Navegando pelo cinema com Carlos Alberto Mattos
Balanço e favoritos de 2024
Afora a rotina diária de filmes, meu ano foi marcado por dois trabalhos paralelos. De um lado, concluí a montagem do video-ensaio Paisagens do Fim, baseado no site-livro homônimo lançado em 2021. De outro, avancei muito na preparação do meu próximo site-livro, Fim de Turno, que pretendo lançar em março de 2025, quando se completam 130 anos da primeira filmagem dos Irmãos Lumière. Fim de Turno é um estudo do tropo da saída de fábrica no cinema, dos Lumière ao cinema contemporâneo. Para ler o texto de Carlos Alberto Mattos clique aqui
Uma joia da animação eslava
A belíssima animação polonesa "Camponeses" ("Chlopi") é mais um cumprimento à expertise dos eslavos nesse métier. Baseia-se no romance homônimo de Władysław Reymont, clássico da literatura polonesa já levado às telas várias vezes desde 1922. Reymont, detentor do Prêmio Nobel, pertenceu ao movimento modernista Jovem Polônia (1890-1918), que abrangia literatura e pintura. O casal de cineastas Dorota Kobiela e Hugh Welchman inspiraram-se principalmente na estética daquele movimento para chegar às imagens do filme. Para ler o texto de Carlos Alberto Mattos clique aqui
Uma noite para não esquecer
Por trás dessa história ultrarromântica de um homem e uma mulher que redescobrem o amor na terceira idade está um filme altamente subversivo para os padrões repressores do cinema iraniano. "Meu Bolo Favorito" ("Keyke mahboobe man)" pode não ser tão frontalmente político como A Semente do Fruto Sagrado, mas desafia diversos tabus do cotidiano de gente comum no Irã. Para ler o texto de Carlos Alberto Mattos clique aqui
O cinema ainda pode operar milagres?
“Soy Ana… Soy Ana”, repete Ana Torrent (foto acima) numa cena de "Cerrar los Ojos". É a mesma frase que a atriz pronunciava, 50 anos antes, quando interpretava uma menina em "O Espírito da Colmeia". Aquele era o primeiro filme de Victor Erice, autor quase mítico do cinema espanhol. Este agora é apenas o seu quarto longa-metragem, realizado 31 anos depois do anterior, "O Sol do Marmelo". O eco das palavras de Ana Torrent é mais uma sutileza de Erice ao lidar com a memória, a identidade e o cinema. Para ler o texto de Carlos Alberto Mattos clique aqui
Três atos de um casal na China
Nesse que é talvez o seu projeto mais heterodoxo, Jia Zhang-ke compõe um film-fleuve com materiais filmados ao longo de três décadas. Além de sobras de dois filmes, há cenas rodadas como experimentação em várias épocas, tudo tenuemente reunido em torno da história de um casal. Zhao Tao, sua esposa e atriz permanente, e o ator Zhubin Li formam esse eixo tristemente romântico entre 2001 e 2022. Para ler o texto de Carlos Alberto Mattos clique aqui
Jazz numa hora dessas?
Este é um filme excessivo, no bom e no mau sentidos. Durante duas horas e meia somos bombardeados por informações sobre o estado do colonialismo na África nos anos 1960. São dezenas de personagens políticos pululando ao ritmo da bateria de Max Roach e de outras estrelas do jazz estadunidense. A pletora de imagens e áudios de arquivo é complementada por uma infinidade de letreiros com as respectivas referências bibliográficas. Um livro em filme, eu quase diria. Para ler o texto de Carlos Alberto Mattos clique aqui
Cinderela do Brooklyn
Pegue um pouco de "Uma Linda Mulher" e um bocado dos filmes de gangster de Scorsese. Agora mergulhe a mistura num molho de antigas screwball comedies e você terá "Anora", a surpreendente Palma de Ouro de Cannes 2024. Surpreendente porque competia com filmes de peso como "A Semente do Fruto Sagrado", "Levados pelas Marés"/Jia Zhang-ke, "Grand Tour"/Miguel Gomes, "Emilia Pérez", "Megalópolis" e o badalado "A Substância". "Anora" era apenas o grande divertissement do festival. Para ler o texto de Carlos Alberto Mattos clique aqui
Uma imensa paisagem
Quantos de nós já passamos pelos livros de Heloísa Buarque de Hollanda, agora Heloísa Teixeira? Seja no que toca a poesia marginal, feminismo, contracultura ou culturas periféricas, sua obra é incontornável quando se pensa o nosso tempo fora das caixinhas do bem-pensar. Mas a gente só conhece mesmo Heloísa quando a vemos falar. É isso o que nos proporciona, fartamente, o documentário "O Nascimento de H. Teixeira". Para ler o texto de Carlos Alberto Mattos clique aqui
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