quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Cinema e educação: o diálogo de duas artes

Neste texto analisaremos, inicialmente, o cinema enquanto fenômeno artístico, a mistura que ele instaura entre pensamento e palavra servindo-se de imagens, os elementos que o caracterizam, a forma, levada ao extremo, como ele ilude a vida. Em seguida, abordaremos como a experiência da arte não só permite ao indivíduo encontrar-se como ser social, como também ao nível pedagógico, permitindo uma maior facilidade de aquisição de saberes. Através da educação promove-se a oportunidade de desenvolver características como a autoestima, a curiosidade, a iniciativa e a cooperação através de métodos de trabalho muito criativos, com diferentes linguagens expressivas. Por fim, procuraremos mostrar como o olhar cinematográfico enriquece nosso olhar sobre a educação e sobre o processo escolar, atuando como um elemento de aprimoramento cultural e intelectual dos docentes e dos discentes. O texto foi publicado no dia 31 de outubro de 2013 no número 01 da revista SCIAS (da Faculdade de Educação da Universidade do Estado de Minas Gerais) podendo o Sumário ser lido clicando aqui
Para ler o texto completo de José de Sousa Miguel Lopes clique em: Baixar este arquivo PDF



JENNIFER SOUZA: Lançamento do CD "Impossível Breve"


Após doze anos de estrada e cinco de criação de um primeiro trabalho individual, a cantora, compositora e guitarrista mineira Jennifer Souza lança seu álbum de estreia “Impossível Breve”. Plasmado sob a atmosfera bucólica do bairro de Santa Tereza, produzido de forma totalmente independente e colaborativa, o disco traz nove canções de um folk jazz indie maduro e confessional.
Leia abaixo a crítica de Lud Fonseca sobre este trabalho.

Impossível Breve

Dia 08 de novembro, acontece em BH o show de lançamento do Impossível Breve. Aí vocês me perguntam: “Mas, Lud, o que é o Impossível Breve?”. Bom, o Impossível Breve é aquele breve momento, aquele brevíssimo momento, em que o impossível acontece. São aqueles minutos que preenchem bons anos das nossas vidas. O impossível breve é o nosso lembrete diário de que temos que estar sensíveis ao que acontece a nossa volta, para não perdermos a oportunidade da beleza. É aquela nota pregada na geladeira: não deixemos as finuras da vida passarem sem nos apercebermos disso.
Além disso, o Impossível Breve é desejo. É desejo de viver, pelo menos, um momento curto daquilo que parece mais que improvável, impossível. Não é realidade, mas a capacidade de sonhar com o intangível. É a intensa ligação entre desejo e sonho.  A pequena confusão entre aquilo que desejo porque vejo e aquilo que planejo enquanto sonho faz a impossibilidade parecer bobagem. Impossível breve é aquilo que todo mundo deveria conhecer: aquele fugidio instante em que, de dentro do sonho, olhamos para a realidade com olhos descrentes – porque ela não faz sentido.
Impossível Breve é, por outro lado, tudo aqui que leva em si a impossibilidade de brevidade. É o que, dada a sua importância, não está de passagem. É a condição de tudo que vem até nós motivado a ficar. Qualquer breve vivido que ressoa em tudo que somos e fazemos, qualquer momento em que transformarmos o que está a nossa volta e somos transformados por isso, irremediavelmente.
E a Impossível Breve é, finalmente, uma ironia musical. Breve é uma figura rítmica praticamente extinta porque é longa demais.  A impossível breve passa, então, a ser o valor que a gente bem que quer alcançar e que já não se encaixa no nosso compasso. A impossível breve é o desejo de fazer durar um pouco mais aquilo que foi escrito sempre faltando a metade.
E, no meio disso tudo, o Impossível Breve é o CD que a Jennifer Souza vai lançar dia 08 de novembro no espaço 104, em BH. Um CD emocionante, daqueles que é só pros fortes e pros sensíveis. Daqueles de arrebentar a boca do balão, de chutar o pau da barraca, de gritar “chora, botão!”. E é um CD pra ouvir, não pra simplesmente colocar de música de fundo. Ele te pede alguns breves minutos de atenção. E vale a pena.
Para não dizer que não falei, sinto que um pedacinho do trabalho tão sensível da Jeninha é um pouco meu. Não só porque tem duas músicas que levam o meu nome, mas porque é como se tudo falasse daquilo que importa. Eu demorei muito a escrever sobre os Impossíveis Breves, e acho que é porque é difícil expressar toda a gratidão de estar vivendo a minha vida, que é só mais um breve instante de sorte, num momento especial, em que trabalhos como este da Jennifer se tornam possíveis.

Lud Fonseca

Leia também duas resenhas sobre este álbum de Jennifer Souza clicando aqui e aqui
Pode ajudar na campanha financeira do lançamento (pois se trata de uma produção absolutamente independente) clicando aqui



quarta-feira, 30 de outubro de 2013

"Preenchi uma lacuna", diz jornalista autor da biografia não autorizada de Roberto Carlos - A ENTREVISTA DO ANO

 

O ‘Roda Viva’ recebeu no dia 28 de outubro o jornalista e escritor Paulo Cesar de Araújo, para falar a respeito da polêmica envolvendo a publicação de biografias não autorizadas, que colocou em lados opostos artistas como Caetano Veloso e Gilberto Gil, e editoras.
Em entrevista, ele também falou sobre o livro Roberto Carlos em Detalhes - biografia não autorizada do cantor. Lançado em 2006, o livro foi resultado de pesquisa ao longo de mais de 15 anos, que reuniu depoimentos de cerca de 200 pessoas que participaram da trajetória de Roberto Carlos. A obra foi vetada pelo cantor capixaba em 2007, por meio de ações na Justiça.
No dia anterior do programa ir ao ar, Roberto Carlos concedeu entrevista ao ‘Fantástico’, onde declarou ser favorável ao projeto que libera a publicação de biografias não autorizadas, mas ressaltou que tem que haver um equilíbrio, algo bastante contraditório já que pediu recolhimento da biografia feita por Paulo Cesar de Araújo.
No ‘Roda Viva’, o jornalista explicou que no seu caso a questão não foi invasão de privacidade. “A luz não acende se ele não mandar acender. Há 45 anos, tudo em torno dele, é controlado por ele. Roberto sentiu como se o chão estive longe dos seus pés. E também juntou com a questão financeira, a de alguém ganhar dinheiro com o seu nome”.
Para Araújo, a vida do cantor sempre foi um livro aberto, tanto por meio de suas músicas, como pela própria mídia. “Apenas explico aquilo que ele cantou em músicas e disse em entrevistas. Ele está mais do que acostumado a falar sobre a sua vida. No caso do meu livro, o que mais incomodou foi a existência de uma biografia não autorizada e com força no mercado. Ele não queria é que alguém ganhasse dinheiro com o nome dele”.
O jornalista ressaltou que não se arrepende de nada e que cumpriu a sua missão ao fazer a obra: “Eu tinha um objetivo - explicar esse fenômeno Roberto Carlos. Eu quis dar importância a esse fenômeno. Consegui fazer isso e o meu livro foi publicado. Não me preocupei com a reação dele, a minha preocupação foi com a história, porque eu preenchi uma lacuna”.
Recentemente, para contestar o cantor Chico Buarque, que declarou jamais ter sido entrevistado pelo jornalista para a biografia de Roberto Carlos, Paulo Cesar apresentou vídeo e foto do encontro.
Paulo Cesar de Araújo, que nasceu em Vitória da Conquista (BA), em 14 de março de 1962, é jornalista formado pela PUC-RJ, historiador formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e mestre em Memória Social pela Uni-Rio.
Outra obra literária de Paulo Cesar que se tornou referência na historiografia ligada à música popular brasileira é o livro Eu Não Sou Cachorro, Não, que traça um paralelo entre a ditadura militar no Brasil e os cantores considerados “bregas” da época.
Apresentado por Augusto Nunes, o ‘Roda Viva’ contou com uma bancada de entrevistadores formada por Alberto Dines (editor do site e do programa de TV ‘Observatório da Imprensa’), Jerônimo Teixeira (editor de cultura da revista Veja), Júlio Maria (repórter de música do jornal O Estado de S. Paulo), Anna Virginia Balloussier (editora-assistente da revista São Paulo, do jornal Folha de São Paulo) e Luís Antônio Giron (editor de cultura da revista Época). 
Assista à sequência dos 4 vídeos (cerca de 1:30h) da participação de Paulo Cesar de Araújo no ‘Roda Viva’, numa das mais importantes entrevistas realizadas no ano, clicando aqui
 


"ON" OU "OFF": DE QUE LADO VOCÊ ESTÁ?


Uma pergunta embaraçosa para todos nós que vivemos num mundo sem tempo para nada, quando há tanto para admirar, usufruir e alimentar o espírito contaminado pelo trabalho e assediado pelas mídias tecnológicas.
Veja este vídeo imperdível, clicando aqui



terça-feira, 29 de outubro de 2013

Biografias em tempos de mercadoria

Por detrás da disputa entre os que são a favor ou contra biografias não autorizadas, o momento é singular para desvelarmos a estrutura do capitalismo cultural contemporâneo, cujos dois lados curiosamente se condicionam. E talvez deixem mais claras as angústias de Chico Buarque com sua privacidade, os anseios de Djavan por mais dinheiro e o desejo dos biógrafos pela liberdade. E possam exibir, por fim, os mecanismos da mercadoria cultural, nesses tristes dias em que se leem tantas biografias, e em que elas ganham tanta relevância.
De uma só feita, no episódio da crise das biografias, podemos observar a estatura que alcançou a figura do “Autor” – aqui entendido como o artista criador/executor – se tornando hegemônico no campo da cultura. E, junto a isso, podemos ver como ele também, contraditoriamente, possui a mesma condição de mercadoria.
O trabalho do “autor” é o epicentro de acumulação de nosso atual capitalismo cultural. Pois no momento em que toda a cultura é capitalista, a figura do autor é a que move o sistema, é a que cria novos produtos, que lança modas e discursos, é a que possui a “autoridade” (como lembram Raymond Willians e Francisco Alambert), e que produz mais valor, por sobre simples produtos, apenas com sua assinatura. É ele, portanto, a figura chave para a inovação, atitude tão cara à economia criativa de nossos tempos. O autor é a figura, no terreno da cultura, que possui a capacidade de gerar valor abstrato, tão importante ao sistema ficcional criado pelo capitalismo pós-industrial.
Para ler o texto completo de Guilherme Leite Cunha clique aqui
Leia "Fica dramática a situação no Brasil!" de Geneton Moraes Neto clicando aqui


Por que a direita e a esquerda se unem no ódio aos black blocs

Ninguém gosta dos black blocs exceto eles próprios.
Cheguei a essa conclusão depois de ver Dilma, pelo Twitter, condená-los pelo ato “covarde” de bater num coronel da PM. Segundo Dilma, eles têm protagonizado cenas de “barbárie”.
Você lê o Globo e a Veja e lá estão eles, atacados como vândalos, baderneiros, criminosos, bandidos etc.
A direita e a esquerda estão unidas no ódio aos black blocs por diferentes razões. Para a direita, eles são um incômodo porque denunciam escandalosamente a desigualdade social brasileira.
Para a esquerda, especificamente a ligada ao PT, eles são um incômodo porque mostram que não estão satisfeitos com os avanços sociais feitos nos últimos dez anos por governos.
Para ler o texto completo de Paulo Nogueira clique aqui

"EU SEI, MAS NÃO DEVIA" - Marina Colasanti

 
Eu sei, mas não devia
Marina Colasanti
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

(1972)
Marina Colasanti nasceu em Asmara, Etiópia, morou 11 anos na Itália e desde então vive no Brasil. Publicou vários livros de contos, crônicas, poemas e histórias infantis. Recebeu o Prêmio Jabuti com Eu sei mas não devia e também por Rota de Colisão. Dentre outros escreveu E por falar em Amor; Contos de Amor Rasgados; Aqui entre nós, Intimidade Pública, Eu Sozinha, Zooilógico, A Morada do Ser, A nova Mulher, Mulher daqui pra Frente e O leopardo é um animal delicado. Escreve, também, para revistas femininas e constantemente é convidada para cursos e palestras em todo o Brasil. É casada com o escritor e poeta Affonso Romano de Sant'Anna.
O texto acima foi extraído do livro "Eu sei, mas não devia", Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1996, pág. 09.
 


"Se o público cheirar documentário, ele foge", diz o cineasta Eduardo Coutinho

Aos 80 anos, Eduardo Coutinho é uma verdadeira estrela na Mostra de São Paulo. Nas telas, seu trabalho no cinema ganha uma respeitada retrospectiva --desde curtas aos longas ficcionais mais raros, como "O Homem que Comprou o Mundo" (1968) e "Faustão" (1970), e das reportagens para o "Globo Repórter" aos documentários clássicos, como "Edifício Master" (2002) e "Jogo de Cena" (2007). As críticas de cinema, escritas para o "Jornal do Brasil" entre 1973 e 1974, também foram organizadas pela Cosac Naify, junto com ensaios sobre seus filmes e entrevistas, e integram o livro que leva seu nome.
A oportunidade de dar um mergulho em uma filmografia rica e incomum é sedutora para qualquer cinéfilo, menos para Coutinho. "Eu nunca revejo meus filmes. Acho obsceno, me sinto mal", disse o diretor ao UOL. "Quando apresento um filme, vejo se o som está bom e vou embora. Às vezes, eu vou a sessões e fico atrás da cortina, vendo a reação das pessoas. Quando há pessoas..."
Para ler o texto completo de Tiago Dias clique aqui

"Abusos da realidade": o excepcionalismo dos EUA e a doutrina Obama

O recente bate-boca Obama-Putin sobre o excepcionalismo norte-americano reacendeu um debate em curso sobre a Doutrina Obama: O presidente deriva para o isolacionismo? Ou carregará, orgulhoso, a bandeira do excepcionalismo?
O debate é mais estreito do que pode parecer. Há considerável campo comum entre as duas posições, como o expressou claramente Hans Morgenthau, fundador da hoje dominante escola “realista”, sem sentimentalismos, de relações internacionais.
Em todo seu trabalho, Morgenthau descreve os EUA como a única, dentre as grandes potências passadas e presentes, que tem um “propósito transcendental” que ela “deve defender e promover” pelo mundo: “o estabelecimento da igualdade na liberdade”.
Os dois conceitos concorrentes, o “excepcionalismo” e o “isolacionismo”, aceitam ambos a doutrina do propósito transcendental de estabelecer a igualdade da liberdade, e suas várias elaborações, mas diferem quanto às aplicações da doutrina.
Para ler o texto completo de Noam Chomsky clique aqui

domingo, 27 de outubro de 2013

“Cidade com desigualdade é um inferno”

MariaRitaKehl_RafaelStedile
O principal problema das grandes cidades é a desigualdade social, que faz do mesmo território um espaço distinto para as diferentes classes sociais. As contradições dentro de uma mesma cidade levam ao sentimento de desencanto, que está na raiz das mobilizações que tomaram o país em junho.
A avaliação é da psicanalista Maria Rita Kehl, que é especialista em psicologia social e em psicanálise. Em entrevista ao "Brasil de Fato", Maria Rita Kehl relaciona desigualdade, juventude e violência policial.
Maria Rita Kehl foi indicada pela presidenta Dilma Rousseff, em 2010, para integrar a Comissão Nacional da Verdade, criada para investigar os crimes cometidos pelo Estado brasileiro durante o regime militar.
Autora do livro “O Tempo e o Cão” (Boitempo), que debate a depressão na sociedade contemporânea, ganhou o Prêmio Jabuti na categoria Educação, Psicologia e Psicanálise.
Para ler a entrevista de Maria Rita Kehl clique aqui

MOÇAMBIQUE: duas interpretações de Stewart Sukuma

 
 

Stewart Sukuma nome artístico de Luís Pereira é um cantor moçambicano. Proveniente de uma família modesta, iniciou gosto pela música ainda na infância. Em 1977 foi para Maputo, onde aprendeu a tocar percussão, guitarra e piano e em 1982 começou a cantar numa banda. O seu primeiro trabalho discográfico foi gravado, em 1983, para a Rádio Moçambique. Nesse mesmo ano, recebeu o Prémio Ngoma para Melhor Intérprete Nacional, em Moçambique. Rapidamente se tornou num músico popular, ouvido nas estações de rádio moçambicanas. Em 1987, gravou o álbum Independência, com a Orchestra Marrabenta Star de Moçambique, em Harare (Zimbabwe). Realizou vários concertos pela Europa, como no Festival de Berlim, em Londres, no Hackney Empire, na Finlândia, na Noruega, na Dinamarca, Suécia, Holanda, entre outros. Partilhou o palco com outros artistas, tal como Bhundu Boys, Mark Knopfler, Youssou N'Dour, Miriam Makeba, e Hugh Masekela. Em 1995, Stewart Sukuma foi viver na África do Sul, onde produziu o álbum Afrikiti, juntamente com outros músicos moçambicanos e sul-africanos. A sua música conjuga ritmos africanos, brasileiros e da música pop e o artista canta em português, inglês e outras línguas africanas. Em 1998, vai para os Estados Unidos estudar no Berklee College of Music, em Boston, Massachusetts, tornando-se no primeiro moçambicano a estudar nessa escola. Nesse mesmo ano, ganhou o Prémio de Música da Unesco, em Moçambique. Em Junho de 1998, realizou três concertos na EXPO'98, em Lisboa, e actuou no Houston International Festival, no Texas, em 1999, juntamente com outros artistas, como Angellique Kidjo, Abdullah Ibrahim, Oumou Sangare e Hugh Masekela.
Escute a interpretação de “Xitchuketa Marrabenta” por Stewart Sukuma clicando aqui
Escute a interpretação de “Tukuraka” por Stewart Sukuma clicando aqui
 

 
 

sábado, 26 de outubro de 2013

VIGIAR & PUNIR: A relativização da barbárie

Circula na imprensa, já há alguns dias, a história de um homem de 37 anos que foi enforcado no Irã, no início deste mês, e sobreviveu após doze horas pendurado pelo pescoço. Na quinta-feira (24/10), a mídia reproduz declaração de um representante do governo iraniano afirmando que o sobrevivente, que ainda está hospitalizado, em estado grave, não voltará a ser enforcado.
Como as notícias dependem de fontes irregulares e controladas, o leitor curioso pode apenas imaginar o que irá ocorrer em seguida, mas deve descartar de antemão que o condenado venha simplesmente a ser perdoado.
O evento, curioso para quem nunca teve uma corda enrolada ao pescoço, suscita reflexões sobre as diferenças entre as culturas dos países que formam o complexo mosaico das relações globais.
Numa sociedade majoritariamente conservadora e dominada pelo poder religioso, como é a iraniana, a história percorre os intricados caminhos do rumor, que, sem a liberdade de ação, circula e se esgota no próprio sistema de comunicações de primeiro grau, o diz-que-diz. Se, hipoteticamente, um fato semelhante ocorresse numa sociedade onde as comunicações são escancaradamente abertas pelas mídias digitais e com imprensa livre, já teríamos uma onda de manifestações de rua em favor desta ou daquela solução para o dilema do morto-vivo.
Para ler o texto completo de Luciano Martins Costa clique aqui

ENTREVISTA / LUIS FERNANDO VERISSIMO: Descoberta da finitude

Viagem à Europa para lançar a versão francesa de Os Espiões e também para descansar; planos para novas crônicas e, ainda em segredo, início da escrita de um musical que deve estrear no próximo ano sobre a velhice, tarefa que vai dividir com amigos do peito como Ziraldo e Zuenir Ventura – nem parece que Luis Fernando Verissimo quase morreu no ano passado, vítima de uma infecção nos rins que ameaçou se tornar letal. Aos 77 anos, o cronista do Estado de S.Paulo continua na ativa (em velocidade controlada) e, para comemorar, lança Os Últimos Quartetos de Beethoven e Outros Contos (Objetiva), coletânea com dez textos de ficção, dos quais três são inéditos e um estava há muito fora de circulação.
Justamente esses três foram escritos durante o período de recuperação, e há um quase irreconhecível tom de amargura em alguns textos, ainda que prevaleça o tradicional bom humor de Verissimo. No conto que inspira o título da obra, por exemplo, o leitor acompanha o fascínio provocado por Lívia em cinco garotos e descobre como o destino da garota, apesar de poético, é doloroso.
Para ler a entrevista de Luis Fernando Verissimo clique aqui

Principais instituições de internet abandonam o governo dos EUA

Em Montevidéu, Uruguai, [na sexta-feira, 11/10], os diretores de todas as principais organizações da internet – ICANN, a Força-Tarefa de Engenharia da Internet (IETF), o Conselho de Arquitetura da Internet (IAB), o Consórcio World Wide Web (W3C), a Internet Society (ISOC), todos os cinco registradores regionais de endereços IP da Internet (AfriNIC,APNIC, ARIN, LACNIC e RIPE/NCC) – voltaram suas costas ao governo dos EUA. Com unanimidade marcante, as organizações que realmente desenvolvem e administram os padrões e recursos da Internet iniciaram uma ruptura com o domínio dos EUA sobre a governança da internet que já vem de três décadas.
Um comunicado divulgado pelo grupo defende a “aceleração da globalização das funções da ICANN e da IANA, para chegar a um ambiente no qual todas as partes interessadas, incluindo todos os governos, participem em pé de igualdade”. Essa parte da declaração constitui uma rejeição explícita da supervisão unilateral da ICANN pelo Departamento de Comércio dos EUA do Comércio dos EUA através do contrato IANA. Ela também ataca indiretamente a abordagem unilateral dos EUA na Afirmação de Compromissos – o pacto entre os EUA e a ICANN que prevê revisões periódicas de suas atividades pelo Comitê Assessor de Governos (GAC) e outros membros da comunidade da ICANN. (A Afirmação foi concebida como um acordo entre a ICANN e os EUA exclusivamente – não teria sido difícil permitir que outros governos a assinassem também.)
Para ler o texto completo de Milton Müller clique aqui

Debate sobre Biografias no Observatório da Imprensa

A polêmica em torno do assunto voltou a esquentar após a associação "Procure Saber" declarar apoio à exigência de autorização prévia dos biografados ou de suas famílias para publicação de uma obra
A associação reúne artistas de peso como Roberto Carlos, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento e Djavan, liderados pela produtora Paula Lavigne, e foi criada para discutir a reforma da fiscalização dos direitos autorais. O grupo defende que "direitos e obrigações sejam equânimes e que não haja abusos à guisa de proteger direitos que não estão sendo violados".
Desde abril, um projeto de lei que permite a exibição de cinebiografias ou biografias impressas sem a autorização prévia do personagem retratado ou de sua família aguarda apreciação na Câmara dos Deputados. O texto já estava pronto, mas um recurso de 74 deputados obrigou o tema a ser discutido em plenário. Outros 1500 projetos aguardam apreciação, o que torna praticamente inviável que o debate ocorra antes que o texto perca a validade.
Obras dedicadas a inúmeras personalidades da história estão embargadas, como Roberto Carlos, Guimarães Rosa e Raul Seixas.
Para debater o assunto, Alberto Dines recebe os jornalistas e biógrafos Ernesto Rodrigues e Mário Magalhães. Para ver a entrevista clique aqui


Roda Viva entrevista o fotógrafo Sebastião Salgado

O fotógrafo Sebastião Salgado vem ao centro do Programa Roda Viva e fala sobre sua carreira, ambientalismo e o processo de produção da série Genesis, uma coleção de imagens capturadas em oito anos de viagens aos lugares mais extremos e impressionantes do planeta.
Veja a entrevista de Sebastião Salgado clicando aqui


sexta-feira, 25 de outubro de 2013

FILME "Serra Pelada" - Western Tacacá

Wagner Moura tem defendido a produção de filmes que sejam capazes de dialogar com o grande público, sem abrir mão de empenho temático e artístico. No mundo cinematográfico dos sonhos do ator (agora produtor e, em breve, diretor de “Marighella”), a dicotomia entre filmes “cabeçudos” e produções caça-níqueis chegará ao fim.
“Serra Pelada”, disponível em 300 salas brasileiras, a partir desta sexta-feira, 18 de outubro, tem Wagner como ator e coprodutor. Ele agregou seu nome e prestígio a um filme que busca o diálogo com o grande público, sem apelar para soluções fáceis.
Os protagonistas de “Serra Pelada” são o ex-boxeador Juliano (Juliano Cazarré) e o professor Joaquim (Júlio Andrade), que deixa a mulher grávida em São Paulo para, junto com o amigo, tentar a sorte no garimpo. Wagner Moura desempenharia o papel que ficou com Cazarré. Como abraçara o projeto “Serra Pelada” desde o início, ao deparar-se com compromissos internacionais, o ator restringiu-se a participação especialíssima como Lindo Rico (Heitor Dhalia garante ter encontrado este nome tão brega em suas pesquisas sobre o mega-garimpo do sul do Pará).
Lindo Rico é um aventureiro violento, que se impõe à custa de armas e capangas, neste típico western tacacá (temperado com muito da gramática dos filmes de gângster). Wagner, senhor de seu ofício, interpreta o ambíguo Lindo e Rico em registro fascinante: calmo, de fala mansa e persuasiva. Debaixo desta capa aparente, porém, está um homem que tem sangue nos olhos e mata sem pestanejar.
Para ler o texto completo de Maria do Rosário Caetano clique aqui
Leia “Wagner Moura; o homem do futuro...do cinema brasileiroclicando aqui


Homens-bombas, versão ocidental

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Dois relatórios muito tardios – um da Anistia Internacional, outro da Human Rights Watch – focaram, esta semana, uma das marcas da degradação política de nossos tempos: os drones, aviões sem pilotos usados pelo governo dos EUA para assassinar supostos terroristas. Os documentos revelaram algo alarmante.
Até mesmo a alegação capenga, segundo a qual os mortos são criminosos (como se isso tornasse aceitável executá-los…), é falsa. Já se sabia que parte das vítimas é assassinada por adotar “atitude suspeita”; e que os EUA efetuam, às vezes, um segundo disparo – voltado contra a população local, quando ousa socorrer eventuais sobreviventes ou participa do funeral dos mortos. Mas isso não é tudo.
O relatório da Anistia narra, com riqueza de detalhes, episódios grotescos e até o momento inexplicáveis, sabendo-se da altíssima precisão das câmeras e do equipamento de disparo dos drones. Em 2012, na zona fronteiriça entre Paquistão e Afeganistão, dois mísseis disparados em sequência mataram Mamana Bibi, esposa de um diretor de escola aposentado, e feriram seis de seus netos. Na localidade de Zowi Sidgi, situada na mesma região, dezoito homens e adolescentes (alguns com 14 anos) sucumbiram a um único disparo, enquanto conversavam numa sombra. Ao todo, em menos de dez anos, os drones já mataram entre 2 mil e 4,7 mil pessoas, segundo uma terceira organização ocidental: o Bureau de Jornalismo Investigativo. É um número cerca de quinze vezes maior que o total de mortes provocadas pela ditadura brasileira, em duas décadas…
Para ler o texto completo de Grégoire Chamayou clique aqui

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O fado e a identidade portuguesa

Em um mundo onde milhões de pessoas vivem fora de seus países de origem, a música constitui um poderoso fator identitário, que ajuda a resgatar identidades perdidas ou a construir novas identidades. Isso é especialmente verdadeiro em relação àquela que poderia ser chamada de canção do exílio, da emigração, do nomadismo ou da diáspora.
Ao longo de décadas, por exemplo, o fado permitiu que milhares de emigrantes se reconhecessem como portugueses e que seus filhos e netos, nascidos fora de Portugal, recuperassem uma raiz havia muito secionada. Habitantes dos países que os acolheram, muitos sem nenhuma ascendência portuguesa, eventualmente se identificaram com esse gênero musical, elevado em 2011 à categoria de “Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade” pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Para ler o texto completo de José Tadeu Arantes clique aqui





ACHILLE MBEMBE / ENTREVISTA: A Europa já não é o centro de gravidade do mundo

Para todos os que se interessam pela renovação do pensamento crítico fora do Ocidente, o maior acontecimento intelectual da rentrée é incontestavelmente a publicação, nas Edições La Découverte, em Paris, de Critique de la raison nègre do Camaronês Achille Mbembe. Anunciado há já alguns anos e na continuação do sucesso que foi Sortir de la grande nuit, este novo ensaio representa o livro mais complexo e ousado de um autor que se afirmou como o pensador africano mais completo da sua geração e com maior projeção internacional a avaliar pelo número de traduções dos seus textos em línguas estrangeiras e pelo impacto das suas tomadas de posição, académicas e públicas.
Esta nova obra abre com uma declaração poderosa que se assemelha a um Manifesto. «A Europa já não é o centro de gravidade do mundo», escreve ele; e «esta desclassificação abre novas possibilidades — mas também arrasta perigos — para o pensamento crítico». São estas possibilidades e perigos que Mbembe explora. A outra tese forte do livro tem a ver com aquilo a que o autor chama «o devir-negro do mundo». Do seu ponto de vista, o «nome Negro já não remete apenas para a condição atribuída às pessoas de origem africana na época do primeiro capitalismo». Hoje em dia, o negro designa toda uma humanidade subalterna de que o capital já não necessita no momento em que se define, mais do que nunca, pelo modelo de uma religião animista, o neoliberalismo. A temática da diferença racial é explorada até às suas últimas consequências.
Neste novo livro, Mbembe permanece fiel ao seu estilo, isto é, um pensador atípico e um escritor de língua francesa de primeiro plano. Força da escrita, fulgor das ideias, profundidade histórica, uma afirmada estética da provocação, originalidade dos argumentos e erudição colossal — Tudo se equilibra para fazer deste ensaio um verdadeiro fogo de artifício das ideias.
Leia a entrevista de Achille Mbembe clicando aqui


François Dosse: ‘Não há biografia sem liberdade de pesquisa’

Por muito tempo, a biografia foi considerada um gênero menor entre os historiadores, de grande apelo popular, mas desacreditado pela academia ao longo do século XIX e durante boa parte do século XX. Foi preciso esperar até os anos 1980 para que ela ganhasse um renascimento fulminante, tanto erudito quanto comercial. Em seu livro “O desafio biográfico”, uma espécie de biografia da biografia, lançado no Brasil pela Edusp, em 2009, o historiador e epistemólogo francês François Dosse mostra como o relato sobre a vida de artistas, políticos e pensadores deixou de ser o patinho feio das universidades e editoras para se tornar um imprescindível vetor de difusão de memória e conhecimento em seu país. Para o historiador, trata-se de um agente capaz de redimensionar o legado de uma figura histórica, esteja ela viva ou morta.
Para ler o texto completo de Bolivar Torres clique aqui
Leia também "Necessidade de autorização pode ruir dez anos de trabalho de biógrafos" de Leonardo Rodrigues clicando aqui
Leia "Pisando em egos" entrevista de Justin Spring clicando aqui

domingo, 20 de outubro de 2013

Quem são os terroristas?

Desde os ataques às torres gêmeas e outros locais dentro dos Estados Unidos, em 2001, a palavra terrorista se tornou frequente na mídia. De lá para cá, a paranoia coletiva de novos atentados fez com que o termo surgisse em veículos de imprensa em toda tragédia não natural. O problema é que muitas das vezes o termo acaba sendo usado de forma incorreta. Mas quem é terrorista? E o que essa palavra realmente significa?
Para ler o texto completo de Renan Cavalcante Eugenio clique aqui



Saúde: por que reverter a privatização

Falsa qualidade: no ano passado, foram registradas 75.916 reclamações contra planos de saúde, sendo 75,7% relacionadas a negação de cobertura.
Nos últimos dez anos, o número de brasileiros que paga regularmente planos particulares de Saúde cresceu de 34,5 para 47,8 milhões. Este movimento tem sido apoiado por políticas governamentais. O Estado isenta a medicina privada de impostos, permite que seus usuários deduzam do Imposto de Renda parte das mensalidades que pagam e permite que os planos não cubram os procedimentos médicos mais caros e complexos de que precisam seus clientes, que acabam sendo custeados pelo SUS.
A migração é estimulada, também, por preconceitos. Parte da população está convencida de que a rede de saúde privada oferece atendimento de melhor qualidade – em termos de acesso, qualidade e conforto. Estimulado pela imprensa, este senso comum é enganoso. Para compreender por quê, vale analisar com algum detalhe as diferenças entre os dois sistemas.
Uma das grandes vantagens de um sistema público de saúde é o fato de ele ser responsável também pela vigilância sanitária. Isso fica muito claro quando analisamos um fato simples, mas com o qual ninguém se preocupa, ao fazer um seguro de saúde. O SUS tem obrigação de acompanhar, por meio de estatísticas, a evolução da assistência à saúde dos brasileiros e os impactos sobre os índices de adoecimento e mortalidade. Se o atendimento é ruim e medidas corretivas não são adotadas, isso se refletirá em números, aparecerá para a população, provocará pressões sociais em favor de mudanças.
Para ler o texto completo de Lilian Terra clique aqui

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Leãozinho exige autorização para ser citado por Caetano Veloso

Leãozinho exige autorização para ser citado por Caetano Veloso
ODARA - Orientado por Paula Lavigne, Leãozinho proibiu Caetano Veloso de citar o seu nome. "Dados biográficos de foro íntimo foram expostos de forma vil. Agora todo mundo sabe que sou um filhote de leão raio da manhã", disse, caminhando sob o sol.
Para ler o texto completo clique aqui

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

"Quando achei que era tempo de sossego..." - Lya Luft

Quando achei que era tempo de sossego,
 jorraste nas minhas veias
 como um vento sagrado, um mar perdido.
 Quando esperei que tudo tivesse sido
 vivido, sofrido e chorado,
 amadureceu esta fruta em meu deserto.
 Quando pensei chegar no fim
 de todos os corredores,
 esta porta se abriu:
 sei que estás ali a desenhar paisagens novas,
 plantar árvores e deitar rios
 onde eu imaginava haver sabedoria
 e um corpo apaziguado,
 nada mais.
 Lia Luft in  Secreta mirada e outros poemas 



Mobilidade urbana: os chineses pensam num novo veículo

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Com o excesso de carros nas ruas, a insegurança em andar de moto ou bicicleta e as opções muitas vezes problemáticas dos transportes públicos, é comum se perguntar se há algum meio de transporte urbano realmente eficiente. A resposta, pelo menos para os chineses, pode estar acima das ruas. Trata-se de um projeto de transporte urbano semelhante a um metrô, mas que passa por cima dos carros.
O veículo, chamado Land Air Bus, é uma mistura de ônibus e metrô, e seus trilhos ficariam localizados à margem das vias, enquanto ele passa por cima das ruas e avenidas, como se fosse um túnel.
Para ler o artigo completo de Jéssica Lipinski clique aqui

O Complexo de Sansão

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Na Bíblia, há a famosa lenda do herói Sansão. São muitas as interpretações sobre seu significado; mas Sansão, um israelita cuja força era originária de Deus, põe abaixo o templo os inimigos filisteus (também muito poderosos), morrendo no processo. Seu sentido, imagino, é dizer que um ato aparentemente irracional (Sansão morre) pode ser ao mesmo tempo heróico e inteligente, porque se converte na saída (possivelmente a única) para derrotar um inimigo forte e “salvar seu povo”.
Parece que temos um punhado de supostos Sansões, atualmente. Estão bloqueando, ou procurando bloquear, o que consideram ser “compromissos” perigosos com o inimigo. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, está dizendo que “um mau acordo é pior que nenhum acordo”. Ele refere-se ao que enxerga como o acordo entre os EUA e a Rússia, em torno da Síria; e a um possível acordo entre Washington e Teerã. Na Colômbia, o ex-presidente conservador [Alvaro Uribe] está investindo contra seu sucessor, também conservador [Juan Manuel Santos], porque este está em negociações com as FARC, sob os auspícios de Cuba e do Brasil.
Para ler o texto completo de Immanuel Wallerstein clique aqui

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

LEITURAS DO ‘GLOBO’: O projeto de educação e os seus interesses

Passeata dos professores no centro do Rio de Janeiro - Professores mantem a greve e saem em passeata pelas ruas do centro do Rio na tarde de hoje. FOTO / Reginaldo Pimenta / Extra
Vamos ser claros? As Organizações Globo têm muito interesse no governo Eduardo Paes. A postura conservadora e constrangedoramente oscilante dos programas de notícia e jornais ligados a esse grupo em relação às manifestações que tomam o país desde junho já foi suficientemente comentada. Mas o risco que os veículos das Organizações Globo aceitaram correr após a criminosa ação dos governos do município e do estado do Rio de Janeiro contra os professores e a população que os apoiava, destoando de todos os outros jornais e programas de notícias, merece uma atenção especial.
Poderíamos começar pelo exemplo mais simples. No domingo, 29 de setembro, a edição do dia seguinte à violenta ação da Polícia Militar que expulsou os professores que ocupavam a Câmara Municipal trazia um caderno especial do “O Globo projetos de marketing” sobre a prefeitura do Rio de Janeiro. Com a chamada “Rio em transformação”, o caderno de oito páginas apresentava um conjunto de informações “apuradas” pela empresa Link Comunicação Integrada sobre as melhorias e os projetos futuros (de melhoria, claro) da cidade maravilhosa sob a gestão de Eduardo Paes. Como a edição de domingo do Globo vai às ruas ainda no sábado, na parte jornalística (não publicitária) do jornal não havia sequer uma linha sobre a violência da noite anterior.
Para ler o texto completo de Cátia Guimarães clique aqui

"Éden": Um painel árido do fervor religioso

Bruno Sáfadi estruturou “Éden” a partir de contrastes. O filme, que ganhou o prêmio de melhor longa-metragem ibero-americano no Festival Internacional de Cinema do Uruguai e foi exibido recentemente no Festival de Gramado, tem como tema a religião e via crucis de uma mulher atormentada. Para começar, a protagonista Karine vive longe do paraíso anunciado no título. Grávida, perdeu o marido em meio à violência na Baixada Fluminense. É levada para o ambiente opressivo de uma igreja evangélica, onde passa a conviver com o inflamado e ambíguo pastor Naldo. Lá, se vê diante da mulher, Vânia, também grávida, do homem que matou seu marido. Há outros elementos no filme que apontam para um jogo de oposições. “Karine é dona de uma loja de piscinas e está grávida. Há, portanto, elementos líquidos numa história ambientada num lugar árido, desértico”, diz Sáfadi, referindo-se a São João de Meriti, região que abriga o bairro de Jardim Éden.
Para ler o texto completo de Daniel Schenker clique aqui


DOMENICO LOSURDO: produção das emoções é novo estágio do controle da classe dominante

Para o filósofo marxista italiano Domenico Losurdo, o avanço tecnológico permitiu à classe dominante alcançar um novo estágio na dominação cultural. Se, no passado, ela já detinha o monopólio da profusão e difusão das ideias, hoje ela também consegue fazer o mesmo com as emoções.
Na segunda parte da entrevista de Losurdo a Opera Mundi, ele descreve as noções modernas das lutas de classe, dos limites das manifestações populares e da relação entre o comunismo e as lutas anticoloniais, em especial a do movimento negro nos EUA.
Para ler a entrevista de Domenico Losurdo clique aqui



"Rosita" e o império como objecto de desejo

'Beleza Bijagoz, Guiné', fotografia de Domingos Alvão, postal fotográfico da 1ª Exposição Colonial Portuguesa
Entre esta multiplicidade de exibições - em que ainda acrescia o divertimento de uma feira popular e um comboio para que o público não se cansasse da viagem entre Angola e Moçambique -, as “representações etnográficas” acabaram por ser as mais populares. Em 1933, o ministro das colónias, Armindo Monteiro, escrevera uma carta a todos os governadores das colónias portuguesas a pedir-lhes que enviassem para o Porto os “seus nativos” para serem alojados “em aldeia ou habitações típicas”. Trezentos e vinte e quatro mulheres, homens e também crianças, provenientes de Cabo Verde, Guiné, Angola, Moçambique, Índia, Macau e Timor, estiveram expostos no Porto. Entre eles, o grupo de balantas da Guiné-Bissau foi o mais fotografado pela câmara oficial de Domingos Alvão. Os seus retratos foram dos mais reproduzidos nos populares postais fotográficos que se compravam comosouvenirs, bem como os que mais atenção mereceram da parte da imprensa, que multiplicou os públicos da exposição com a sua cobertura exaustiva do evento. 'Beleza Bijagoz, Guiné', fotografia de Domingos Alvão, postal fotográfico da 1ª Exposição Colonial Portuguesa A Exposição Colonial Portuguesa de 1934 foi emblemática de uma nova fase do colonialismo português - mais centrado em África, interessado na emigração de portugueses para territórios africanos, e empenhado em afirma-se numa Europa também ela colonizadora. O modelo adoptado pela iniciativa portuense, tanto pela inspiração estética como ideológica, fora em parte o da Exposition Coloniale de Paris em 1931.
Para ler o texto completo de Filipa Lowndes Vicente clique aqui


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