REDES SOCIAIS: O extraordinário virou banal
“Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido
campeões em tudo”, ironizava Fernando Pessoa há um século, criticando o mundo de
aparências dos ambientes sociais em que todos têm de ser belos, inteligentes e
saudáveis o tempo todo.
O personagem de seu poema é tristemente familiar. Seja porque se sente porco,
vil, parasita e sujo por não ter tido paciência para se arrumar. Seja porque se
considera ridículo, absurdo, grotesco, mesquinho, submisso e arrogante por não
saber se comportar de acordo com as novas etiquetas. Seja porque, covarde, ele
se cala quando ofendido, para não ser ridicularizado ao reagir. Seja porque,
endividado e motivo de piadas entre os que cruzam seu caminho, ele se angustia
por não encontrar com quem se identifique.
Analisando suas redes sociais, ele reclama estar cercado de semideuses.
Ninguém confessa infâmias, covardias ou fraquezas, nada que esteja abaixo do
ideal. Só lhe resta desabafar que todo mundo com quem convive “nunca foi senão
príncipe -todos eles príncipes- na vida...”.
Para ler o texto completo de Luli Radfahrer clique aqui
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