Maria Machamba: "Os burgueses de Calais"
Os burgueses de Calais
A sério,
a olhar o que
os ouvidos escutam,
eu não consigo
sorrir, neste tempo.
A exímia oratória da
urna
anda por aí de pé em
riste,
e há orientações de
superior interesse,
no sentido de se
impor.
Parece que para todo
o sempre e arredores,
a dignidade ao
espelho, mesmo com encenação,
Dignifica.
Anda lá!
Ai, povo meu, existe
alguém mais belo do que eu?
Parece que a alma da
Europa
se perdeu num rating
qualquer,
e que em prol
ou pole da União
serão debitados
juros alarves à ética.
Que ninguém alimente
o próximo,
Que ninguém conceda
nas suas dores,
E ninguém, mas mesmo
ninguém, lhe dê ocupação,
Que ninguém acolha o
estrangeiro no seu jardim,
Que ninguém ilumine
as sombras do seu rosto
Que ninguém comungue
na alma do outro,
Ou sequer se atreva,
A dar réstia de
esperança,
Tudo isto, sob pena
de severos positivismos legais.
Parece que os puros
não se insurgiram, ainda,
com toda a sua
perseverança,
desobedecendo à
dica,
iludidos de medo e
desconfiança.
Parece que os
tratados
se querem sob
revisão,
e que é urgente transformar
o conceito
de asilado.
Será terrorista
ainda antes da
próxima época.
Neste tempo, ou
noutro, parece que
à falta de amor,
há quem deva só
experimentar a realidade.
Parece que nas ruas
de Calais, afinal,
a Liberté,
Igualité, Fraternité
são iluminações
fodidas.
Parece que o túnel,
será apenas um dunk canal,
Há corações, tantos,
que precisam de sorrir.
E god is just saving the Queen.
Mas parece, talvez
seja só ilusão minha,
Que, qual centelha
criminosa,
o mar não aguentou
e rebentou em
lágrimas.
Nem sequer notícia,
no imediato,
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