Moçambique. 'A visão da destruição do ciclone é apocalíptica'. Entrevista com Mia Couto
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Escritor moçambicano conta ter chorado no reencontro com sua cidade natal, devastada pelo Idai. E se diz decepcionado com a quantia enviada pelo governo brasileiro.
Há duas semanas, o escritor moçambicano Mia Couto falava ao telefone com um amigo e morador da cidade da Beira quando o ciclone Idai tocou terra firme. A ligação caiu, e Mia só conseguiu restabelecer o contato quatro dias depois para saber que o amigo sobrevivera. O que ele diz ter pensado inicialmente ser uma ventania passageira transformou-se rapidamente no maior desastre natural ocorrido naquela região, com pelo menos 700 mortos e 1,9 milhão de pessoas atingidas.
Autor da trilogia “Areias do imperador”, entre quase 20 livros publicados, Mia Couto foi particularmente atingido pela tragédia causada pelo Idai: quarta maior cidade do país, a Beira, onde nasceu e de onde saiu aos 17 anos, é a mais afetada pelo ciclone e teve 90% de seu território devastado, com mais de 200 mil desabrigados.
A cidade seria personagem de seu próximo livro. Para isso, Mia, que vive em Maputo, a 1.200 quilômetros de distância, planejava passar um tempo lá para recuperar memórias. Não deu tempo, o Idai chegou antes. O escritor sobrevoou a Beira, nesta quarta-feira, mas o reencontro foi com a destruição de sua cidade natal.
“Neste meu romance há um capítulo grande que se passava numa igreja, a de Macuti, na Beira. Era um prédio sólido, mas foi derrubado pelo ciclone. Só restou uma parede”, revelou o escritor ao G1, por telefone.
Ainda sem saber como a tragédia se refletirá em sua obra, ele mergulhou numa campanha de solidariedade, para a ajuda chegar aos atingidos pela catástrofe, por meio de uma parceria entre a Cruz Vermelha e a Fundação Fernando Leite Couto, que leva o nome de seu pai e da qual é o presidente. As contas abertas aos interessados em doar dinheiro para ajudar as vítimas do Idai estão no site da fundação.
Para ler sua entrevista clique aqui
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