domingo, 2 de setembro de 2018

Nelson Saúte: Relembrando José Pastor Duarte Silva, o admirável escritor moçambicano

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Viera de Cuba, a ilha de Fidel e da revolução mítica das Caraíbas, quando o conheci. É preciso dizer que, naquela época, o vocábulo “revolução” não se dissolvera ainda no alvoroço, no tumulto, no turbilhão, na voragem, no remoinho, no vórtice de uma sociedade que transitou da utopia do comunismo para a quimera do capitalismo ou do seu simulacro. Ele era um homem de uma energia contagiante, um conversador empolgado, arrebatado, empolgante, culto e sensível. Punha paixão no que fazia e no que dizia. Nascera em Nampula, a 29 Julho de 1954, no interior da burguesia colonial, por assim dizer, mas declinara os privilégios do passado e renegara a herança portuguesa. Ficara moçambicano. Fora professor, ativista cultural, encenador de teatro, poeta e contista. Praticava o ofício da escrita com denodo, com desenvoltura, e usava pseudônimos como Si Silva ou Broeiro Duarte São Pedro. Não o fazia para dissimular o que quer que fosse. Pareceu-me, antes, que recusava qualquer tentação de exibicionismo. Ou talvez até fosse mesmo por timidez. Apesar de ser um homem com um discurso e com gestos marcados por um expressivo ímpeto, queria resguarda-se. Sempre o fez. Mas exultava quando lhe reconheciam o dom, a mestria, a vocação.  Por vezes, também assinava Duarte Silva. De seu nome de registo, José António Pastor Duarte Silva, publicou em vida pouquíssimos contos e um punhado de poemas, que assinou como José Pastor, e que denunciam um escritor admirável. Hoje ninguém fala dele. A pátria revê-se no ominoso esquecimento dos seus, sobretudo os melhores. Este ano passam 25 anos sobre a sua morte, que ocorreu a 26 de Agosto de 1993. Queria aqui lembrá-lo, sabendo que não o salvarei do olvido nem da desmemória que fazem parte da ufana e moçambicana desatenção. 
Para ler o texto completo de Nelson Saúte clique aqui

CURIOSIDADE: Este blog publicou até ao momento 872 poemas de poetas como Fernando Pessoa, Pablo Neruda, Carlos Drummond de Andrade e muitos outros de vários países do mundo. No entanto, o poema mais acessado é o "Poema" de José Pastor Duarte Siva que pode ser acessado clicando aqui

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