sexta-feira, 23 de novembro de 2018

"Soneto à minha amada" - Casimiro de Brito

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Soneto à minha amada

A minha amada é minha mãe e morte —
acolhe-me nos seus braços e me mata
de prazer e de dor. Ata e desata.
Um dia é meu azar e noutro é sorte.
Não há outra mulher que me conforte
quando eu desabo como uma cascata
em seu regaço, a enseada exata,
porto seguro onde eu encontro o norte.
Eu nela principio. Eu nela findo.
Por ela eu choro mas eu choro rindo —
o amor é a mais gostosa sepultura.
É falecer no parto. É vergastar
estrelas esparzidas pelo ar
com a lucidez suprema da loucura.


Casimiro de Brito

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