terça-feira, 31 de julho de 2012

A paralisação nas universidades vai continuar

Já se vai mais de um mês da greve dos trabalhadores técnico-administrativos das universidades, mas, no geral, essa parece ser uma greve invisível porque na mídia, quando os jornalistas falam em greve nas universidades, se referem no mais das vezes aos professores. Isso, em verdade, não se configura novidade, pois desde sempre a hierarquia nas universidades tende a colocar o trabalho dos técnicos sempre em segundo plano, como se esse contingente de pessoas atuasse apenas numa atividade meio, não fazendo muita diferença no resultado do trabalho educativo.
Há um filme de produção estadunidense que mostra explicitamente como é usual esta relação complicada entre os técnicos e os professores. É o Quase deuses, que conta a história da inusitada parceria entre um faxineiro da Universidade John Hopkins e um médico professor/pesquisador que busca descobrir novas técnicas para a cirurgia do coração. O faxineiro Thomas, um homem simples e negro, é um exímio inventor de ferramentas que começa a operar corações junto com o professor, conseguindo criar novas técnicas cirúrgicas e ferramentas que fazem a pesquisa avançar e tornam o professor famoso. Há uma cena paradigmática na qual o fotógrafo/jornalista chama todos os dirigentes da universidade para posar para a foto da matéria que anunciará as novidades científicas descobertas ali. O pesquisador vai, todo vaidoso, e vê, ao longe, o faxineiro, que na verdade é o real inventor da técnica. Ele se cala, segue para a foto e não o chama, não anuncia a sua façanha, não o inclui na vitória que, de fato, é do trabalhador.
Para ler o artigo completo de Elaine Tavares clique aqui

segunda-feira, 30 de julho de 2012

O retorno dos filósofos comunistas

Ler Marx e escrever sobre Marx não faz de ninguém comunista, mas a evidência de que tantos importantes filósofos estão reavaliando as ideias de Marx com certeza significa alguma coisa. Depois da crise econômica global que começou no outono [nórdico] de 2008, voltaram a aparecer nas livrarias novas edições de textos de Marx, além de introduções, biografias e novas interpretações do mestre alemão.
Por mais que essa ressurreição [2] tenha sido provocada pelo derretimento financeiro global, para o qual não faltou a empenhada colaboração de governos democráticos na Europa e nos EUA, esse ressurgimento [3] de Marx entre os filósofos não é consequência nem simples nem óbvia, como creem alguns. Afinal, já no início dos anos 1990s, Jacques Derrida [4], importante filósofo francês, previu que o mundo procuraria Marx novamente. A previsão certeira apareceu na resposta que Derrida escreveu a uma autoproclamada “vitória neoliberal” e ao “fim da história” inventados por Francis Fukuyama.
Contra as previsões de Fukuyama, o movimento Occupy e a Primavera Árabe demonstraram que a história já caminha por novos tempos e vias, indiferente aos paradigmas econômicos e geopolíticos sob os quais vivemos. Vários importantes pensadores comunistas (Judith Balso, Bruno Bosteels, Susan Buck-Mors, Jodi Dean, Terry Eagleton, Jean-Luc Nancy, Jacques Rancière, dentre outros), dos quais Slavoj Zizek é o que mais aparece, já operam para ver e mostrar como esses novos tempos são descritos em termos comunistas, quer dizer, como alternativa radical.
Para ler o texto completo de Santiago Zabala clique aqui

domingo, 29 de julho de 2012

István Mészáros: Filosofia da insurreição

Ao lado de Slavoj Zizek e Alain Badiou, o húngaro István Mészáros talvez seja o maior nome do pensamento de esquerda hoje. Só isso bastaria para tornar qualquer livro novo dele uma atração em si. E o que dizer quando este livro é sobre um nome como Jean-Paul Sartre, um dos ícones da filosofia do século 20 e encarnação suprema da figura do intelectual engajado nas lutas emancipatórias dos pobres, das minorias, dos povos colonizados, do Terceiro Mundo?
Para ler o texto completo de Caio Liudvik clique aqui

sábado, 28 de julho de 2012

A Grande Transformação: Do Estado previdência ao Estado policial imperial

Os Estados Unidos experimentaram a maior reviravolta política da sua história recente: a transformação de um florescente estado previdência (welfare state) num estado policial altamente intrusivo, profundamente arraigado e em rápida expansão, ligado às mais desenvolvidas inovações tecnológicas.
Para ler o artigo completo de James Petras clique aqui

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Útero, serviço à sociedade?



Um mundo onde as mulheres férteis são corpos a serviço do Estado. Elas servem para gerar bebês, reproduzir a espécie. Seus corpos são assunto público. É dever delas e de toda a sociedade cuidar desses corpos, mantê-los em boas condições. Elas são um serviço. Atentar contra este serviço é crime: qualquer ameaça a sua integridade física é punida severamente, quer venha delas mesmas ou de outrem. Por isso, são confinadas em espaços ultra-seguros, numa rotina rígida que inclui todas as práticas que a medicina considera apropriadas antes, durante e depois de uma gravidez. A vida destas mulheres vale menos do que os óvulos ainda não fecundados em seus ovários, e menos ainda do que a existência da potencial pessoa, ainda em forma de feto enquanto estão grávidas.
O cenário de horror que descrevo foi inspirado no livro O Conto da Aia (The Handmaid’s Tale), de Margaret Atwood. Está longe da ficção, porém: a legislação brasileira pode instaurar o mesmo tipo de contexto se algo não for feito rápido. Muito rápido.
Para ler o artigo completo de Marília Moskcovitch clique aqui

Aborto: é possível ser “pró-vida” e “pró-escolha” ao mesmo tempo?

A questão fora resolvida havia anos. Os tribunais decidiram o caminho do meio. Pensava-se que a luta havia acabado. Ao invés disso o que temos são ataques, bombas e intimidação, assassinato de trabalhadores em clínicas que fazem abortos, prisões, lobby intenso, drama legislativo, audiências públicas, decisões dos supremos tribunais, grandes partidos políticos quase se definindo inteiramente através desta questão, e religiosos ameaçando políticos à perdição. Militantes disparam acusações de hipocrisia e assassinato. A defesa da Constituição e a vontade de Deus são igualmente invocadas. Argumentos duvidosos são repetidos como certezas. As facções em disputa reivindicam a ciência para sustentar suas posições. Famílias se dividem, maridos e esposas decidem não discutir sobre o tema, amigos de longa data não mais se falam. Políticos consultam as pesquisas de opinião para saber o que dizem suas consciências. No meio de tanta gritaria fica difícil para os adversários se escutarem. As opiniões se polarizam. As mentes de fecham.
É errado abortar uma gravidez? Sempre? Às vezes? Nunca? Como decidir? Escrevemos este artigo para melhor compreender que visões disputam tais questões e para ver se nós mesmos encontramos uma posição que nos satisfaça. Não haveria um caminho do meio? Foi preciso pesar os argumentos de ambos os lados em relação a sua consistência e propor exemplos-teste, alguns destes puramente hipotéticos. Se em alguns destes testes parecemos ir muito longe, pedimos aos leitores e leitoras que sejam pacientes conosco – estamos tentando forçar as várias posições até seu limite para ver sua fragilidade e onde falham. 
Para ler o artigo completo de Carl Sagan e de Ann Druyan clique aqui

Um balanço da Comunicação no governo Lula

O professor Venício A. de Lima é um dos maiores especialistas em comunicação do Brasil. Já produziu centenas de artigos e vários livros sobre o tema. Intelectual rigoroso e refinado, também é um ativo militante da luta pela democratização da mídia. Nessa longa jornada, porém, mostra-se pessimista quanto aos avanços alcançados nessa área estratégica. No seu mais recente livro, Política de Comunicações: um Balanço dos Governos Lula (2003-2010), conclui que o setor continua altamente monopolizado e com enorme poder de manipulação sobre a agenda política do país.
Para ler o artigo completo de Miro Borges clique aqui

quinta-feira, 26 de julho de 2012

TEMPOS MODERNOS: Luz, câmera, esculhambação

Meu avô de Itaparica, o inderrotável coronel Ubaldo Osório, não era muito dado a novas tecnologias e à modernidade em geral. Jamais tocou em nada elétrico, inclusive interruptores e pilhas. Quando queria acender a luz, chamava alguém e mantinha uma distância prudente do procedimento. Tampouco conheceu televisão, recusava-se. A gente explicava a ele o que era, com pormenores tão fartos quanto o que julgávamos necessário para convencê-lo, mas não adiantava. Ele ouvia tudo por trás de um sorriso indecifrável, assentia com a cabeça e periodicamente repetia “creio, creio”, mas, assim que alguém ligava o aparelho, desviava o rosto e se retirava. “Mais tarde eu vejo”, despedia-se com um aceno de costas.
O único remédio que admitia em sua presença era leite de magnésia Phillips, assim mesmo somente para olhar, enquanto passava um raro mal-estar. Acho que ele concluiu que, depois de bastante olhado, o leite de magnésia fazia efeito sem que fosse necessário ingeri-lo. Considerava injeção um castigo severo e, depois que as vitaminas começaram a ser muito divulgadas, diz o povo que, quando queria justiçar alguma malfeitoria, apontava o culpado a um preposto e determinava: “Dê uma injeção de vitamina B nesse infeliz.” Dizem também que não se apiedava diante das súplicas dos sentenciados à injeção de vitamina, enquanto eram arrastados para o patíbulo, na saleta junto à cozinha, onde o temido carcereiro Joaquim Ovo Grande já estava fervendo a seringa. (Naquele tempo, as seringas eram de vidro e esterilizadas em água fervente, vinha tudo num estojinho, sério mesmo.)
“Amoleça a bunda, senão vai ser pior!”, dizia Ovo Grande, de sorriso viperino, olhos faiscantes e agulha em riste, numa cena a que nunca assisti, mas que não devia ser para espíritos fracos.
Para ler o artigo completo de João Ubaldo Ribeiro, clique aqui

“Kuma Kwa Kié “ - O sucesso angolano de Yuri da Cunha

Em 1996, Yuri da Cunha seguiu para Lisboa (Portugal), onde gravou o seu primeiro trabalho discográfico intitulado “É tudo Amor”, nos estúdios da produtora Valentim de Carvalho. Nesse ano arrebatou o prémio da Rádio Televisão Portuguesa (RTP) para o melhor vídeoclip e de melhor música do ano dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) na Holanda. O lançamento do seu segundo disco intitulado “Eu”, em Janeiro de 2005, permitiu-lhe confirmar o sucesso de temas que o colocaram na ribalta.
No disco “Eu”, Yuri da Cunha apresenta treze temas em estilos como o semba, rumba e kizomba, cantados em português e kimbundo, dos quais as músicas “Homem é bom”,” Njila”,” Simão”, “Kalundu” e “Está doer” foram grandes sucessos na rádio e discotecas, atingindo vendas muito significativas. “Eu” venceu o “Top Rádio Luanda 2006” nas categorias de disco do ano, melhor produção discográfica , melhor semba e melhor kizomba 2006 e ficou em segundo lugar no Top dos Mais Queridos realizado pela Rádio Nacional de Angola.
Nos últimos anos começou o assalto, no bom sentido, aos ouvidos internacionais. Eros Ramazzoti, o famoso romântico italiano não ficou indiferente. E convidou-o para participar na sua digressão mundial, em 2009. Também nessa altura assinou um acordo com a Sony Music para a comercialização e divulgação da sua música. Em Portugal, encheu salas históricas como o Coliseu dos Recreios e o Campo Pequeno, em Lisboa.
Vejam o vídeo  “Kuma Kwa Kié “ aqui

Chesnais: 'Estamos navegando em águas nunca dantes navegadas'

Em nível mundial, não se avista nenhuma “saída da crise” num horizonte temporal previsível. Assim como eu, outros já explicaram a necessidade inevitável, absoluta, de preparar-se para a perspectiva de uma grande quebra financeira e para tomar os bancos. Outro mundo é possível, certamente, mas não se poderá desenhá-lo senão na medida em que a ação abra caminho ao pensamento, o qual, mais do que nunca, não pode ser senão coletivo. No Século XVI, os navegantes ingleses forjaram a expressão “uncharted Waters”: águas nunca dantes navegadas, para as quais não havia carta náutica nem mapa algum. Hoje estamos nesta situação.
O artigo de François Chesnais pode ser lido aqui

Universidade, trabalho e sociedade


A greve quase geral das universidades federais coloca-nos a necessidade de recuperarmos o tema do papel da universidade para a sociedade. Podemos destacar três pontos de um mesmo processo. Seguindo as formulações de M. Gauchet (1), temos a emergência da sociedade da informação, a mudança do perfil da universidade e o neoliberalismo. Esse autor nos chama a atenção para a mudança da noção de conhecimento no neoliberalismo. Assistimos a uma desintelectualização do saber que é acompanhada pela ascensão do que passou a ser denominado de capitalismo cultural e de sociedade da informação.
Para ler o artigo completo de  Myriam Bahia Lopes clique aqui

Por que os Estados Unidos fracassaram

Morris Berman, 67 anos, é um acadêmico americano que vale a pena conhecer.
Acabo de ler “Por Que os Estados Unidos Fracassaram”, dele. A primeira coisa que me ocorre é: tomara que alguma editora brasileira se interesse por este pequeno – 196 páginas — grande livro.
A questão do título é respondida amplamente. Você fecha o livro com uma compreensão clara sobre o que levou os americanos a um declínio tão dramático.
O argumento inicial de Berman diz tudo. Uma sociedade em que os fundamentos são a busca de status e a aquisição de objetos não pode funcionar.
Berman cita um episódio que viu na televisão. Uma mulher desabou com o rosto no chão em um hospital em Nova York. Ela ficou tal como caiu por uma hora inteira, sob indiferença geral, até que finalmente alguém se movimentou. A mulher já estava morta.
Para ler o artigo completo de  Paulo Nogueira clique aqui

BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS: Moçambique: a maldição da abundância?

A “maldição da abundância” é uma expressão usada para caracterizar os riscos que correm os países pobres onde se descobrem recursos naturais objeto de cobiça internacional. A promessa de abundância decorrente do imenso valor comercial dos recursos e dos investimentos necessários para o concretizar é tão convincente que passa a condicionar o padrão de desenvolvimento económico, social, político e cultural.
Os riscos desse condicionamento são, entre outros: crescimento do PIB em vez de desenvolvimento social; corrupção generalizada da classe política que, para defender os seus interesses privados, se torna crescentemente autoritária para se poder manter no poder, agora visto como fonte de acumulação primitiva de capital; aumento em vez de redução da pobreza; polarização crescente entre uma pequena minoria super-rica e uma imensa maioria de indigentes; destruição ambiental e sacrifícios incontáveis às populações onde se encontram os recursos em nome de um “progresso” que estas nunca conhecerão; criação de uma cultura consumista que é praticada apenas por uma pequena minoria urbana mas imposta como ideologia a toda a sociedade; supressão do pensamento e das práticas dissidentes da sociedade civil sob o pretexto de serem obstáculos ao desenvolvimento e profetas da desgraça. Em suma, os riscos são que, no final do ciclo da orgia dos recursos, o país esteja mais pobre econômica, social, política e culturalmente do que no seu início. Nisto consiste a maldição da abundância.
Para ler o artigo completo de Boaventura de Sousa Santos clique aqui

terça-feira, 24 de julho de 2012

A terceirização da vida privada

Em nossa estranha sociedade, tornou-se possível contratar animadores de festas, alugar úteros e até pagar visitas a túmulos. A multiplicação de tais serviços perturba nossa noção do que deve ou não ser comprado ou alugado.
Para ler o artigo completo de Thomaz Wood Jr. clique aqui

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Uma Africa além da miséria

 Jornalistas brasileiros buscam financiamento alternativo para entender influência cultural do continente e superar noticiário baseado no sensacionalismo.
Para ler o artigo completo de Cauê Seigner Ameni clique aqui

A nova vida dos opositores cubanos na Espanha

Em 2010 e 2011, todos os chamados presos “políticos” cubanos foram libertados após a mediação da Igreja Católica Cubana e do governo espanhol. A maioria deles optou por se estabelecer na Espanha com suas respectivas famílias e começar uma nova vida. Mas o sonhado Eldorado europeu não existe em uma Península Ibérica atingida por uma grave crise econômica. Alguns querem até voltar para Cuba.
Para ler o texto completo de  Salim Lamrani clique aqui

quarta-feira, 18 de julho de 2012

As Cidades Rebeldes de David Harvey


Acaba de sair (por enquanto, em inglês), um livro indispensável para quem quer debater crise do capitalismo, degradação social e ambiental das cidades e busca de alternativas. Numa obra curta (206 páginas), intitulada “Cidades Rebeldes”, o geógrafo, urbanista e antropólogo David Harvey sustenta pelo menos três ideias polêmicas e indispensáveis, num tempo de crise financeira, ataque aos direitos sociais, risco de desastre ambiental e… rebeliões contra o sistema. Elas estão expostas em detalhes em entrevista que Harvey concedeu a John Brissenden e Ed Lewis, do excelente site britânico New Left Project.
A primeira provocação do geógrafo – que é também um dos grandes estudiosos contemporâneos de “O Capital”, de Karl Marx (veja a área especialmente dedicada ao tema, em seu site) – diz respeito ao papel das grandes metrópoles. Harvey discorda de dois tipos de pessimismo. Estes grandes centros para onde fluem as multidões de todo o mundo no século 21, diz ele, são bem mais que templos da desigualdade, da vida automatizada e cinzenta, da devastação da natureza.
É a elas que afluem – e lá que se articulam — as multidões às quais o capital já não oferece alternativas. Esta gente estabelece novas formas de sociabilidade, identidade e valores. É nas metrópoles que aparecem a coesão reivindicante das periferias; novos movimentos como Occupy; as fábricas recuperadas por trabalhadores em países como a Argentina; as famílias que fogem ao padrão nuclear-heterossexual-monogâmico. Nestas cidades, portanto, concentram-se tanto as energias do capital quanto as melhores possibilidades de superá-lo. Elas não são túmulos, mas arenas. Aí se dá o choque principal entre dois projetos para a humanidade.
A segunda hipótese de Harvey diz respeito à própria (re)construção de um projeto pós-capitalista. O autor de Cidades Rebeldes está empenhado em identificar e compreender formas de organização social distintas das previstas por um marxismo mais tradicional. Ele reconhece: ao menos no Ocidente, enxergar na a classe operária fabril o grande sujeito da transformação social equivale quase a um delírio. É preciso buscar sentidos rebeldes nas lutas por direitos sociais empreendidas por um leque muito mais amplo de grupos e movimentos. Não cabe nostalgia em relação às batalhas dos séculos passados: é hora de tecer redes entres os que buscam de muitas maneiras, nas cidades, construir formas de vida além dos limites do capital.
Mas esta abertura ao novo não significa, diz Harvey (e aqui está sua terceira provocação fundamental), aderir a modismos. O autor saúda o surgimento de uma cultura da horizontalidade e da desierarquização, nas lutas sociais. Mas sugere: para enfrentar um sistema altamente articulado, será preciso construir, também, visões de mundo e projetos de transformação que não podem ser formulados no chão de uma assembleia local de indignados. Harvey teme que o horizontalismo – grosso modo, a noção de que tudo deve vir das bases e ser debatido em assembleias – acabe se transformando num fetiche. Seria, ele adverte, refazer pelo avesso a obsessão dos antigos Partidos Comunistas pela autoridade e centralização. 
A entrevista completa pode ser lida aqui

terça-feira, 17 de julho de 2012

EDGAR MORIN :Consciência Mundial: por um conceito de desenvolvimento para o século XXI

Na palestra “Consciência Mundial: por um conceito de desenvolvimento para o século XXI”, realizada no Sesc Consolação, em São Paulo, no dia 3 de julho, o pensador francês Edgar Morin abordou os dilemas que desafiam a humanidade, colocando em xeque os modelos hegemônicos de desenvolvimento, que mostram estar em desacordo com os ritmos dos ciclos do planeta.
Veja o vídeo aqui

domingo, 15 de julho de 2012

A Caverna dos Sonhos Perdidos

O cineasta alemão Werner Herzog realizou um filme na caverna de Chouvet, próxima ao rio Ardèche, no sul da França. Foi descoberta em 1994, três dias antes do Natal, pelo cientista Jean-Marie Chouvet (de onde vem o nome do lugar) acompanhado dos pesquisadores Cristian Hillaire e Elliete Brunel.
Estavam à procura de uma corrente de ar indicativa da presença de cavernas. Toparam com uma fenda em um grande rochedo que os levou a uma das maiores descobertas arqueológicas de todos os tempos: uma grandiosa caverna, com cerca de 400 metros de extensão, aprofundando-se terra adentro. No seu fundo depara-se com majestosos painéis e inúmeras pinturas, praticamente intactas, com cerca de 30 mil anos de existência. Devido a um deslizamento que vedou sua entrada, há dezenas de milhares de anos, a caverna manteve-se intocada, transformando-se numa verdadeira cápsula do tempo, com a história congelada em um momento.
Herzog, ciente desta descoberta e do seu valor para a humanidade, empenhou-se e negociações com o ministério da Cultura da França e converteu-se no único cineasta que conseguiu mostrar imagens da caverna de Chouvet. Produziu um documentário que tem papel inestimável papel para o debate sobre formação da cultura humana e o papel dos mitos em nossa existência. Denominou-o A Caverna dos Sonhos Perdidos – um título que expressa bem sua visão do que viu e queria mostrar.
Para ler o texto completo de Arlindenor Pedro clique aqui

Todos somos céticos

Jornalista não é cientista, mas, quando cobre os assuntos da ciência, precisa entender minimamente os procedimentos e valores que regem esta comunidade. O que segue abaixo – em tópicos – é um resumo daquilo que me parece importante destacar sobre a cobertura dos assuntos ligados às mudanças climáticas.
Quem são os “céticos”?
A boa ciência, por princípio, tem o ceticismo como precioso aliado. São céticos todos os cientistas que norteiam seus trabalhos sem visões preconcebidas, dogmas ou interpretações pessoais da realidade desprovidas da correta investigação científica. É equivocado, portanto, chamar de “céticos” apenas aqueles que hoje se manifestam contra a hipótese do aquecimento global, ou da interferência da humanidade nos fenômenos climáticos.
Para ler o artigo completo de André Trigueiro clique aqui

Mudar a percepção das migrações - Entrevista com o co-realizador do documentário BAB SEBTA

Achas que o sucesso do vosso filme (Bab Sebta) na Europa tem a ver com o peso da consciência imperial europeia?
Não sei. Isso de peso na consciência é uma coisa um bocado católica. Tem que ver com comer muito e dormir bem. Acho que na Europa, como em todo o lado, há pessoas que comem muito e outras que comem pouco. Umas que têm insónias e outras que são sonâmbulas. Como em Maputo, e como em todo o lado.
Acho que o filme tem sido bem recebido porque propõe uma visão alternativa sobre um problema que as pessoas estão cansadas de ouvir falar. Na Europa, como em todo o lado, os assuntos importantes - que implicam a vida e a morte de muitas pessoas - são ajavardados nas notícias, nas televisões e nos jornais. O tempo e a forma como as coisas nos são apresentadas provoca-nos uma certa náusea. Vive-se um problema de excesso de acontecimentos; de bombardeamento de informação os quais não tens tempo nem capacidade emocional para processar.
O que o filme Bab Sebta procura fazer é contrariar essa náusea. Por um lado, tomar o tempo necessário para abordar as pessoas de quem queres falar - o filme foi feito ao longo de dois anos. Por outro lado, obrigar as pessoas que entram numa sala escura de cinema para o ver a ficarem sentadas um tempo que achámos que era preciso para contar as histórias dessas pessoas.
Para ler e entrevista completa a Pedro Pinho clique aqui

sábado, 14 de julho de 2012

Precariado, rebeldia e renda cidadã

Pela primeira vez na história, a esquerda institucional não tem, em todo o mundo, uma agenda de transformações. Ela esqueceu três princípios. Primeiro, que todo movimento político progressista é construído em cima da raiva, necessidade e aspirações de uma classe emergente. Hoje, essa classe é o precariado.
A parte dura do precariado é a que foi vista nos incêndios em Londres e nas revoltas em toda a Inglaterra, em agosto de 2011. Não é uma classe inferior, mas se não a entendermos, esses incêndios serão os primeiros de muitos – assim irão crescer as “ocupações” que se espalharam da praça Tahrir e Wall Street em 2011.
Um segundo princípio esquecido é que todos os avanços em direção a uma sociedade mais igualitária envolvem novas formas de ação coletiva. Os sindicatos precisam adaptar-se e alcançar novos grupos, ao invés de serem simplesmente instrumentos desgastados para frear a mudança.
O terceiro, que toda marcha para frente envolve três lutas sobrepostas. A primeira, no caso atual, é por reconhecimento: a luta do grupo emergente para ter uma identidade. Isso avançou dramaticamente em 2011, e pode ser visto nas cidades europeias, onde milhões de pessoas começaram a se ver como parte do precariado – e não se envergonham de afirmar tal condição, ou de reivindicar que suas inseguranças e seus interesses sejam levados em conta.
A segunda luta é por representação. Aqui, ainda temos muito o que avançar, mas a demanda do precariado por envolvimento em órgãos que tomam decisões e em plataformas de políticas sociais está crescendo. Para citar um exemplo: o precariado está começando a exigir representação em órgãos que determinam as condições para ter direito a benefícios do estado.
A terceira luta também está se desenhando. Vivemos em meio a uma transformação global, enfrentando desigualdades absurdas e insegurança crônica. Nessa situação, novas políticas progressistas precisam ser construídas em torno de uma luta para que a classe emergente tenha igualdade no contole dos recursos-chave da economia. Na sociedade de serviços de hoje, esses recursos não são os “meios de produção” do antigo projeto socialista. Voltaremos a eles. 
Para ler o texto completo de Guy Standing clique aqui

A peste e a retórica do silêncio

Jamais se chamam pelo nome as ações imperiais. Pensamento colonizador surge como expressão do invisível, negação sistemática de sua própria existência.
Para ler o artigo completo de Theotonio de Paiva clique aqui

sexta-feira, 13 de julho de 2012

O POEMA - Herberto Helder




O POEMA

Um poema cresce inseguramente
na confusão da carne.
Sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
talvez como sangue
ou sombra de sangue pelos canais do ser.
Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência
ou os bagos de uva onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor,
os rios, a grande paz exterior das coisas,
as folhas dormindo o silêncio
—a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.
E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
invade as órbitas, a face amorfa das paredes,
e a miséria dos minutos,
e a força sustida das coisas,
e a redonda e livre harmonia do mundo.
—Em baixo, o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.
—E o poema faz-se contra o temo e a carne.

O dinheiro não é um valor

Imagine que você acaba de chegar a um lugar onde pessoas conceituadas estão discutindo sobre economia e finanças. Imagine o que aconteceria se você dissesse:
- O dinheiro não é um valor.
Provavelmente, uma onda de protestos criaria enormes dificuldades para você argumentar em defesa da sua tese. Talvez você não consiga nem falar!
A palavra "valor" se presta a uma enorme confusão. Ela engloba tanto os chamados "valores" econômicos como os valores éticos, estéticos, filosóficos, religiosos, humanos em geral.
Economicamente, o valor se traduz no dinheiro. O dinheiro indica o preço, o que a mercadoria está valendo no momento da compra e venda.
O dinheiro é o equivalente universal na esfera das mercadorias. Ele tem desempenhado um papel historicamente importante, tem agilizado comércio, tem viabilizado acordos complexos.
Não tem sentido investir contra o dinheiro ou desprezá-lo. Ele contribui para medir o que precisa ser medido. Avaliações criteriosas dependem de instrumentos delicados e, muitas vezes, dependem da quantificação promovida pelo dinheiro.
Para ler o artigo completo de Leandro Konder clique aqui

O protesto negro no brasil Contemporâneo (1978-2010)

Desde os famosos escritos de Florestan Fernandes e Roger Bastide, esse termo se fixou na linguagem dos pesquisadores, de modo que George Andrews (1991) consolidou essa ideia ao chamar de "protesto negro" as diversas formas de manifestação de desagravo ao racismo produzidas pelos negros dos finais do Oitocentos até o centenário da Abolição. Embora esse sentido amplo guarde um significado caro aos estudos das relações raciais, o "protesto" aqui será utilizado analiticamente para investigar o "repertório de ação" (Tilly, 2005) desse movimento social. Isso porque se antes tal terminologia era útil para apreender as diferentes manifestações negras organizadas, atualmente seu uso generalista pode ofuscar a análise sobre as mobilizações contemporâneas, que já são mais complexas e extensas, vistas em contraste com as formas de períodos anteriores.
Para ler o texto completo de Flavia Rios clique aqui

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Cristovam Buarque - A greve nas universidades federais brasileiras



Pronunciamento do Senador Cristovam Buarque pelo entendimento para pôr fim à greve nas universidades federais brasileiras. Veja o vídeo aqui

terça-feira, 10 de julho de 2012

PLANETA DIGITAL: A face perversa do Google

“Todos conhecem os benefícios e as coisas maravilhosas que o Google nos proporciona. Poucos, entretanto, têm consciência dos riscos decorrentes da destruição de sua privacidade, do rastreamento permanente de suas consultas e do uso antiético de informações pessoais por esse monstro digital, que indexa, armazena e manipula milhões de terabytes por dia.”
Essas advertências são do pesquisador norte-americano Scott Cleland, no livro Busque e Destrua: Por que você não pode confiar no Google Inc., que foi lançado na semana passada em São Paulo pela Editora Matrix. Depois de ler o livro e entrevistar Cleland, acho que o mundo deveria preocupar-se muito mais com os riscos e problemas apontados pelo pesquisador.
O livro acusa o Google de não seguir os mais elementares padrões éticos, como o respeito à intimidade das pessoas, à propriedade intelectual e à honestidade das informações. E o faz repetidamente – diz Scott Cleland: “Em 2011, a empresa pagou multa no valor de US$ 500 milhões por ter anunciado de forma deliberada e consciente por sete anos, as importações de um medicamento controlado ilegal e inseguro, segundo as leis norte-americanas”.
Para ler o artigo de Ethevaldo Siqueira clique aqui

A luta de classes na Europa e as raízes da crise econômica mundial (I)

A situação europeia não pode ser compreendida sem considerar a situação da economia mundial em sua totalidade. Hoje, após a reintegração da China e a plena incorporação da Índia na economia capitalista mundial, a densidade das relações de interconexão e a velocidade de interações no mercado alcançaram um nível jamais visto anteriormente. O que prevalece hoje na arena mundial é o que Marx chama de “anarquia da produção”. Alguns Estados, os que ainda têm meios para isso, são cada vez mais os agentes ativos dessa competição. E único Estado que conserva esses meios na Europa continental é a Alemanha. O artigo de François Chesnais pode ser lido aqui

Mesa da FLIP discutirá a proliferação de frases de Clarice Lispector no Facebook

PARATY - Terá início às 18 horas, na Tenda dos Ditongos, um solilóquio mediado por Dalai Lama em que se debaterá a proliferação de frases atribuídas a Clarice Lispector no Facebook. Com o título de "Não tenho tempo pra mais nada, ser feliz me consome muito" (Clarice Lispector), o debate é um dos mais aguardados da FLIP 2012.
Convidados para a mesa-redonda, Luis Fernando Verissimo e Arnaldo Jabor buscarão explicações semânticas, prolixas e hermenêuticas para a profusão de frases e textos atribuídos a eles nas redes sociais. "No Rio de Janeiro em que eu vivi, as pessoas se revoltavam com suas próprias palavras", indignou-se Jabor, para logo em seguida mergulhar numa cava melancolia. Soltando um suspiro dissonante, na batida da bossa nova, o cineasta murmurou: "A gente podia ouvir frases da boca de Clarice Lispector sem intermédio de computadores".
Atendendo aos apelos comovidos de literatos espalhados pelos quatro cantos do Maranhão, os organizadores do evento incluíram o senador José Sarney entre os homenageados da FLIP 2012. Emocionado, o escritor agradeceu o reconhecimento popular e, de um palanque instalado na Praça Roseana Sarney, em São Luiz, declamou a célebre página de Saraminda: "O ouro. Uma terra sem fronteira. Saraminda que vale seu peso em ouro. Uma navalha. O desejo, o feitiço. A mata". Duas pessoas foram tomadas pelo Espírito Santo e centenas de outras choravam compulsivamente até o fechamento desta edição.
Para ler o texto completo clique aqui

Sejamos pragmáticos: um bóson de Higgs serve para quê?

Favor: toque a tela na qual você está lendo este texto. Ou, tanto faz, leve o indicador à ponta de seu nariz. Ou perceba o contato do assento em que você talvez esteja. Ou a sola de seu calçado contra seus pés. Ou mesmo o ar passando por suas narinas... A sensação táctil resultante dessas experiências – sem graça, é verdade, depois dos primeiros anos de vida – deve-se a algo comum a todos os objetos (visíveis ou não) em nosso cotidiano: massa. Esta semana, os físicos finalmente anunciaram, depois de décadas de elucubrações, rabiscos abstratos para a maioria dos mortais e construção de aparelhos complexos e titânicos, a entidade responsável por fazer a esmagadora maioria das coisas ao nosso redor existir.
A partícula recém-descoberta – cuja função é justamente conferir a propriedade massa a suas colegas subatômicas – tem nome e sobrenome: bóson de Higgs. O primeiro termo denomina que ela tem personalidade gregária: gosta de se aglomerar com suas semelhantes – e veremos a importância disso adiante. Já ‘Higgs’ é homenagem a Peter Higgs, físico teórico britânico que, na década de 1960, lançou a hipótese sobre a existência desse corpúsculo, para tentar resolver um grande embaraço do chamado Modelo Padrão, a teoria que lida com os fenômenos relativos a cerca de uma dúzia de ‘tijolinhos’ básicos que formam os 5% de matéria ordinária do universo, que constitui de buracos negros e galáxias a seres humanos e vírus [Em tempo: desconhece-se a natureza dos 95% restantes (sim, 95%!), o que talvez seja a questão mais profunda da ciência deste século.].
 Para ler o texto completo de Cássio Leite Vieira clique aqui

Pondo fim à praga do "bullying"

Eles aterrorizam os recreios das escolas, extorquem o dinheiro do almoço e ridicularizam seus colegas por causa da aparência, da posição social ou da capacidade. Alguns usam os punhos, outros ameaçam com palavras.
Seja como for, a praga da prepotência, conhecida como "bullying" em inglês, há muito tempo é considerada um rito de passagem inevitável para os jovens. "É coisa de crianças", dizem os adultos.
Ultimamente, porém, o "bullying" está recebendo mais atenção. Segundo especialistas, os prepotentes podem infligir danos emocionais duradouros a suas vítimas. Eles também podem, quando adultos, dominar locais de trabalho com a mesma agressividade cruel.
Para ler o texto completo de Kevin Delaney clique aqui

Incríveis fotos da Terra com cores jamais vistas

Ao longo dos anos, vimos imagens incríveis do nosso planeta, registradas por astronautas e satélites. Percebemos como o planeta parece uma bola de gude azul, com espirais brancas e pontos esparsos verdes e dourados. Mas será que já vimos algo parecido com isto?
Estas fantásticas cores e detalhes foram captados por um satélite russo, e revelam que, ao menos por enquanto, nosso planeta é maravilhoso visto lá de cima. Segundo PetaPixel, “este vídeo acelerado reúne imagens captadas ao longo de 6 dias, com resolução de 121MB, tiradas a cada 30 minutos pelo satélite. As imagens em si não são composições de várias outras, são apenas fotos incrivelmente nítidas do planeta inteiro, tiradas a 22.000 quilômetros de distância. São tão detalhadas que a resolução chega a cerca de 1 quilômetro por pixel — resumindo, não é um câmera de celular. Para que as imagens tenham cores ainda mais vívidas, as fotos são tiradas em três comprimentos de onda em vez de quatro, destacando a cor laranja, que na verdade são imagens infravermelhas da vegetação”.
Veja as fotos aqui

No Brasil, a pobreza tem cor

“Em sua igualdade majestática a lei proíbe tanto ao rico quanto ao pobre dormir embaixo da ponte, esmolar nas ruas e furtar pão”.
Os dois mestres e a sentença genial me vêm a propósito de telefonema de prezada amiga e leitora, que me interpela pedindo justificativa para as políticas de afirmação positiva:
“Se somos todos iguais, não seria uma discriminação contra os outros, o privilégio dado aos negros no acesso à universidade?”
Ora, não somos iguais, e uma das maiores farsas do direito de classe é a afirmação, consagrada nas chamadas constituições democráticas, de que ‘todos são iguais perante a lei’, que só poderia ser aceita como projeto de uma sociedade igualitária. Numa sociedade de classes, como a brasileira, essa ‘igualdade’ formal, tomada ao pé da letra, significa simplesmente a manutenção das desigualdades e o aprofundamento da dominação dos pobres. Na verdade, somos desiguais (uns mais fracos outros mais poderosos, uns mais aquinhoados outros menos aquinhoados, uns ricos outros pobres – e, outros, miseráveis), e, por isso, a igualdade só se busca quando os diferentes são tratados de forma diferenciada.
A formulação marxiana – ‘De cada um de acordo com suas possibilidades, a cada um de acordo com suas necessidades’ – parece-me a mais correta e a única de corte humanista. Não pode o Estado cobrar de todos os mesmos deveres, nem oferecer a todos os mesmos direitos, pois, dos poderosos, dos ricos, incumbe-lhe cobrar mais e aos mais fracos, aos mais pobres, oferecer mais (porque deles, tomou e toma mais).
Para ler o texto completo de Roberto Amaral clique aqui

sábado, 7 de julho de 2012

Entre James Joyce e Karl Marx

Nos meios literários, junho é tradicionalmente um mês dedicado a reflexões sobre o Ulysses, romance revolucionário de James Joyce (1842-1941). No dia 16 deste mês, comemora-se o Bloom’s Day, pois esta é a data em que se passa a ação do livro do autor irlandês. Em 2012, o “Dia de Bloom” é ainda mais especial, pois nos encontramos a noventa anos da publicação da obra. Além disso, o recente lançamento do filme Notícias da antiguidade ideológica (Versátil Home Video, 2011), de Alexander Kluge provoca a reflexão sobre a dinâmica de forças estéticas/filosóficas/históricas que envolvem os nomes de Marx, Joyce, Kluge e Eisenstein.
Nestes 90 anos, o Ulysses foi pródigo em espalhar mundo afora fascínio e polêmica. Como monumento incontornável da moderna literatura ocidental, o romance do autor irlandês não para de seduzir críticos, ao mesmo tempo que se conserva à prova de qualquer leitura que seja capaz de aludir à totalidade de sua eficácia estética. Como sempre ocorre em grandes obras, qualquer leitura do textoparece ser bem menor do que o próprio texto; mas isso, no seu caso específico, adquire uma consistência ainda mais lancinante. Se já é um tormento para os críticos do livro tentar acercá-lo e compreendê-lo, imaginemos o tamanho da tarefa de inverter um pouco a ordem natural da coisas e usar o Ulysses como método de compreensão de um construto crítico-teórico como O Capital, de Karl Marx (1818-1883).
Para ler o texto completo de  Alexandre Pilati clique aqui

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Como a Medicina ainda controla o corpo das mulheres

As recentes discussões e manifestações acerca do parto domiciliar e a Marcha do Parto em Casa, realizada em São Paulo, tiveram o objetivo de “chamar atenção sobre a questão das escolhas no parto”, disse a obstetra Ana Cristina Duarte, à IHU On-Line. “Não defendo que as mulheres devam optar pelo parto domiciliar. Penso que devem optar por obter o máximo possível de informações sobre as possibilidades de nascimento, e fazer uma escolha de acordo com o que o coração delas diz”.
Na entrevista a seguir, concedida por telefone, a obstetra enfatiza que os “centros obstétricos ainda carecem de direitos básicos dos direitos humanos”. Na teoria médica, assegura, “as mulheres têm direito de escolher o que vai acontecer com o corpo delas”. Entretanto, “na prática isso não funciona. (…) Quando a mulher entra no hospital para ter o seu bebê, seja no sistema público ou no sistema privado, o seu corpo é levado pelas circunstâncias e pelos protocolos que forem determinados por aquela instituição”.

Ana Duarte também critica a maneira como os médicos orientam as mulheres a escolherem o parto normal ou a cesariana, e enfatiza que o direito ao acompanhante, determinado por lei, também não é respeitado em muitos hospitais brasileiros. Além disso, informa que pesquisas já retratam casos de violência nas maternidades. “Pelo menos, 25% das mulheres sofreram algum tipo de abuso físico ou verbal dentro das maternidades”.

Ana Cristina Duarte é formada em Obstetrícia pela Universidade de São Paulo – USP. Atualmente atua no Grupo Samaúma – Maternidade Consciente, e no Grupo de Apoio à Materinidade Ativa – GAMA.

Confira a entrevista aqui

Safatle: juventude perdeu o medo do capitalismo

Que caracteriza o comportamento da geração que, ao chegar à faixa dos vinte anos, começa a sondar seus papéis políticos? Por que ela não adere a hábitos valorizados no passado, como o engajamento num partido ou a leitura de um jornal diário? Como expressa seus desejos de transformação, que parecem desdobrar-se em múltiplas causas e campanhas, às vezes fragmentadas? Que atitudes assumirá, no futuro próximo?
O filósofo Vladimir Safatle é um dos que têm dedicado parte de seu tempo a refletir sobre estas questões. Conhecido de muitos pelas colunas que publica em “Carta Capital” e “Folha de S.Paulo”, ele é, muito mais que isso, um estudioso profundo da herança (e presença…) da ditadura brasileira; e um pensador que, à maneira de Slavoj Zizek, procura articular marxismo renovado com teoria psicanalítica.
Suas reflexões têm produzido interpretações instigantes sobre a nova geração. Ele rechaça, é claro, os pontos de vista superficiais, segundo os quais o fato de não haver “povo saindo às ruas” indicaria uma fase de despolitização. É preciso ir mais fundo, examinar os valores que mobilizam e os que já não encantam; a partir deles é que será possível fazer previsões de longo prazo.

Para ler a entrevista de Vladimir Safatle clique aqui

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Cartilha "Tecnologias na Escola"

Com o objetivo de ajudar os educadores a repensarem o formato tradicional de suas aulas, usando as ferramentas digitais, o Instituto Claro em parceria com o Fronteiras da Educação, lançou a cartilha Tecnologias na Escola, publicação elaborada por Carlos Seabra, consultor e coordenador de projetos de tecnologia educacional e redes sociais e autor de artigos, softwares e sites educacionais sobre o tema. “Para um professor ensinar a ler, ele precisa saber ler. Para ensinar a escrever também. Com a tecnologia não é diferente”, afirma Seabra.
Além da discussão teórica, Tecnologias na Escola traz exemplos práticos e dicas de aplicativos a serem usados no dia a dia da educação. Seabra explica que a ideia é dar uma noção geral de que a tecnologia é uma ferramenta facilitadora do trabalho em sala de aula e, por isso, deve ser apropriada pelos professores.
Nesse sentido, ele quer desmistificar alguns tabus, como o de que o uso da tecnologia representa necessariamente mais trabalho para o docente. Ao contrário, se bem utilizada, ela é capaz de otimizar o tempo do profissional. ”O docente só conseguirá atrair seus alunos se conseguir entendê-los, mas, para isso acontecer, precisa compreender as novas tecnologias”, destaca.

Clique aqui e confira a cartilha na íntegra

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Filme "Deuses malditos" (1969) - Luchino Visconti

Os anos 60 foram generosos com o cinema italiano. Roberto Rossellini, Frederico Fellini, Pier Paolo Pasolini, Michelangelo Antonioni, Luchino Visconti são nomes presentes em qualquer história do cinema. Isso para ficar só nesses: em franca atividade, seus filmes eram aguardados ansiosamente. É o que ocorreu com a trilogia alemã, de Visconti: “Os Deuses Malditos” (1969), “Morte em Veneza” (1971) e “Ludwig” (1973). Dessa trilogia, o primeiro sai agora em DVD pela Versátil.
Para ler o texto completo de Humberto Pereira da Silva clique aqui

terça-feira, 3 de julho de 2012

ENTREVISTA / SILVIANO SANTIAGO: “A indústria cultural nunca será inteligente”


Nascido em 1936, o mineiro Silviano Santiago é um dos mais refinados intelectuais brasileiros. Autor de diversos livros nos mais variados gêneros – poesia, romance, conto –, é na forma do ensaio que ele se tornou uma importante referência na vida cultural e acadêmica do país, ganhando ressonância até mesmo no exterior. Recebeu em 2010, pelo conjunto da obra, o Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura. Sua capacidade crítica, presente em livros como Nas malhas da letra (1989) e O Cosmopolitismo do Pobre: Crítica Literária e Crítica Cultural(2004), também pode ser conferida nesta entrevista.
Quais as causas da desimportância atual dos rodapés literários no Brasil? A ideia da cultura como entretenimento tem ganhado mais e mais adeptos nas redações de jornal? O que resulta do embate do escritor com o computador? Qual a relação entre narrador pós-moderno e jornalista celebridade? Qual a importância de Jacques Derrida? A cada pergunta, Silviano responde com uma reflexão iluminada e iluminadora, mostrando ao leitor faces por vezes ocultas dessas questões.
Leia a entrevista aqui

António Nóvoa: Sobre o papel do conhecimento e das Universidades

"As palavras não mudam a realidade. Mas ajudam-nos a pensar, a conversar, a tomar consciência. E a consciência, essa sim, pode mudar a realidade.
As minhas primeiras palavras são, por inteiro, para os portugueses que vivem situações de dificuldade e de pobreza, de desemprego, que vivem hoje pior do que viviam ontem.
É neles que penso neste 10 de Junho.
A regra de ouro de qualquer contrato social é a defesa dos mais desprotegidos. Penso nos outros, logo existo (José Gomes Ferreira). É o compromisso com os outros, com o bem de todos, que nos torna humanos.
Portugal conseguiu sair de um longo ciclo de pobreza, marcado pelo atraso e pela sobrevivência. Quando pensávamos que este passado não voltaria mais, eis que a pobreza regressa, agora, sem as redes das sociedades tradicionais.
Começa a haver demasiados “portugais” dentro de Portugal. Começa a haver demasiadas desigualdades. E uma sociedade fragmentada é facilmente vencida pelo medo e pela radicalização. 
Façamos um armistício connosco, e com o país. Mas não façamos, uma vez mais, o erro de pensar que a tempestade é passageira e que logo virá a bonança. Não virá. Tudo está a mudar à nossa volta. E nós também.
Afinal, a História ainda não tinha acabado. Precisamos de ideias novas que nos deem um horizonte de futuro. Precisamos de alternativas. Há sempre alternativas.
A arrogância do pensamento inevitável é o contrário da liberdade. E nestes estranhos dias, duros e difíceis, podemos prescindir de tudo, mas não podemos prescindir nem da Liberdade nem do Futuro.
Para ler o discurso completo do Professor António Nóvoa, Reitor da Universidade de Lisboa, clique aqui
Para escutar sua fala, clique aqui

ENTREVISTA / ROGER CHARTIER: Hábito de ler está além dos livros

Um dos maiores especialistas em leitura do mundo, o francês Roger Chartier destaca que o hábito de ler está muito além dos livros impressos e defende que os governos têm papel importante na promoção de uma sociedade mais leitora.

O historiador esteve no Brasil para participar do 2º Colóquio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários, realizado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Em entrevista à Agência Brasil, o professor e historiador avaliou que os meios digitais ampliam as possibilidades de leitura, mas ressaltou que parte da sociedade ainda está excluída dessa realidade. “O analfabetismo pode ser o radical, o funcional ou o digital”, disse.

Para ler a entrevista de Roger Chartier clique aqui

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