sábado, 31 de julho de 2021

Sete fragmentos do “Livro de Eros” - Casimiro de Brito

 



Sete fragmentos do “Livro de Eros”





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Uma enorme acumulação de milénios fez com que só sintamos o corpo quando ele nos dói. Eros é a exceção: o nosso corpo é, então, uma flauta louca.


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Dou-te a minha flauta. Dás-me a tua viola? Música de câmara.


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O amor deve muito aos poetas. Mas não sei o que seria dos poetas se não fosse o amor.


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Eu sei muito bem que fui o teu instrumento. Essas vezes em que me senti flauta na tua boca e violoncelo entre as tuas pernas.


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Se gostas de sangue, diz-me a amiga, bebe-me, sou, sinto-me uma ferida aberta. Se não gostas bebe-me de igual maneira, aprenderás a gostar.


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Uma cantora e duas flautistas num muro de Alexandria por onde circulam, há milhares de anos, as cortesãs. Fragmentos.


“Eros proclama pelos vossos lábios, ó mulheres!


O mais doce e oloroso dos prazeres (…)


Para que me amem, ó deus cruel, ó deus maldito,


O teu único segredo é fazer com que me odeiam (…)


Porque tu, Eros, que dominas o mundo e os deuses,


Dominas também a própria morte.”


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Canto as bacantes, louvo as mulheres que se libertam da mediocridade a que chamam “pureza” e se entregam a um delírio orgiástico e, ao mesmo tempo, místico. Bacante é a mulher que ama, ainda que ame um só homem.




Casimiro de Brito





Divulgando o último livro do autor do blog Aqui


Sem escárnio, nobres parlamentares



A sociedade não confia na própria classe que elege e naturalmente associa política a desvio de dinheiro público. Para ler o texto de Isaac Lima clique aqui


Leia "Chega de respostas frouxas. Quem pode defenestrar Bolsonaro é o TSE" de Tereza Cruvinel clicando aqui


Leia "Prisões por protestos contra o governo são abusos de poder" de Luis Manuel Fonseca Pires e Pedro Estevam Alves Pinto Serrano clicando aqui


Leia "Bolognesi: "Incêndio na Cinemateca não é acidente"" clicando aqui

 

Como as fake news no Telegram pintam a China como inimigo

 

Bandeira da República Popular da China é alterada 
para associar o país ao “vírus chinês”



A teoria de que a China sabe que nunca houve vírus, mas sim uma bactéria causada pela radiação do 5G, e de que a China quer transformar o Brasil em colônia, usando para isso Lula e um “mensalão chinês”, são apenas algumas das inúmeras ideias que identificamos ao participar de grupos bolsonaristas durante os últimos três meses. Para ler o texto de Brenda Neris Gajus, Rafael Almeida Ferreira Abrão e Vitor Hugo dos Santos clique aqui

Piet Arion: "S.O.S d'un terrien en détresse"

 



Para assistir à interpretação de "S.O.S d'un terrien en détresse" na voz do cantor austríaco Piet Arion clique no vídeo aqui

"Refugiados não são culpados por sua situação. Devemos agir em solidariedade"

 



Embaixador da Boa Vontade do ACNUR e autor do best-seller “O Caçador de Pipas” e “A Memória do Mar”, o afegão Khaled Hosseini pede ajuda a refugiados e deslocados. Para ler seu texto clique aqui

As doze máscaras dos negacionistas



A máscara, mais do que ser expressão simbólica de algo, serve para encobrir, esconder e disfarçar a identidade. Há quem não se permita viver sem uma, pois sua verdadeira face já se integrou ao caráter e aos valores de sua personalidadeEste é o caso dos negacionistas que, assim como o mimetismo dos camaleões, escolhem em cada ocasião seu novo adereço. Para ler o texto de Léo Peruzzo Júnior clique aqui




(LIVE) Diálogos Atlânticos - Luis Bernardo Honwana: "Uma ferida interna que não nos abandona"

 



Um manifesto pela liberdade que se anunciava, em forma de contos. Assim é “Nós matamos o cão tinhoso”, do moçambicano Luís Bernardo Honwana. A coletânea, publicada em 1964, é um clássico da literatura moçambicana e das literaturas africanas de língua portuguesa, traduzido para o inglês, alemão, francês, sueco e espanhol. Uma obra que ensina como enfrentar as adversidades da vida sem perder a humanidade, tudo a partir do contexto colonial no qual foi escrito. Osvaldo Silvestre, professor da Universidade de Coimbra, professor da Universidade de Coimbra, é o provocador do debate, que será moderado pelo professor Sandro Ornellas, do Instituto de Letras da UFBA. Os convidados são a professora Catarina Maia, também de Coimbra, e Mario Chico Bonde, da UFBA. Para Osvaldo Silvestre, um dos intervenientes, o livro chaga a causar-nos “uma ferida interna que nunca mais nos abandona”. A frase sintetiza o sentido e o espírito da conversa que juntou participantes de Portugal, Brasil e Moçambique. Para assistir a esta conversa (1:10:59) clique no vídeo aqui




"Eu me descobri preto no Brasil", diz o artista angolano Isidro Sanene


Em entrevista à TV 247, o artista plástico angolano abordou sociologicamente a questão racial de forma corajosa: “quando estava em Angola, identidade racial era uma fantasia e eu sentia que tinha de ser branco para ser aceito na sociedade”. Assista à sua entrevista clicando aqui


sexta-feira, 30 de julho de 2021

"Vocabulário" - Dante Milano

 




Vocabulário

 



 

 

 

Áridas palavras,


Refratárias, secas


Arestas de fragas


Secretando uma água


Morosa, suada,


Que não mata a sede.



 

São pedras na boca.


Rolam balbuciantes


Buscando um sentido.


Uma quer ser beijo.


Outra quer ser lágrima.



 

Não basta dizê-las.


Elas querem ser


Mais do que palavras.



 

Como captarei


A ideia sem fim


(Não sei de onde vem)


Que tenta exprimir-se…



 

Áridas palavras


Para as bocas ávidas,



 

E quando elas brotam


Não são mais que as notas


De uma extinta música…




 

 

 

 

Dante Milano



 

 

 

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Pauta de costumes revela como guerra cultural é central para o radicalismo direitista



Em suas pesquisas, o professor Ben Cowan analisa como a guerra cultural, que no Brasil entra com a ‘pauta de costumes’, é o primeiro conflito que os radicais conservadores de direita inscrevem para conquistar seus espaços na política. Para ler sua entrevista clique aqui


Leia "Bolsonaro, os judeus e o antissemitismo" de Fábio Zuker e Pedro Beresin clicando aqui


Leia "Sob os escombros, as digitais de um responsável" de José Luis Fiori clicando aqui


Leia "Cinemateca Brasileira em chamas" de Eduardo Escorel clicando aqui


Leia "O melhor emprego do mundo" de Lúcio de Castro clicando aqui


Leia "A farra das emendas PIX no Congresso" de Marta Salomon clicando aqui


Leia "O avalista oculto da Covaxin" de Ana Clara Costa clicando aqui


Leia "Violência em tempos de pandemia" de Hellen Guimarães e Renata Buono clicando aqui


Leia "Esquerda, antifábrica de subjetividades?" de Renan Porto clicando aqui


Leia "Direito à cidade: o Gato, o Galo e a História" de Tales Fontana Siqueira Cunha clicando aqui


Leia "De malas prontas: O Brasil afugenta sua juventude" de Leonardo PolettoHanna CampecheRenata AlencarBruno Castro e Mariana Pessoa clicando aqui


Leia "Acumulação social da violência no Brasil" Entrevista com Daniel Hirata clicando aqui


Leia "O capatazes terceirizados do Ifood" de Leo Vinicius Liberato clicando aqui


Leia "'Bico' proibido emprega ao menos 47 mil guardas e policiais" de Renato Sérgio de Lima clicando aqui


Simone Biles não deve nada aos fãs

 



No final das contas, Simone Biles é uma trabalhadora. E ela estava certa em colocar sua saúde mental em primeiro lugar, assim como qualquer trabalhador deveria poder ficar em casa doente, em vez de usar sua força vital para servir outra pessoa, empresa ou nação. Para ler o texto de Aaron Freedman clique aqui


Leia "Como a extrema direita alemã está construindo partidos anti-imigração nos Balcãs" de Aleksandar Matkovic clicando aqui


Leia "Tunísia: instabilidade contagiosa" de Francesco Sisci clicando aqui


Leia "Em defesa de Anne Frank" de Jorge Knijnik clicando aqui


Leia "A crise climática e a COVID-19 são inseparáveis" de Drew Pendergrass e Troy Vettese clicando aqui

Federico Rankin & Mara Bosisio: "Let it Be"

 


Para assistir à interpretação de "Let it Be" nas vozes de Federico Rankin & Mara Bosisio clique no vídeo aqui

Ainda sobre Cuba - Entre os protestos sociais e o embargo dos EUA



Uma das diferenças entre a direita e a esquerda quando se trata de enfrentar os problemas é que a direita (neste momento histórico que se move para a extrema-direita) não tem qualquer compromisso de lutar contra as mentiras. A sua vontade não é com a verdade, mas com o poder. É por isso que não precisa de justificar as suas posições e, portanto, podem dizer uma coisa e o contrário. Eles fazem isto constantemente. Para ler o texto de Juan Carlos Monedero clique aqui




Bloquear um país e impedir que cheguem equipamentos médicos e medicamentos é um crime”, afirmou Fidel Castro durante visita à Fiocruz, em 20 de março de 1990.


Bolsonaro, Fidel e Covid-19: como Cuba superou o Brasil na corrida das vacinas



Cuba foi o primeiro país a aplicar doses “made in” América Latina, superando o Brasil e Argentina na produção local de matéria-prima. Subcontinente está envolvido na fabricação de 147 milhões de doses, ou apenas 4,3% das vacinas produzidas no mundo. Para ler o texto de Diego Junqueira clique aqui

 

Deixemos os bilionários no espaço!

 



Falsa corrida espacial está em curso. Rende lucros e marketing. Seus protagonistas sugerem que as soluções para o planeta estão no espaço, enquanto capturam a riqueza coletiva e liquidam ecossistemas. Mas para que precisamos do 0,1%? Para ler o texto de Paris Marx clique aqui




Abolir o inimigo


"A ideologia do Inimigo não é mais compatível com a conservação da sociedade humana. Na condição de luta de uns contra os outros nem a pandemia pode ser interrompida em suas variantes caprichosas, nem o clima pode ser governado de maneira a preservar a vida na terra, nem a guerra pode ser repudiada em sua inesgotável proliferação; e, neste ponto, a saída da síndrome do Inimigo não é apenas uma questão de ética pública, é uma questão de sobrevivência e nos desafia a passar para outra antropologia. Nunca na história havia surgido essa obrigação", escreve Raniero La Valle. Para ler seu texto clique aqui



6 novidades editoriais

 



quinta-feira, 29 de julho de 2021

"Chegaram as máquinas" - Al Berto

 




Chegaram as máquinas

 

 



 

 

chegaram as máquinas para talhar a cidade que vem


das águas cresce a obra do homem, ouve-se um lento grito d'espuma e
suor


na memória ficaram os sinais dos bosques ceifados, as dunas desfeitas e algumas casas abandonadas


estenderam-se tubos prateados, onde escorre o negro líquido


levantaram-se imensas chaminés, serpenteiam autoestradas na paisagem
irreconhecível do teu rosto




onde estarão as tâmaras maduras de tuas palmeiras?


e o perfume intenso das flores debruçando-se ao sol?


que murmúrios terão as pedras do teu silêncio?



a memória é hoje uma ferida onde lateja a Pedra do Homem, hirta como uma sombra num sonho


e as aves? frágeis quando aperta a tempestade...migraram como eu?


aonde caminhas, doce Moura Encantada?




ouço o ciciar dos canaviais do sono, adivinho teu caminhar de beijos no rumor das águas


tuas mãos de neve recolhem conchas, estrelas secretas, luas incendiadas...que o mar esconde na respiração das marés



estremecem-se nas mãos os insetos cortantes do medo, em meu peito doído ergue-se esta raiva dos mares-de-leva




 

 

 

Al Berto



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