"Água Benta" - Albano Sales & Wolf Borges
Água Benta*
Que seca sobre as calçadas
Lava das Candelárias
Prantos por tantas ruas nuas
Água que tanto se suja
É a mesma que secou em nós
Volta a regar de novo
Molha as cordas da minha voz
Água que nos trouxe a vida,
Vida que esquecemos tanto de viver
Lava a alma com o teu perdão
Submete ao teu poder
Água que tanto se suja
É a água que secou em nós
Volta a regar de novo
Molha as cordas da minha voz
Água que o mal represa, nega
Empossado se apropria, adia
Água que tanto se despreza
Mostra a força neste dia.
Água que o céu despeja, seja
Água que o chão devora agora
Dor que Maria chora e ora
Mata essa sede enfim
Água doce, água benta
Água viva traz o "sim"
Mar de ondas traz a essência
Pelas veias flui em mim
Albano Sales & Wolf Borges
*Este poema inspirou-se na terrível chacina da Candelária, como ficou conhecido o episódio, Ocorreu na noite de 23 de julho de 1993,em frente à Igreja da Candelária, localizada no centro da cidade do Rio de Janeiro. Nesse crime, oito jovens foram assassinados. Pouco antes da meia-noite, um táxi e um Chevette com placas cobertas pararam em frente à Igreja da Candelária. Em seguida, os ocupantes atiraram contra dezenas de pessoas, a maioria adolescentes, que estavam dormindo nas proximidades da Igreja. Posteriormente, nas investigações, descobriu-se que os autores dos disparos eram milicianos, que usavam a praça em torno da igreja como ponto de venda de drogas.
0 comentários:
Postar um comentário