domingo, 31 de março de 2019

Do “LIVRO DE EROS” - Casimiro de Brito

Resultado de imagem para Do “LIVRO DE EROS” - Casimiro de Brito


Do “LIVRO DE EROS”


693



Tão breve a noite quando nos amamos. 
Quando nos lemos um ao outro. Ou quando, 
um no outro, escrevemos.



694


A mulher, embora queiram fazer dela um jardim, é uma floresta que não pertence a ninguém. Res nullius. E o seu sexo, embora o queiram preencher em cada momento, é para sempre um locus neminis, um lugar de ninguém. De passagem, sim: passei por lá quando nasci e ficaram saudades, e por isso regresso sempre que posso. Afável, acolhe-me; outras vezes fecha-se ou morde e não me deixa morrer no paraíso. Que bom saber tão pouco dos seus mistério e viver à sombra desta delicada ignorância! E porque não sei, e porque não aprendi e não me podem ensinar, vou sempre regressando em busca desse graal infinitamente perdido em lugares inóspitos e outras vezes amenos: na delicada floresta.



695



Quando digo sexo quero dizer amor: 
pois ambos são fruto de um casamento secreto 
entre o sol e as sombras.



Casimiro de Brito


0 comentários:

  © Blogger template 'Solitude' by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP