quinta-feira, 25 de agosto de 2016

"Prefácio" - Manoel de Barros

Resultado de imagem para A harpa e os poetas

Prefácio
Assim é que elas foram feitas (todas as coisas) —
sem nome.
Depois é que veio a harpa e a fêmea em pé.
Insetos errados de cor caíam no mar.
A voz se estendeu na direção da boca.
Caranguejos apertavam mangues.
Vendo que havia na terra
Dependimentos demais
E tarefas muitas —
Os homens começaram a roer unhas.
Ficou certo pois não
Que as moscas iriam iluminar
O silêncio das coisas anônimas.
Porém, vendo o Homem
Que as moscas não davam conta de iluminar o
Silêncio das coisas anônimas —
Passaram essa tarefa para os poetas.
Manoel de Barros

1 comentários:

Ivi 20 de outubro de 2020 às 15:08  

Eu amo essa poesia e o poeta que vive nela. MANOEL DE BARROS.

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