sexta-feira, 31 de agosto de 2018

"Naturalidade" - Rui Knopfli

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Naturalidade

Europeu, me dizem.
Eivam-me de literatura e doutrina
europeias
e europeu me chamam.
 
Não sei se o que escrevo tem a raiz de algum
pensamento europeu.
É provável... Não. É certo,
mas africano sou.
Pulsa-me o coração ao ritmo dolente
desta luz e deste quebranto.
Trago no sangue uma amplidão
de coordenadas geográficas e mar Índico.
Rosas não me dizem nada,
caso-me mais à agrura das micaias
e ao silêncio longo e roxo das tardes
com gritos de aves estranhas.
 
Chamais-me europeu? Pronto, calo-me.
Mas dentro de mim há savanas de aridez
e planuras sem fim
com longos rios langues e sinuosos,
uma fita de fumo vertical,
um negro e uma viola estalando.
 
 
Rui Knopfli
(Poeta moçambicano)

Por que nós, psicólogos, temos a obrigação de falar sobre Bolsonaro?


Porque nossa profissão o exige. É uma questão ética nos posicionarmos contra este homem e contra qualquer possibilidade dele vir a ser o presidente do país.
Porque nossa profissão está alinhada com o compromisso da defesa dos direitos humanos, da defesa das minorias, da defesa dos que sofrem.
Porque nossa profissão nos obriga a trabalhar pelo bem comum, pela saúde mental. 
Para ler o texto completo de Helenice Rocha clique aqui
Jair Bolsonaro livro
Leia “Bolsonaro inconscientemente queria divulgar meu livro sobre educação sexual”, diz escritora clicando aqui



Buster Keaton volta a fazer rir

Fotograma do documentário ‘The Great Buster. A Celebration’.

Peter Bodganovich homenageia o mestre do humor com um documentário. 

Para ler o texto completo de Tommaso Koch clique aqui

Pinheiro-Machado: De Lula a Bolsonaro, como entender o voto das periferias?


O que fez com que “uma grande parcela” da população brasileira, mais especificamente, de Porto Alegre, passasse de uma adesão ao lulismo para uma identificação com o deputado Jair Bolsonaro e à adesão ao bolsonarismo? 
Para ler a entrevista de Rosana Pinheiro-Machado clique aqui

Conceição Evaristo: Ela seria a primeira escritora negra da Academia Brasileira de Letras. Mesmo com a maior campanha popular da história, perdeu


A Academia Brasileira de Letras elegeu nesta quinta Cacá Diegues para a cadeira número 7. Cacá vai substituir o cineasta Nelson Pereira do Santos e derrotou outros dez candidatos, entre eles Conceição Evaristo, a escritora negra que decidiu desafiar a instituição. Aos 71 anos, a mineira optou por uma espécie de anticandidatura e causou incômodo ao dispensar a bajulação habitual para ganhar votos dos imortais que frequentam o “clube de amigos”. 
Para ler o texto completo de Mateus Campos e Paula Bianchi clique aqui

Uma falha de raciocínio que une criacionistas e 'conspiranoicos'

As imagens dos astronautas norte-americanos na Lua são um dos temas favoritos nas teorias da conspiração.

Pesquisadores apontam aspectos comuns entre quem acredita que Deus criou tudo tal qual é hoje e os que afirmam que sempre há conspiradores por trás dos grandes fatos. 

Para ler o texto completo de Daniel Mediavilla clique aqui

Brasil: É ou não é possível derrotar o golpe nestas eleições?

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A resposta ao enunciado da pergunta do título é complicada, porém, inescapável. É complicada porque respostas simples, seja o sim ou o não, são insatisfatórias. 
Para ler o texto completo de Valério Arcary clique aqui

"Nas ervas" - Eugénio de Andrade

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Nas ervas

Escalar-te lábio a lábio,
percorrer-te: eis a cintura
o lume breve entre as nádegas
e o ventre, o peito, o dorso
descer aos flancos, enterrar

os olhos na pedra fresca
dos teus olhos,
entregar-me poro a poro
ao furor da tua boca,
esquecer a mão errante
na festa ou na fresta

aberta à doce penetração
das águas duras,
respirar como quem tropeça
no escuro, gritar
às portas da alegria,
da solidão.

porque é terrivel
subir assim às hastes da loucura,
do fogo descer à neve.

abandonar-me agora
nas ervas ao orvalho -
a glande leve.

Eugénio de Andrade

Valérie Massadian "As minhas raparigas caem no chão, magoam os joelhos e levantam-se"

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Uma realizadora ampara as suas raparigas quando as lança para habitarem a vida de um filme. Primeiro foi Nana, conto de fadas em que uma menina de quatro anos desbravava o mundo na floresta. Agora é Milla, com uma mãe de 17 anos numa paisagem sem compaixão. Num mundo agreste, a doçura — sem facilidades — do cinema de Valérie Massadian. 
Para ler sua entrevista clique aqui

Departamento de Justiça dos EUA acusa Harvard de discriminação racial

Estudantes da Universidade Harvard em maio, durante entrega de diplomas.

Administração Trump respalda a demanda de estudantes asiáticos-americanos e intensifica o debate sobre políticas afirmativas. 

Para ler o texto completo de Sandro Pozzi clique aqui

Boaventura de Sousa Santos: Supremo se ajoelhou diante das pressões de cima


O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, em passagem pelo Brasil, avaliou que a política está sendo degradada e o judiciário é um elemento central nesse processo. "É a politização do judiciário e a judicialização da política". ele não poupou juízes da responsabilidade com o que chama de "democracia de baixa intensidade". Para ele, a ministra Cármen Lúcia teve um papel "deplorável" enquanto presidente do Supremo. 
Para ler sua entrevista clique aqui

Os Azeitonas - "Anda comigo ver os aviões"

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Para assistir à interpretação de "Anda comigo ver os aviões" pelo grupo Os Azeitonas clique no vídeo aqui

Máquinas digitais: hora de desconectar?


Douglas Rushkoff, um dos grandes teóricos do mundo digital, adverte: redes sociais mobilizam nosso lado réptil- primitivo, para que troquemos a política pelo consumo.
Para ler sua entrevista clique aqui
 Leia "Jaron Lanier, pioneiro da internet, quer que você largue as redes sociais" clicando aqui

Curso online sobre luta de classes


A TV Boitempo acaba de disponibilizar um novo curso completo! Ao longo de quatro vídeos, o sociólogo do trabalho Ruy Braga faz uma leitura da atual crise da globalização capitalista e demonstra a vitalidade do conceito de "precariado" para decifrar as novas dinâmicas da luta de classes na contemporaneidade. 
Para ter acesso aos quatro vídeos do curso clique aqui

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

"Nas cavernas do mar" - Yorgos Seferis

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Nas cavernas do mar

Nas cavernas do mar
há uma sede, há um amor
há um êxtase
inabalável como as conchas
que você segura na palma da mão.

Nas cavernas do mar
durante dias contemplei teus olhos,
e não nos conhecemos.

Yorgos Seferis

David Harvey: o capitalismo da servidão por dívida


"Uma das formas de exercer controle social é afundar as pessoas em dívidas a tal ponto que elas não possam sequer imaginar um futuro que não seja viver para poder pagar sua dívida. Esse é um dos maiores limites ao radicalismo, por exemplo, da geração dos 'millennials'." 
Para ler a entrevista de David Harvey clique aqui

A Justiça tenta substituir a vontade do eleitor, diz cientista político

A Justiça tenta substituir a vontade do eleitor, diz cientista político

Esta será a disputa mais judicializada da história, prevê Leonardo Avritzer, coordenador do Observatório das Eleições. 
Para ler seu texto clique aqui

Yu Hua, o romancista chinês aceite pelo sistema que não tolera os seus ensaios

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A observação do quotidiano chinês é o mote para o conjunto de ensaios de Yu Hua, um dos nomes obrigatórios da atual geração de escritores da China. Depois da ficção, este vanguardista sempre com um pé no real chega com China Em Dez Palavras, um livro proibido no seu país. 
Para ler sua entrevista clique aqui

Terceirização na educação e os prejuízos para o ensino


As novas modalidades de contratação precarizam ainda mais as condições de trabalho de uma categoria que sempre teve que lutar, inclusive, para ser reconhecida enquanto educadora. 
Para ler o texto completo clique aqui


O ilusionismo na produção de leis sobre segurança e justiça no Brasil


Diversos exemplos recentes do Congresso Nacional mostram como faltam dados e embasamento às normas e políticas públicas na área criminal propostas por parlamentares em Brasília. 
Para ler o texto completo de Ana Navarrete e Andresa Porto clique aqui

A política econômica de Che Guevara


Numa época em que a imagem de Che Guevara está em toda parte como símbolo de mera rebeldia, é tão oportuno quanto instigante o resgate empreendido por Luiz Bernardo Pericás de uma faceta essencial, mas pouco conhecida, do líder guerrilheiro: a do administrador e estadista. 
Para ler o texto de Jorge Grespan clique aqui

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

"Não vou pôr-te flores de laranjeira no cabelo" - Joaquim Pessoa

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Não vou pôr-te flores de laranjeira no cabelo

Não vou pôr-te flores de laranjeira no cabelo
nem fazer explodir a madrugada nos teus olhos.

Eu quero apenas amar-te lentamente
como se todo o tempo fosse nosso
como se todo o tempo fosse pouco
como se nem sequer houvesse tempo.

Soltar os teus seios.
Despir as tuas ancas.
Apunhalar de amor o teu ventre.

Joaquim Pessoa

Por que a obra de James Baldwin precisa ser lida no Brasil

James Baldwin no Albert Memorial ao lado da estátua de Shakespeare, em Londres, em 1969

Em entrevista ao ‘Nexo’, uma editora, um sociólogo e um antropólogo, conhecedores da obra do escritor e ativista americano, detalham a importância de conhecê-la hoje. 
Para ler o texto completo de Juliana Domingos de Lima clique aqui

"Cannes defende ideia de cinema do passado, Veneza abre-se às novas formas do cinema"

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O diretor do Festival de Veneza, Alberto Barbera, tem razões para sorrir no início desta 75.ª edição: o estatuto do evento como rampa de lançamento para os Óscares está consolidado e o pragmatismo em relação aos serviços de streaming compensa. 
Para ler sua entrevista clique aqui

Como o Brasil alimenta a desigualdade?

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Educação pública de baixa qualidade, sistema tributário injusto e aposentadorias privilegiadas ajudam a formar uma das sociedades mais desiguais do planeta.
Para ler o texto completo clique aqui

20 dos edifícios mais intrigantes já construídos

construções estranhas

Abaixo você pode ver uma grande galeria de fotos que contém alguns dos edifícios mais originais e incomuns que nosso planeta já viu, que realmente parecem esticar os limites da imaginação humana.

1. Mind House, Barcelona, Espanha
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2. A Casa Torta, Sopot, Polônia
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3. Casa de Pedra, Guimarães, Portugal
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4. Templo de Lótus, Nova Deli, Índia
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5. Catedral de Brasília, Brasil
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6. La Pedrera, Barcelona, Espanha
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7. Atomium, Bruxelas, Bélgica
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8. Biblioteca de Kansas City, Missouri, EUA
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9. Casa de Baixo Impacto Ambiental, País de Gales, Reino Unido
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10. Estádio Olímpico, Montreal, Canadá
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11. Casa Nautilus, Cidade do México, México
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12. Biblioteca Nacional, Minsk, Bielorrússia
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13. Casa Concha, Ilha das Mulheres, México
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14. House Attack, Viena, Áustria
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15. Palácio Ideal, França
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16. Igreja de Hallgrimur, Reykjavik, Islândia
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17. Projeto Éden, Cornwall, Reino Unido
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18. Biosfera de Montreal, Canadá
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19. Edifício Cesta, Ohio, EUA
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20. Kunsthaus, Graz, Áustria
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Revista "Educação e Pesquisa", vol.44, 2018

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Para ter acesso ao conteúdo completo da Revista "Educação e Pesquisa" clique aqui

Um povo desmemoriado


O povo brasileiro sempre foi culpado pelos males que o atinge. Quando eu digo culpado, falo alguém que sempre o culpa. Normalmente os mesmos que lhe infligem os maiores danos. Sempre o povo foi caracterizado como “preguiçoso” e “matreiro”, como repetiu o general fascista, mistura de índio com negro que se acha europeu, recentemente. Além disto, dentro de um discurso elitista, foi um povo que nunca teve “brio” sequer para ter “heróis”. No deslumbramento “viralático” pelos franceses, ingleses ou norte-americanos, nossas elites negavam Zumbi, Dandara, Pagu ou Carlos Prestes. De João Cândido a Leonel Brizola, para ficar no século XX, todos são retratados como agitadores sociais, não adaptados, mal-educados, “antirrepublicanos” ou mesmo “invejosos”. A verdade é que nada na nossa imensa história de lutas serve à elite. 
Para ler o texto completo de Fernando Horta clique aqui

"Água iluminada. Umas vezes um lago..." - Casimiro de Brito

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Água iluminada. Umas vezes um lago
onde me debruço, e fico a vê-lo cintilar
dentro de ti — outras vezes
lava derramada na pedra
em desejo convertida. Toco-te,
abre-se a vida. Água por onde caminho
e me perco: e perdido encontro
o jardim, o paradeisos.
Bocas que se abrem ao vento com seu barro
triste. É o caos, a floresta virgem
em cada onda do teu corpo ardente.
Água nua e cascata
a meu chão regressada.
Mãe das pedras e dos rios e do meu delírio
em ti concentrado. Água que flui
no outro lado: entro bebo ascendo
e fico mais sedento. Ouço-te
murmurar; ouço a fonte selada
transformar-se em canto
e no meu corpo rebentar
só de a tocar. Derrama-se a primeira gota,
navego nas estrelas. Uma vaga
e todo o meu corpo se converte
em praia sentimental. Fazes do teu corpo
um poço, e já me debruço na doce vertigem
de quem vai cair. Cumpres o teu destino
de ser mar: o meu é mergulhar.
Água onde me afogo e ardo e viajo
na morte mais impura — esta
de que regresso com a boca na tua água
cada vez mais escura. A garganta. A gruta
obsessiva. Água nos seios bocas axilas —
seios que me dizem que amar é encostar-me
às tuas folhas, fendas que se abrem e me engolem
sem vacilar, pernas que me aprisionam
e não quero outra prisão. Não sabemos
se há vida depois da morte, se há morte
depois de perder os sentidos.


Casimiro de Brito

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