sábado, 4 de outubro de 2025

“Ainda assim eu me levanto” - Maya Angelou

 



Ainda assim eu me levanto



Você pode me riscar da História


Com mentiras lançadas ao ar.


Pode me jogar contra o chão de terra,


Mas ainda assim, como a poeira, eu vou me levantar.




Minha presença o incomoda?


Por que meu brilho o intimida?


Porque eu caminho como quem possui


Riquezas dignas do grego Midas.




Como a lua e como o sol no céu,


Com a certeza da onda no mar,


Como a esperança emergindo na desgraça,


Assim eu vou me levantar.




Você não queria me ver quebrada?


Cabeça curvada e olhos para o chão?


Ombros caídos como as lágrimas,


Minh’alma enfraquecida pela solidão?




Meu orgulho o ofende?


Tenho certeza que sim


Porque eu rio como quem possui


Ouros escondidos em mim.




Pode me atirar palavras afiadas,


Dilacerar-me com seu olhar,


Você pode me matar em nome do ódio,


Mas ainda assim, como o ar, eu vou me levantar.




Minha sensualidade incomoda?


Será que você se pergunta


Porquê eu danço como se tivesse


Um diamante onde as coxas se juntam?




Da favela, da humilhação imposta pela cor


Eu me levanto


De um passado enraizado na dor


Eu me levanto


Sou um oceano negro, profundo na fé,


Crescendo e expandindo-se como a maré.




Deixando para trás noites de terror e atrocidade


Eu me levanto


Em direção a um novo dia de intensa claridade


Eu me levanto


Trazendo comigo o dom de meus antepassados,


Eu carrego o sonho e a esperança do homem escravizado.


E assim, eu me levanto


Eu me levanto


Eu me levanto.




Maya Angelou



Assista ao vídeo com a atriz Zezé Motta, que empresta sua voz e emoção à leitura deste poema

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