JOSÉ DE SOUSA MIGUEL LOPES - Educação e culturas africanas e afro-brasileiras: cruzando oceanos
Educação e culturas
africanas e afro-brasileiras:
cruzando oceanos
Prefácio
Conheci
José de Sousa Miguel Lopes no interior do Espírito Santo num desses lúdicos e
participativos encontros aos sábados que as Instituições particulares de ensino
costumam organizar para ambientar e inquecer nos corações e mentes dos
professores as teses sempre atuais das utopias autoritárias.
Nesse
processo de evolução da amizade e construção das narrativas e diálogos, vi logo
tratar-se de um intelectual brilhante e inteiramente simples. Ao longo de nossa
experiência de dor e alívio - sensações do cotidiano profissional docente -,
percebi que Miguel não era um professor comum e jamais seria apenas mais um
doutor neste mercado cruel e volátil, mesmo para os qualificados.
É
um artista cultivado, educador e humanista que tem se debruçado com acuidade,
profundidade e especulação iluminista sobre questões e temas complexos como
racismo, literatura, etnicidade, cinema, educação, identidade nacional, ações
afirmativas... Tudo isso visando construir uma sintonia inteligente e produtiva
entre o Ocidente e a África, sobretudo, o pensar, o sentir e o agir dessa terra
trágica, referencial e afetiva que é Moçambique.
E
é esse o mote do livro que justifica o presente prefácio - Educação e Cultura Africana e Afro-Brasileira: Cruzando Oceanos -
série de artigos que projetam as representações, ideias, signos e imagens desta
cultura acústica, rica e enigmática que ele decifra como um escultor cuidadoso
que tem a sua frente o desafio de esculpir obra de essencialidade cética,
sagrada e profana ao mesmo tempo.
É
assunto que interessa a todas as ciências humanas, mormente a História e aos
historiadores brasileiros, que já conhecem sobejamente os tempos de curta e
longa duração da civilização paterna e mediterrânea através do mestre Braudel.
Contudo, para nossa melancolia e um quê de constrangimento ainda não tivemos a
coragem ética e a sensibilidade de atravessar oceanos à procura desta mãe raiz
e fundadora que é a África.
Cruzar
os oceanos em busca da memória e da história com razão e encantamento é o que
faz o tempo todo Miguel, ele próprio, artífice e integrante da equipe de
políticas públicas para a educação de Moçambique, à época do emblemático e
revolucionário Samora Machel.
Ítalo
Calvino nos impactou com seu Palomar, personagem
inquieto e perplexo diante da hegemonia do efêmero e a fragmentação do real.
Miguel Lopes, ao contrário, conhecedor da cultura do desencantamento, das
ambiguidades e contradições da pós-modernidade, transita entre os mares como um
Swann africano atento, que não se perde na volta, em busca de um tempo visto,
experimentado e rememorado. Almejo que aproveitem e se deleitem com essa viagem
marítima desmistificadora e ampliadora de horizontes, o timoneiro conhece bem
os caminhos e as rotas.
Prof. Dr. Carlos Vinícius
Costa de Mendonça
Departamento de História da
Universidade Federal do Espírito Santo
Sumário
Prefácio
Apresentação
1. Poderá ainda o Ocidente escutar
a voz que vem da África ?
2. Poder político e educação em
Moçambique: entre a tradição e modernidade
3. Educação e etnicidade em
Moçambique: em busca de um diálogo entre as diferenças
4. Formação de professores
primários e identidade nacional em Moçambique
5. Cultura acústica e letramento
em Moçambique: em busca de fundamentos para uma educação intercultural
6. Literatura moçambicana em
língua portuguesa: 'na praia do oriente,
a areia náufraga do ocidente'
7. Atlântico negro: na rota dos
orixás
8. Ações afirmativas: uma
contribuição para o debate
9. “Olhos azuis”: um olhar indignado contra o preconceito e a
discriminação racial.
Para ter acesso ao livro completo clique aqui
0 comentários:
Postar um comentário