sábado, 2 de agosto de 2025

"Foi n'uma tarde de julho" - António Botto

 



Foi n'uma tarde de julho



Foi n'uma tarde de julho.


Conversávamos a medo,


- Receios de trair


Um tristíssimo segredo.




Sim, duvidávamos ambos:


Ele não sabia bem


Que o amava loucamente


Como nunca amei ninguém.


E eu não acreditava


Que era por mim que o seu olhar


De lagrimas se toldava.




Mas, a dúvida perdeu-se;


Falou alto o coração!


- E as nossas taças


Foram erguidas


Com infinita perturbação!




Os nossos braços


Formaram laços.




E, aos beijos, ébrios, tombámos;


- Cheios d'amor e de vinho!




(Uma suplica soava)




"Agora... morre comigo,


Meu amor, meu amor... devagarinho!..."




António Botto

0 comentários:

  © Blogger template 'Solitude' by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP