Casimiro de Brito - Sete breves fragmentos do “Livro de Eros ou as Teias do desejo”
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O corpo é a pátria de quem não tem mais nada e, para pátria, basta. Há quem lhe chame mátria. “O meu corpo nu e desarmado, de tão amado“, escrevi não sei onde.
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Um sexo feminino é muito mais expressivo do que um rosto, oferece mais leituras. Os lábios, o botão, a paleta de cores, a humidade, a contracção vegetal, e depois animal, sob o sol do meu olhar. Quando se filma um campo de flores encontra-se este mundo e o outro.
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Está um frio de rachar, os lençóis estão gelados mas contigo dormirei nu. Poderás aquecer-me? Mas, antes de me deitar, vou dar contigo debruçada sobre a cama, a passar com o ferro de engomar o nosso chão de algodão.
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As mulheres e os homens para elas são como as ondas do mar — nascem e depois levantam-se e depois caem, rebentam e acabam em espuma ou suco ou súmula que nunca conhecerão profundamente.
700
Tão frágil, o amor. E no entanto é ele quem governa os melhores dias da nossa vida.
868
Mais do que música de cama o acto sexual é música das estrelas, cósmica — mais do que fogo é luz, mãe primeira da longevidade.
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Como se fosses humana por cima e divina por baixo.
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