quinta-feira, 22 de setembro de 2011

1000 dias...100 dias...



Aqueles que vivem em Belo Horizonte puderam vivenciar, de maneira potencializada, o caos da mobilidade da cidade. No dia 16 de setembro, foi inaugurado na cidade, e em outras espalhadas pelo país, um relógio regressivo para a mal fadada copa de 2014. Por uma ironia do destino, a greve dos professores estaduais estava completando naquela semana, 100 dias de paralização, os funcionários das obras do estádio Magalhães Pinto, o mineirão, haviam cruzado os braços dois dias antes do evento, reivindicando melhores condições de trabalho (vale-alimentação, extensão do plano de saúde dentre outras). 

As constantes manifestações dos professores no hiper-centro de Belo Horizonte, tem causado transtornos repetitivos no trânsito em horários de rush. A intransigência do governador em atender às reivindicações da categoria, que batalha pelo piso nacional para a educação (no valor de R$ 1.187,97) estressa a população. Podemos encontrar aqueles que apóiam a greve, entendem as reivindicações e entendem que o caminho é o pulso firme. Outros já refletem no seu próprio contexto e, devido aos constantes transtornos na região central da cidade, entendem que essas manifestações já foram longe demais, inclusive com uma proposta de lei, o vereador Joel Moreira Filho do PTC, lançou a idéia de um "Parlatório da Democracia", que seria construído na Praça da Estação, local que, antes, já foi proibido de receber manifestações públicas e eventos sem o consentimento prévio da prefeitura, "privatizando" um aparelho público. Tirando esse conflito, que provavelmente não foi refletido pelo ilustríssimo vereador, existe uma contra partida para esse projeto. As manifestações e passeatas na região central da cidade estariam proibidas, e só se poderia usar o tal "Parlatório" ...hum, pra cima de mim cara pálida?  Bem, o assunto pode ser lido aqui

Retomando o caso dos professores. O governo lança campanhas em que informa que o salário pago para a categoria se adequa ao tempo trabalhado por eles, algo em torno dos R$ 700 reais por 20 horas semanais. Os riscos que ocorrem nessa campanha, joga com a população, e reforça um estereótipo perigoso. Aquele em que um profissional em greve por mais de 100 dias não é compromissado com seu trabalho. São "vagabundos e preguiçosos".

A propaganda acontece em rádio e televisão. Nas emissoras de rádio, a repetição é constante...estratégia inteligente visto que, junto ao caos da própria cidade que estimula o uso dos carros particulares e sucateia o serviço de transporte público, atinge à um público cansado e revoltado que, dentro de seus carros no retorno para casa, acompanham pelo rádio, as notícias do transito da cidade, constantemente congestionado.

Desde o 1º dia de setembro, a frota de onibus da cidade sofreu alterações no seu quadro de horários. Muitas saídas foram canceladas, reduzindo o número de ônibus de uma frota nas ruas, aumentando o intervalo entre os veículos (que para Belo Horizonte, é um absurdo em torno de 20min à 40 min na região centro-sul). Engraçado que, nas palavras do governador no programa Brasilianas, ancorado pelo jornalista Luis Nassif, veiculado no início do ano, o governador apregoou que uma de suas metas é a qualidade de vida da cidade, e que ela seja reconhecida nacionalmente e internacionalmente como um local que prioriza o viver bem, solidário e feliz. 

A campanha não fica só por ai. Na tradicional imprensa mineira, a campanha é perpetuada. Uma imagem, duas verdades. Pode ser visto aqui, um exemplo do que já acontece desde sempre no "grande mural dos mineiros".


Mas, voltando ao comentário inicial, os 1000 dias para a copa, os 100 dias sem aula e o (100)amparo da população pelo setor público, um pequeno vídeo veiculado na internet mostra como foi os transtornos do dia 16 de setembro, devida à visita da presidenta Dilma para inaugurar o nefasto relógio da copa. A parte central da cidade ficou congestionada desde o início daquele dia. Desvios, carros de polícia com sirenes ligadas, helicópteros e estresse dos motoristas, eventos restritos foram o tom daquela sexta feira maldita. A praça da liberdade foi fechada, para evitar que os professores demostrassem sua indgnação com o tratamento recebido pelo governador. Não foi o suficiente. Um grupo permaneceu acorrentado em frente ao Palácio da Liberdade, local da recepção pomposa para 150 convidados. comes e bebes, a tradicional elite mineira e os sague-sugas que se beneficiarão com a "festa do povo" em 2014. 

Natália Carvalho expõe em seu site os registros daquela noite, e como o governo dialogou com os manifestantes em frente ao palácio da liberdade, durante o jantar para essas 150 personalidades. Detalhe que a presidenta retornara para Brasília no início daquela tarde, liberando mais de 3 bilhões do orçamento para obras estruturais na cidade. A parte interessada estava em festa... Para ver as fotos e o vídeo, clique aqui

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