A recusa da guerra e o abismo colonial
A difícil assunção de uma guerra politicamente derrotada e o fecho
traumático do ciclo imperial tenderam a produzir uma memória sobre a guerra
colonial na qual – ainda que acentuando frequentemente a dimensão «trágica» ou
«inútil» do acontecimento – sobressai uma leitura da participação no conflito
como um gesto de dever e da figura do ex-combatente como alguém que fora
vítima, ora dos «ventos da História», ora de uma guerra que fora obrigado a combater.
Leia "Máscaras europeias" - Por que é que a Europa tem (ainda) tanta dificuldade em mostrar
uma atitude coerente perante os discursos legitimadores dos racismos e da
xenofobia? Quais são essas máscaras que lhe impedem de aceitar o seu passado
colonial e considerar, de uma vez por todas, as diásporas como parte integrante
da riqueza do mapa cultural europeu? O “velho continente” será capaz de
conciliar o seu glorioso legado cultural (incluindo o teatro grego, dentro do
contexto histórico em que este se insere) com o seu – menos glorioso – passado
colonial?
Leia "Angola de dentro para fora nas "Actas da Maianga". percursos de reflexão sobre as guerras e o político no pensamento de Ruy Duarte de Carvalho" - RDC buscou desfazer a confusão comum entre a ética e a política,
colocando-se contra a verdade oficial e a razão do Estado ao narrar os
sofrimentos impostos à população no contexto da crise. A crise se instalou pela
guerra, igualmente pelos diversos modelos ocidentalizantes que se tentaram
aplicar, levando a uma permanente desestruturação, instabilidade e incerteza
que forneciam argumentos aos dirigentes para manterem um estado de exceção que
justificava a penúria dos angolanos.
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