"A amante" - Orietta Lozano
A amante
Eu sou a amante
que desejas
a nova, a eterna
a de coxas morenas,
colunas seguras
que se abrem perfeitamente
para abrir caminho
ao teu mar largo e espesso.
Eu sou a das montanhas paralelas,
eretas, duras,
por onde caminharam
pássaros feridos de amor.
Eu sou a amante noturna
a dos beijos noctívagos,
(meus olhos, túneis profundos
onde se perde a solidão).
Eu sou a de sempre, a eterna
aquela que tira o cansaço
de teu ser,
a que se mantém placidamente,
a que se imobiliza,
a que te surpreende,
aquela que despe as roupas
e se banha em teu rio claro.
Sou a que te crucifica
com meus olhos, com minha língua,
a que se perde
em teu olhar,
a incansável
que percorre teu corpo,
a que vibra com devoção
no teu mundo silencioso.
Sou ela, a eterna,
a antiga, a nova,
a de sempre
a que se fecha
a que se abre
a das tardes ambivalentes.
Sou a que renasce,
a que se abre
a que se fecha.
Orietta Lozano
0 comentários:
Postar um comentário