Dois poemas de Mia Couto
Avesso bíblico
No início,
já havia tudo.
Mas Deus era cego
e, perante tanto tudo,
o que ele viu foi o Nada.
Deus tocou a água
e acreditou ter criado o oceano.
Tocou o chão
e pensou que a terra nascia sob os seus pés.
E quando a si mesmo se tocou
ele se achou o centro do Universo.
E se julgou divino.
Estava criado o Homem.
já havia tudo.
Mas Deus era cego
e, perante tanto tudo,
o que ele viu foi o Nada.
Deus tocou a água
e acreditou ter criado o oceano.
Tocou o chão
e pensou que a terra nascia sob os seus pés.
E quando a si mesmo se tocou
ele se achou o centro do Universo.
E se julgou divino.
Estava criado o Homem.
Mia Couto
O adeus ateu
Este é o adeus sem lenço,
Um tempo no Tempo suspenso,
Um silencia no arco tenso.
Um adeus sem deus,
Um deus sem adeus.
Esta é a despedida sem fim,
um rasgão dentro de mim,
um poente depois do confim.
Este é um deus ateu,
num adeus só meu
O adeus ateu
Este é o adeus sem lenço,
Um tempo no Tempo suspenso,
Um silencia no arco tenso.
Um adeus sem deus,
Um deus sem adeus.
Esta é a despedida sem fim,
um rasgão dentro de mim,
um poente depois do confim.
Este é um deus ateu,
num adeus só meu
Mia Couto
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