Poema 120 do “Livro das Quedas” - Casimiro de Brito
Poema 120 do “Livro das Quedas”
Anda, vem
sentar-te comigonesta falésia, anda ver o mar
sentados devagar sob a copa deste pinheiro
como se não houvesse mais espaço
para preencher. Anda, vem ouvir a nuvem
aproximar-se do ouvido; o começo
da outra vida
de que somos ao mesmo tempo
anfitrião e visita. “O começo é tudo”,
dizia Miró, e tudo
são começos. Anda ver o mar
no rosto da nossa filha, nesta bela paisagem
que nunca mais acaba, nunca mais
nos cansamos nem
descansamos. Anda,
vem sentar-te comigo
neste banco de pedra no alto
da falésia, onde não sei
se o corpo acaba
ou recomeça.
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