Um ano de ataques contra as universidades públicas brasileiras
Há quase um ano, no dia 9 de dezembro de 2016, a polícia federal irrompeu na UFRGS, em vista de uma suspeita de fraude em um programa de extensão. A polícia federal batizou todo o movimento de “Operação PhD”.
Para ler o texto completo do Reitor da Universidade Federal do Paraná, Ricardo Marcelo Fonseca, clique aqui
Leia “PF = Polícia Fascista” de Joaquim Xavier clique aqui
Manifestação da SBPC contra a condução coercitiva de gestores da UFMG
“A SBPC solidariza-se com a comunidade da UFMG e de outras universidades
atingidas e conclama a comunidade científica e acadêmica, bem como a sociedade
brasileira como um todo, a se manter vigilante e atuante em defesa da
democracia e das instituições públicas de ensino e pesquisa”, afirma a entidade
em protesto divulgado nesta quinta-feira
Leia a manifestação na íntegra:
MANIFESTAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA – SBPC
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC manifesta
publicamente seu veemente protesto diante de ações judiciais e policiais que
levaram à condução coercitiva de gestores, ex-gestores e docentes da
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, no dia 06 de dezembro, em uma
operação que apura supostos desvios na construção do Memorial da Anistia
Política no Brasil. A operação policial deixou em choque a comunidade acadêmica
da UFMG e de todo o país pela forma com que foi executada. Não se justifica o
uso de medida coercitiva, quando sequer foi feita uma intimação para
depoimento, nem o desrespeito aos direitos do cidadão com que foram tratados o
Reitor e a Vice-Reitora, as ex-Vice-Reitoras e outros dirigentes e servidores
da UFMG. A espetacularização de ações da justiça não é compatível com uma
sociedade democrática e fere a dignidade e os direitos individuais, podendo
conduzir a julgamentos a priori e a condenações injustas. Ações como as que
ocorreram na UFSC, e agora na UFMG, nos remetem a tempos autoritários vividos
anteriormente no país e contra os quais a SBPC e a sociedade brasileira lutaram
com afinco.
A SBPC defende que é papel e dever do aparato judicial brasileiro e dos
órgãos de controle apurarem quaisquer situações de irregularidades na
administração pública, que deve ser transparente, e procederem à devida
penalização dos eventuais responsáveis, em caso de comprovação. Mas tais ações
devem estar sempre pautadas em procedimentos legais, sem privilégios ou
direcionamentos, de acordo com os princípios da justiça e os preceitos
constitucionais. Não podem ofender a honra e a dignidade das pessoas nem a
respeitabilidade de instituições públicas. O abuso de poder por parte de
autoridades e a extrapolação de suas funções não podem ocorrer em um Estado
Democrático de Direito e devem ser devidamente apurados, caso aconteçam.
As ações recentes, e em sequência, sobre universidades públicas
brasileiras, das quais a UFSC e a UFMG são exemplos, parecem refletir menos uma
vontade real de combater mazelas do país do que atender a motivações de outra
natureza. Da forma como têm sido executadas, elas atentam contra o estado
democrático e afetam a atuação dessas instituições públicas que têm dado, ao
longo de décadas, contribuições importantes para o desenvolvimento social e
econômico do Brasil. As universidades públicas são instrumentos essenciais na
formação de pessoal qualificado em todas as áreas do conhecimento e na produção
científica e tecnológica. São um patrimônio do povo brasileiro, que deve ser
preservado e aprimorado, mas que não pode ser desconstruído.
A SBPC, que tem como afiliadas cerca de 140 sociedades científicas, se
une a muitas outras entidades da sociedade civil para exigir que as autoridades
máximas do país nos Poderes Legislativo, Executivo (em especial o Ministério da
Justiça e o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle) e Judiciário
(em particular o Conselho Nacional de Justiça, a Procuradoria Geral da
República e o Supremo Tribunal Federal) tomem providências para que as ações
dos agentes da lei se pautem sempre pelos preceitos constitucionais e legais,
especialmente quanto ao respeito aos direitos individuais e às instituições da
República. A SBPC solidariza-se com a comunidade da UFMG e de outras
universidades atingidas e conclama a comunidade científica e acadêmica, bem
como a sociedade brasileira como um todo, a se manter vigilante e atuante em
defesa da democracia e das instituições públicas de ensino e pesquisa.
São Paulo, 07 de
dezembro de 2017.
Manifesto da SBPC sobre os acontecimentos na UFMG
Manifesto
publicado na tarde de ontem conclama a comunidade a defender a democracia e as
instituições públicas
A
SBPC recebeu, desde a publicação de seu manifesto sobre os acontecimentos desta
semana na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), dezenas de mensagens de
apoio à iniciativa e solicitações de sociedades associadas para subscrever o
documento publicado na tarde de ontem (7/11).
Dessa
forma, passam a assinar também o documento a Associação Brasileira de Ciências
Farmacêuticas (ABCF); Associação Brasileira de Estudos Sociais das Ciências e
das Tecnologias (ESOCITE.BR); Associação Brasileira de Linguística (ABRALIN);
Associação Nacional de Política e Administração da Educação (ANPAE); Associação
Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (COMPÓS); Federação das
Sociedades Brasileiras de Biologia Experimental (FESBE); Sociedade Brasileira
de Biologia Celular (SBBC); Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM);
Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC); Sociedade Brasileira de
Farmacologia e Terapêutica Experimental (SBFTE); Sociedade Brasileira de
História da Ciência (SBHC); Sociedade Brasileira de Matemática (SBM); Sociedade
Brasileira de Micro-Ondas e Optoeletrônica (SBMO); Sociedade Brasileira de
Química (SBQ).
O
manifesto será encaminhado na próxima segunda-feira ao ministro da Justiça e
Segurança Pública, Torquato Jardim, ao ministro substituto da Transparência e
Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner de Campos Rosário, à presidente do
Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, ao presidente da Câmara dos
Deputados, deputado Rodrigo Maia, e ao presidente do Senado, senador Eunício
Oliveira, com o pedido de providências para que as ações dos agentes da lei se
pautem sempre pelos preceitos constitucionais e legais, especialmente quanto ao
respeito aos direitos individuais e às instituições da República.
As entidades que quiserem endossar o
documento podem enviar uma solicitação por e-mail à Secretaria da SBPC, neste endereço.
Leia
a manifestação na íntegra:
MANIFESTAÇÃO
DA SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA – SBPC
A
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC manifesta publicamente
seu veemente protesto diante de ações judiciais e policiais que levaram à
condução coercitiva de gestores, ex-gestores e docentes da Universidade Federal
de Minas Gerais – UFMG, no dia 06 de dezembro, em uma operação que apura supostos
desvios na construção do Memorial da Anistia Política no Brasil. A operação
policial deixou em choque a comunidade acadêmica da UFMG e de todo o país pela
forma com que foi executada. Não se justifica o uso de medida coercitiva,
quando sequer foi feita uma intimação para depoimento, nem o desrespeito aos
direitos do cidadão com que foram tratados o reitor e a vice-reitora, as
ex-vice-reitoras e outros dirigentes e servidores da UFMG. A espetacularização
de ações da justiça não é compatível com uma sociedade democrática e fere a
dignidade e os direitos individuais, podendo conduzir a julgamentos a priori e
a condenações injustas. Ações como as que ocorreram na UFSC, e agora na UFMG,
nos remetem a tempos autoritários vividos anteriormente no País e contra os
quais a SBPC e a sociedade brasileira lutaram com afinco.
A
SBPC defende que é papel e dever do aparato judicial brasileiro e dos órgãos de
controle apurarem quaisquer situações de irregularidades na administração
pública, que deve ser transparente, e procederem à devida penalização dos
eventuais responsáveis, em caso de comprovação. Mas tais ações devem estar
sempre pautadas em procedimentos legais, sem privilégios ou direcionamentos, de
acordo com os princípios da justiça e os preceitos constitucionais. Não podem
ofender a honra e a dignidade das pessoas nem a respeitabilidade de
instituições públicas. O abuso de poder por parte de autoridades e a
extrapolação de suas funções não podem ocorrer em um Estado Democrático de
Direito e devem ser devidamente apurados, caso aconteçam.
As
ações recentes, e em sequência, sobre universidades públicas brasileiras, das
quais a UFSC e a UFMG são exemplos, parecem refletir menos uma vontade real de
combater mazelas do País do que atender a motivações de outra natureza. Da
forma como têm sido executadas, elas atentam contra o estado democrático e
afetam a atuação dessas instituições públicas que têm dado, ao longo de
décadas, contribuições importantes para o desenvolvimento social e econômico do
Brasil. As universidades públicas são instrumentos essenciais na formação de
pessoal qualificado em todas as áreas do conhecimento e na produção científica
e tecnológica. São um patrimônio do povo brasileiro, que deve ser preservado e
aprimorado, mas que não pode ser desconstruído.
A
SBPC, que tem como afiliadas cerca de 140 sociedades científicas, se une a
muitas outras entidades da sociedade civil para exigir que as autoridades
máximas do País nos Poderes Legislativo, Executivo (em especial o Ministério da
Justiça e o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle) e Judiciário
(em particular o Conselho Nacional de Justiça, a Procuradoria Geral da
República e o Supremo Tribunal Federal) tomem providências para que as ações
dos agentes da lei se pautem sempre pelos preceitos constitucionais e legais,
especialmente quanto ao respeito aos direitos individuais e às instituições da
República. A SBPC solidariza-se com a comunidade da UFMG e de outras
universidades atingidas e conclama a comunidade científica e acadêmica, bem como
a sociedade brasileira como um todo, a se manter vigilante e atuante em defesa
da democracia e das instituições públicas de ensino e pesquisa.
São
Paulo, 07 de dezembro de 2017.
Jornal
da Ciência
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