sábado, 12 de julho de 2025

"A cor do sonho" - Adão Cruz

 



A cor do sonho
 



A mensagem que deixaste


como laço da prenda de todos


faz pensar.


Tão sublime que exalta


e tão vaga que oprime.


Leva-nos além do falar


que só não falando se entende.


Por mais serena que seja a luz


e mais suave o convite


não sabemos quem ordena e conduz


se a razão se o palpite


se a chaga ou a lança


se a sorte ou a desdita


ou o sonho que tudo reduz


àquilo que se acredita.


Trememos de frio em dia de sol


e somos ventre de fogo


nas tardes cinzentas de chuva.


Subimos o alto dos montes


descemos o fundo dos mares


onde tudo se fecha e se abre


na falsa harmonia dos contrastes


que fazem a ponte entre a noite e o dia.


Nascem algemas de ouro


nos pulsos abertos de sangue


e não sabemos quem seguir


se a alma se a razão


quando neste vaivém de cansaço


uma entra e outra sai


como sangue no coração.


Se o sonho cai desfeito


nas trevas de tudo ter feito


entre a razão e o deserto


não há razão que resista


a uma vida em aberto.


Todos olham e dizem


o que seria bom de ouvir…


mas a farsa que a gente é


só dói mesmo de pé


antes de a gente cair.





Adão Cruz

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