Racismo, futebol e o livre mercado do ódio
Os gritos de “macaco” e “preto
fedido” dirigidos ao goleiro Aranha, do Santos – um dos poucos goleiros negros
nos times de ponta do futebol mundial – colocaram, mais uma vez, o racismo no
esporte no centro do debate público. Vítima de ofensas racistas por parte da
reincidente torcida do Grêmio, Aranha contou em entrevista concedida após o fim
da partida que tentou alertar o árbitro, mas foi ignorado. Na súmula do jogo
não foi feita menção ao episódio e o assistente, por sua vez, relatou que “nada
houve de anormal”.
Assim que o caso ganhou
repercussão nacional, as reações do público, da imprensa e das entidades
esportivas seguiram o script usual:
declarações de dirigentes, treinadores e jogadores condenando a atitude racista
da torcida do time gaúcho; o árbitro emendando posteriormente a súmula para
incluir o ato racista, com o intuito de se precaver de críticas e de eventual
responsabilização jurídica; o linchamento moral de uma torcedora em particular
que, para seu azar, foi flagrada pelas câmaras de TV enquanto gritava na
direção do goleiro santista. A isso se seguiram reportagens mostrando o quanto
a atitude da jovem torcedora gremista surpreendeu seus “amigos negros” (nestes
casos, quase sempre aparecem amigos negros para relativizar o racismo), além, é
claro, de especulações sobre como a justiça desportiva trataria “esse” caso,
como se casos de racismo fossem ocorrências inusitadas.
Para ler o texto completo de Silvio
Luiz de Almeida clique aqui
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