sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Manifesto «Lusofóbico», crítica da identidade cultural «lusófona» em Cabo Verde

É a persistência da branquitude, aplicada à produção de conhecimentos em Cabo Verde, que provoca simultaneamente a insipiência e invisibilidade desta, consubstanciando-se no que Quijano (2002) apelida de «colonialidade do saber» ou seja, esta colonialidade é um dos mecanismos pela qual, concretamente, a suposta identidade cultural lusófona é imposta, consumida e reproduzida pela incipiente academia sendo que no imaginário social esta mentalidade colonial é expressa de várias formas, e o caso cabo-verdiano não é o único. Apontamos o caso da Martinica, nas chamadas Antilhas francesas das Caraíbas, considerada uma sociedade crioula por excelência tal como a cabo- verdiana, sobre a qual, em 1957, Frantz Fanon, na sua obra Pele Negra, Máscaras Brancas, diz o seguinte a respeito dos emigrados antilhanos da elite:
É assim um desembarcado. Já não compreende o dialecto, fala da Ópera, que talvez só de longe tenha avistado, mas sobretudo adopta uma atitude crítica a respeito dos seus compatriotas. Diante do menor acontecimento comporta-se de modo original. É aquele que sabe. Revela-se pela sua linguagem (Fanon; 1975: 38).
Se se citar esta frase perante uma plateia de cabo-verdianos, ela pode não aparecer muito estranha pela seguinte razão: Parece que o Fanon está a falar dos «desembarcados» cabo-verdianos, e estes, como facilmente se infere, são os imigrantes, principalmente, neste caso, os que se fizeram a sua formação intelectual na ex-metrópole ou na diáspora. Nós admitimos que após a leitura inicial dessa frase pensamos: «ele parece que está a falar de mim, quando terminei a licenciatura». E somos conscientes de que ainda hoje essa arrogância eurocêntrica emerge pelos poros da nossa produção académica como se nota, por exemplo, na escrita e linguagem complicada, ou codificada, que para além de uma parte do mundo académico do Norte Global, é infelizmente inteligível, incompreensível ou pouco interessa à maioria das populações.
Para ler o texto completo de Odair Bartolomeu Varela clique aqui

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