terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

"No último dia em que chorei,..." - Maria Machamba

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No último dia em que chorei,
há muitos anos, 
vomitei as lágrimas,
over a dog, pior impossivel.
Sobre lágrimas, podia até contar
Que agora só tenho as que vêm de fora
E por isso me tornei míope.
Desde então, pergunto a todos: feliz?
Nunca, quase nunca
O verbo acerta.
Pelos vistos,
Demora soletrar o tempo e modo 
De reprimir o adverbial.
E é tão urgente.
Não basta
Fechar os olhos, ao sol
À laia de poema, 
Querer ser espelho,
Fisga, pássaro,
Balão de sonhos e tal.
É preciso 
Ser árvore, isso sou
Naquele jeito,
De ir medrando 
De coisas pequenas, 
Aqui e acolá.
É preciso saber discorrer 
sobre grilos- o que é mistério -, ouvir
os
canalhas, quando
ardem a
febre na noite.
Se é Camões, sei lá, mas
cantam que se fartam,
os haleluahs!
[Haverá Dinamenes para grilos poemas?]
Sem dúvida, 
Andam em bicos de pés, a tentar chegar às estrelas.
A verdade é que para Ser, 
basta a gente
Andar por aí,
A firmar o ruído nas coisas, e
Pendurar a pele, cansada,
Sobre os ossos doridos.
Mas para encontrar a pele
Brilhando de outra cor
Ao pôr-do-sol.
É preciso ir parir cada Jornada, 
Muito mais além.
Acreditar, como os grilos.
Que podemos trazer no peito um som essencial,
Que as estrelas nos apreciarão a ousadia.

Maria Machamba

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