'Um ódio tão intenso.'. Temos de falar sobre o Kevin. Pós-feminismo e cinema feminino
Este artigo explora o filme de 2011 de Lynne Ramsay, Temos de Falar Sobre o Kevin, no
contexto daquilo que foi designado “novo mamaísmo” e à luz dos principais debates feministas
sobre representação materna, genealogia matriarcal, produção cultural feminista e melodrama
clássico e contemporâneo. O “novo mamaísmo”, argumentaram os críticos, constitui um regresso
pós-feminista à imagem idealizada da feminilidade doméstica que dominou a América
dos anos 50 do século XX. A diferença é que a maternidade intensiva é, agora, vista como uma
escolha iluminada da mulher livre, um argumento que permite mascarar a centralidade continuada
de um dualismo de gênero que determina, quer as nossas estruturas institucionais, quer
as nossas fantasias públicas. Defendendo que o filme de Ramsay deve ser visto como sendo parte
de uma tradição feminista de realização cinematográfica que sujeita a uma reapreciação crítica, quer estas fantasias públicas, quer a forma do melodrama materno em cuja corporalidade
se encontram normalmente inscritas, o artigo analisa pormenorizadamente a exploração, pelo
filme, das questões de identidade feminina, agência e controlo. Ao contrário do que acontece
com os seus antecessores, defende-se, Ramsay convida-nos a habitar a subjetividade fraturada,
o ódio e o sentimento de culpa da mãe nesta exploração. Embora não exista, como afirmou Ramsay,
uma “redenção” fácil no final do filme, o seu fim leva-nos para além das fantasias gémeas
do masoquismo materno pós-feminista e da agência feminista não problemática, no sentido de
uma possibilidade de subjetividade que poderá aceitar, mais do que negar, o incontrolável desarranjo
da corporalidade materna.
Para ler o texto completo de Sue Thornham clique aqui
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