Caligrafias da existência:narrativas de Moçambique em Mia Couto
Propomos pensar os encontros entre
escrita e oralidade, nas obras Terra Sonâmbula e Um rio chamado tempo, uma casa
chamada terra, do escritor Mia Couto. A terra e o rio são metáforas da
recordação, falas e suportes da existência. Neles se inscrevem caligrafias da
existência, nas quais os espaços da recordação, conforme define Assmann,
aparecem inscritos nas tramas dos
personagens. Esses se
desvelam como metáforas, que se dão na escrita como vestígio da cultura, na
imagem (sobretudo as fotografias, as lembranças e os sonhos), nas escritas do
corpo e na memória dos lugares. Mia Couto inscreve em sua literatura narrativas
sobre Moçambique. Sua literatura se avizinha da oralidade e percorre o chão da
cozinha, de onde ouve histórias contadas aos sussurros, em um mundo doce e
mágico, no qual convivem vivos e mortos, caminhantes e sobreviventes. Nas
letras dos sonhos inscritas nos Cadernos de Kindzu, nas cartas lidas por Mariano,
encontramos as “páginas da terra”, que têm sotaques que pedem para serem
ouvidos. Os corpos se estendem aos artefatos, como a casa, os álbuns de
fotografias, e nos cadernos e nos sonhos se inscrevem as práticas de escrita
das relações e, por assim dizer, da própria memória.
Para ler o texto completo de
Cristina Maria da Silva clique aqui
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