sábado, 29 de outubro de 2022

"Ainda assim me levanto" - Maya Angelou

 




Ainda assim me levanto

 

 

 



Você pode me riscar da História


com mentiras lançadas ao ar.


Pode me jogar contra o chão de terra,


mas ainda assim, como a poeira, eu vou me levantar.


Minha presença o incomoda?


Por que meu brilho o intimida?


Porque eu caminho como quem possui riquezas dignas do grego Midas.


Como a lua e como o sol no céu,


com a certeza da onda no mar,


como a esperança emergindo na desgraça,


assim eu vou me levantar.


Você não queria me ver quebrada?


Cabeça curvada e olhos para o chão?


Ombros caídos como as lágrimas,


minh'alma enfraquecida pela solidão?


Meu orgulho o ofende?


Tenho certeza que sim


porque eu rio como quem possui


ouros escondidos em mim.


Pode me atirar palavras afiadas,


dilacerar-me com seu olhar,


você pode me matar em nome do ódio,


mas ainda assim, como o ar, eu vou me levantar.


Minha sensualidade incomoda?


Será que você se pergunta


por que eu danço como se tivesse


um diamante onde as coxas se juntam?


Da favela, da humilhação imposta pela cor,


eu me levanto.


De um passado enraizado na dor,


eu me levanto.


Sou um oceano negro, profundo na fé


crescendo e expandindo-se como a maré.


Deixando para trás noites de terror e atrocidade,


eu me levanto.


Em direção a um novo dia de intensa claridade,


eu me levanto


trazendo comigo o dom de meus antepassados,


eu carrego o sonho e a esperança do homem escravizado.


E assim, eu me levanto


eu me levanto


eu me levanto.



 

 

 

Maya Angelou



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