Precariado, rebeldia e renda cidadã
Pela primeira vez na história, a esquerda institucional não tem, em todo o mundo, uma agenda de transformações. Ela esqueceu três princípios. Primeiro, que todo movimento político progressista é construído em cima da raiva, necessidade e aspirações de uma classe emergente. Hoje, essa classe é o precariado.
A parte dura do precariado é a que foi vista nos incêndios em Londres e nas revoltas em toda a Inglaterra, em agosto de 2011. Não é uma classe inferior, mas se não a entendermos, esses incêndios serão os primeiros de muitos – assim irão crescer as “ocupações” que se espalharam da praça Tahrir e Wall Street em 2011.
Um segundo princípio esquecido é que todos os avanços em direção a uma sociedade mais igualitária envolvem novas formas de ação coletiva. Os sindicatos precisam adaptar-se e alcançar novos grupos, ao invés de serem simplesmente instrumentos desgastados para frear a mudança.
O terceiro, que toda marcha para frente envolve três lutas sobrepostas. A primeira, no caso atual, é por reconhecimento: a luta do grupo emergente para ter uma identidade. Isso avançou dramaticamente em 2011, e pode ser visto nas cidades europeias, onde milhões de pessoas começaram a se ver como parte do precariado – e não se envergonham de afirmar tal condição, ou de reivindicar que suas inseguranças e seus interesses sejam levados em conta.
A segunda luta é por representação. Aqui, ainda temos muito o que avançar, mas a demanda do precariado por envolvimento em órgãos que tomam decisões e em plataformas de políticas sociais está crescendo. Para citar um exemplo: o precariado está começando a exigir representação em órgãos que determinam as condições para ter direito a benefícios do estado.
A terceira luta também está se desenhando. Vivemos em meio a uma transformação global, enfrentando desigualdades absurdas e insegurança crônica. Nessa situação, novas políticas progressistas precisam ser construídas em torno de uma luta para que a classe emergente tenha igualdade no contole dos recursos-chave da economia. Na sociedade de serviços de hoje, esses recursos não são os “meios de produção” do antigo projeto socialista. Voltaremos a eles.
Para ler o texto completo de Guy Standing clique aqui
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