sábado, 5 de abril de 2025

"Desencanto" - Manuel Bandeira

 



Desencanto

 


Eu faço versos como quem chora


De desalento… de desencanto…


Fecha o meu livro, se por agora


Não tens motivo nenhum de pranto.



 

Meu verso é sangue. Volúpia ardente…


Tristeza esparsa… remorso vão…


Dói-me nas veias. Amargo e quente,


Cai, gota a gota, do coração.



 

E nestes versos de angústia rouca,


Assim dos lábios a vida corre,


Deixando um acre sabor na boca.


— Eu faço versos como quem morre.



 

Manuel Bandeira

0 comentários:

  © Blogger template 'Solitude' by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP