrem no mundo. 

Claro que não existem apenas os bem-intencionados no mundo virtual, bem longe disso. Mas,ao dedicarmos uma maior atenção aos caminhos tortuosos deste universo, consegue-se compreender e lutar contra certos atos e não meramente nos chocarmos quando vemos o apoio de políticos europeus aos atentados de Breivik. Muito ainda irá surgir dessas lutas de Londres, as ruas ainda estão em chamas e essas marcas não foram abertas agora...

Fotos das manifestações em Londres

Assista ao vídeo do sociólogo Silvio Caccia Bava e experiencie quando a grande mídia é pega na controvérsia doa entrevista ao vivo e não encontra a reverberação de suas idéias na voz dos especialistas. 




Pânico nas ruas de Londres
Pânico nas ruas de Birmingham
Eu me pergunto
Poderia a vida ser sã novamente
(Morrissey, The Smiths)

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