China. "Arpocalipse" obriga milhares a fugir das cidades mais poluídas
Desde sexta-feira que os céus da China foram invadidos por uma grande quantidade de partículas nocivas que põe em risco a saúde de quase 500 milhões de pessoas.
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Níveis alarmantes de poluição fecham escolas e causam indignação na
China
DA AFP
21/12/2016
O episódio de
poluição maciça que há seis dias asfixia grande parte do norte da China gerou
uma grande polêmica nesta quarta-feira (21) na cidade mais afetada, onde as
autoridades demoraram para fechar as escolas.
Desde sexta-feira,
uma novem tóxica e cinzenta cobre grande parte do país mais populoso do planeta
(1,3 bilhão de habitantes), afetando ao menos 460 milhões de pessoas que vivem
na grande região em torno de Pequim.
Shijiazhuang, capital
da província de Hebei (norte), decretou na sexta-feira, como outras 20 cidades,
um "alerta vermelho". Este status implica a ativação de medidas de
emergência, entre elas o fechamento de empresas poluentes e o rodízio de
veículos.
Hebei, onde se
localizam numerosas indústrias pesadas, costuma ser acusada de causar a poluição
que atinge Pequim, situada a cerca de 300 km.
Embora Shijiazhuang
tenha sido duramente afetada por esta nuvem tóxica, o departamento de educação
da cidade esperou até a noite de terça-feira para ordenar o fechamento das
escolas primárias e dos jardins de infância, uma medida que já tinha sido
tomada pelas metrópoles vizinhas de Pequim e Tianjin.
O anúncio
acrescentou, porém, que o fechamento das escolas secundárias não era
obrigatório.
O comunicado
municipal gerou indignação nas redes sociais.
"Os corpos dos
alunos do ensino médio têm purificadores de ar?", questionou um
internauta, acrescentando: "Vocês vão esperar que todos nós fiquemos
doentes para resolver isso?"
Uma foto da cidade de
Linzhou, na província vizinha de Henan, que mostra mais de 400 alunos fazendo
uma prova sentados em um campo de futebol após a escola ter sido forçada a
fechar, foi amplamente divulgada nas mídias sociais.
A agência de educação
e esportes da cidade suspendeu o diretor da escola por organizar as provas ao
ar livre, informou a agência estatal de notícias Xinhua.
Em Shijiazhuang, os
registros de poluição dispararam nas últimas 48 horas. A concentração de
partículas de 10 micrômetros de diâmetro superou 1.000 microgramas por metro
cúbico, informou a Xinhua. O índice é tão alto que fez com que os captores
ficassem bloqueados na cifra máxima que são capazes de registrar, 999.
Já os níveis de
partículas de 2,5 micrômetros de diâmetro - ainda mais perigosas, já que são
absorvidas na corrente sanguínea e causam doenças respiratórias e
cardiovasculares -, chegou a 733 microgramas/m3, mais de 29 vezes o nível
máximo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de 25.
"TENHO
QUE TRABALHAR"
Nesta quarta-feira,
as ruas de Shijiazhuang –com uma população de 10,7 milhões de pessoas– estavam
impregnadas de um forte cheiro de carvão, enquanto os pedestres e ciclistas
circulavam sob uma espessa névoa que esfumava a silhueta dos edifícios.
Só alguns deles
usavam máscaras, que são habituais na capital, Pequim, desde que o governo lançou
em dezembro pela primeira vez um alerta vermelho por poluição.
"Não gosto desta
poluição, mas tenho que trabalhar" diz à AFP o gari Dong Xiai, de 44 anos,
acrescentando que seus colegas não usam máscaras porque as autoridades
municipais não as fornecem.
Na internet, os
habitantes se divertem comparando as fotos batidas antes e durante a poluição.
Em uma foto do "antes", o céu limpo permite ver as montanhas ao
fundo. Agora, a fumaça esconde inclusive o edifício que está na frente.
"As partículas
provocam câncer. É pior que fumar, mas o governo não faz nada", lamenta Wu
Zhiwei, de 28 anos.
FONTE: Aqui
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