"Mapas astrais" - Maria Teresa Horta
Mapas astrais
Fico a ver-te
traçar
mapas astrais
e desenhares
tempos e lugares
seus negrumes de
orquídea
de céus e espaços
lunares
suas funduras,
raízes
e pétalas de
adamascar
com rosáceas e
cilícios
e de entre todos
os vícios
tu vais colocar os
tigres
equinócios e
solstícios
fico a ver-te
traçar
constelações
cintilares
palavras com seus
matizes
e florestas
distantes
em torno de
lugares esquivos
com neve entre as
estrelas
em busca
dos seus indícios
desenhando e
apagando
com lentidões de
topázio
tuas instáveis
raízes
fico a ver-te
traçar
luas errantes
num disfarce dos
sentidos
para logo os ires
sumindo
com saberes como
ocultar
do teu deus o que
não dizes
da paixão e do
prazer
do gosto que tens
comigo
em lentas
metamorfoses
do etéreo e
incorpóreo
a mudares o
impreciso
na recusa do
ascético
transfigurando,
alterando
transmudando o
individuo
até chegares ao
humano
em humano
convertido
a ganhares corpo
físico
na perda do corpo
místico.
Maria Teresa Horta
0 comentários:
Postar um comentário