"Introducão à poemonáutica" - Carlos Loures
Introducão à poemonáutica
Na tercena em que a nave é construída
e na página onde o poema é concebido,
são semelhantes as magias praticadas:
o corpo de osíris, em pedaços dividido,
é, pelo amor de ísis, devolvido à vida.
Barco e poema viviam antes de nascer.
A grande poesia e os barcos belos estão
nas árvores da floresta encarcerados.
Madeira e papel, libertos da prisão,
são poema ou nau que eram sonhados
por quem os concebeu e, solto, o poema, voa alteroso;
resgatado, o barco, desliza como um delfim majestoso.
Carlos Loures