"És a mãe do homem e abres a tua corola ..." - Casimiro de Brito
de mel e sal
quando as minhas línguas te visitam.
Deitada no chão da casa
o teu perfume começa antes da pele
e antes do tapete e antes do barro e da lava
de que são feitas as casas. Recolho em teu húmus
a trepidação da terra e um silêncio de asa.
És a mãe do homem e guardas na cobra do sexo
um pântano onde as rugas mais antigas
se reproduzem. Deitada no chão da terra
pedes à vara solar que não tenha medo,
que regresse a casa. Regressei — e tê-la visto
e tê-la cheirado e ter-me ajoelhado diante dela
foi uma dádiva. E ela, no concerto de mães de outros animais,
afastou as vestes e deu-me leite
e deitou-me por terra e lambeu-me com seus óleos
e mastigou o que me resta do azul do sol.
És a mãe do homem. O vinho que me concedeste
ainda escorre da minha boca — segredo
da fonte fechada
à beira da qual me deito
esperando que se acenda
a lâmpada infinita do desejo.
Casimiro de Brito
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