segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Protestos, desejos e compreensão de si

Para muitas pessoas não é fácil entender as manifestações coletivas em nome de causas e direitos sociais que vêm acontecendo em âmbito global e que, recentemente, surpreendendo a muitos, surgiram também no Brasil. O desconhecimento a respeito da história social e política, bem como sobre o significado profundo das lutas, sublevações e insurreições mundiais e nacionais contribui para a perplexidade quanto à situação presente. Não se conhece o passado, não se entende o presente e, além de tudo, não é possível prever o futuro quanto a mudanças sociais concretas em termos de direitos, cidadania, reforma política ou direção de políticas públicas. Se por um lado o que pensamos do futuro pertence à especulação e à fantasia, por outro é o efeito direto do que não somos capazes de imaginar, daquilo que se dá em bases inconscientes, do que é da ordem imponderável do desejo. Que o desejo de um mundo melhor possa nos amparar é o novo sentimento que surge como um terceiro elemento no instante em que a alternativa estava entre o apático fim das utopias e a ideia de que todas as utopias já tinham sido realizadas.
Para ler o texto completo de Marcia Tiburi clique aqui

 
 

"Em média, vamos nos tornando mais ricos e mais ignorantes, decaindo na escala da civilidade", constata o sociólogo

Surpreendidos pela polícia, foi o homem resgatado e levado para um hospital. O maior de idade foi autuado por tentativa de homicídio e corrupção de menores e os menores foram encaminhados para a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente. Os criminosos alegaram que a vítima era um estuprador.
Poderia ser apenas mais uma aberração no rol de maldades que, vez ou outra, são noticiadas e espantam os que se preocupam com a condição humana. Exceções a contrariar a consciência social.
Não se trata de caso excepcional, porém. Excepcional e inovador apenas na técnica de violência criminosa: enterrar viva a vítima.
Para ler o texto completo de José De Souza Martins clique aqui

Quase um quarto das línguas faladas na Índia está ameaçado de extinção

Meninas muçulmanas recitam o Alcorão em sala de aula de uma escola religiosa em Hyderabad (Índia)
A iniciativa de Ganesh Devy, autor desse projeto colossal – quatro anos de trabalho – de certa forma lembra a de Mahatma Gandhi. Esse ex-professor de literatura inglesa reuniu 3.000 voluntários à sua causa para registrar as línguas de todo o país, desde as montanhas da Caxemira até o arquipélago de Andaman.
Esse levantamento não foi conduzido por linguistas, mas sim pelo "povo". Os voluntários do Estudo Linguístico do Povo Indiano (PSLI ou People's Linguistic Survey of India) fizeram a seguinte pergunta a seus interlocutores: "Você acredita que fala uma língua diferente? Se sim, ajude-nos a retranscrevê-la."
As línguas consideradas deveriam ter uma gramática e um vocabulário únicos. Assim, professores, camponeses, acadêmicos retranscreveram milhares de lendas, canções, sem esquecer as palavras empregadas para designar as cores. "Essas palavras geralmente são as últimas a sumir quando uma língua está perto da extinção", justifica Ganesh Devy.
Para ler o texto completo de Julien Bouissou clique aqui

Por que os americanos não podem viver sem guerra?

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Por que os Estados Unidos fazem tanta guerra?
Este o título de um artigo publicado dias atrás no site Common Dreams, que o Diário acompanha e recomenda. O melhor do pensamento progressista e de vanguarda do mundo moderno está concentrado no Common Dreams.
O artigo citado é de autoria do jornalista Chidanand Rajghatta, colunista e editor de assuntos internacionais do jornal Times, da Índia.
Ele nota que mesmo sob um presidente em cuja plataforma a paz era um dado importante – Obama – os Estados Unidos não deixaram de fazer guerra sobre guerra.
O ponto de Rajghatta é simples: o país não pode viver sem guerra. “É um país feito para a guerra. Pequeno detalhe: até 1947, o Departamento de Defesa foi chamado Departamento de Guerra”, diz o colunista.
Ele faz uma contabilidade macabra. Os Estados Unidos fizeram cerca de 70 guerras desde sua independência, 234 anos atrás. Pelo menos 10 delas eram grandes conflitos.
Para ler o texto completo publicado no Diário Do Centro Do Mundo clique aqui

domingo, 29 de setembro de 2013

Vídeo de Agnès Varda: O que significa ser mulher


Nas palavras da própria Agnès Varda, a pergunta 'O que é ser uma mulher?' foi proposta por um canal de televisão francês a várias mulheres cineastas. Este cine-panfleto é uma das respostas possíveis, no que diz respeito ao corpo das mulheres -- nosso corpo --, do qual se fala tão pouco quando se fala da condição feminina. Nosso corpo-objeto, nosso corpo-tabu, nosso corpo com ou sem seus filhos, nosso sexo, etc. Como viver nosso corpo? Nosso sexo, como vivê-lo?".
Veja o vídeo de Agnès Varda clicando aqui


Para uma escola além dos livros

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O filósofo Roman Krznaric atrai públicos numerosos para suas palestras sobre amor, trabalho e vida. Mas, apesar da popularidade, ele dispensa formalidades. Senta-se no sofá do lobby de um elegante hotel na avenida Paulista, oferece um café e começa a falar com as pessoas que ele acabara de conhecer como se fossem velhos amigos. Fala sobre seus dias no Brasil, amigos em comum e já envereda para um de seus temas preferidos: o fato de os sistemas educacionais dos quais fez parte, como aluno ou como professor, não o terem preparado para a vida. “Vamos para a escola ou universidade e não aprendemos sobre as coisas que mais nos preocupam na vida, como a forma de construir relacionamentos, de lidar com problemas familiares ou de escolher a carreira”, diz o australiano que passou parte da vida em Hong Kong e atualmente está radicado em Londres.
É principalmente na capital inglesa que Krznaric tem posto em prática a resposta que ele e um grupo de outras pessoas deram para esse descompasso entre vida e escola. Ele começou na cozinha de casa, convidando amigos, depois amigos de amigos, depois amigos de amigos de amigos, para conversar sobre o amor. Daí, claro, a cozinha ficou pequena e os encontros passaram a ocorrer em locais públicos. Era o início da The School of Life, ou Escola da Vida, instituição que dá aulas, oficinas e cria materiais sobre temas relacionados a trabalho, amor, família, política e diversão e que agora chega ao Brasil para trazer para cá oportunidades de discutir os dilemas do cotidiano.
Para ler o texto completo de Patricia Gomes clique aqui

Aborto: as estranhas razões da proibição

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Sábado, 28 de setembro, é Dia Latino-Americano de Luta Pela Descriminalização e Legalização do Aborto. Uma data para marcar ações e manifestações de apoio as mulheres que todos os dias recorrem a métodos ilegais de abortamento em momentos de desespero. Fora as que morrem todos os anos, vítimas de um sistema que condena e demoniza as mulheres por fazerem sexo.
O que vemos atualmente são ofensivas mentirosas e caluniosas, por parte dos setores conservadores, que tentam reduzir a questão do aborto a uma ameaça contra a vida de criancinhas, inclusive criando espantalhos, como na acusação de que o PLC 03/2013, que dispõe sobre o atendimento às vítimas de violência sexual no âmbito da saúde, seria uma tentativa de legalizar o aborto no Brasil. Fora outros tantos projetos de lei que ameaçam direitos já conquistados, como o Estatuto do Nascituro e a ofensiva contra uma reforma progressista do Código Penal brasileiro, que atualmente encontra-se em discussão no Congresso.
O conservadorismo e o obscurantismo do Legislativo brasileiro têm usado o tema para fazer ameaças e chantagens ao Executivo (que tem cedido e se acovardado), caso haja qualquer iniciativa de proposta. No Judiciário, ano passado foi aprovado o direito à interrupção da gravidez em casos de anencefalia, mas não andamos mais que isso. Falar em aborto no Brasil é tabu, assunto controverso, pouquíssimos políticos querem se ver associados ao tema. Há alguns anos vemos essa ofensiva contrária aos direitos reprodutivos crescer.
Para ler o texto completo de Bia Cardoso clique aqui

Outro Dia da Criança é possível

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No Brasil, convencionou-se considerar 12 de outubro como Dia das Crianças. A data foi oficializada em 1924 pelo presidente Arthur Bernardes, mas só décadas depois, por volta dos anos 1960, passou a ser comemorada. Foi quando a fábrica de brinquedos Estrela lançou a Semana do Bebê Robusto junto com a multinacional Johnson & Johnson. Desde então, o dia foi mercantilizado e passou a ser vivido pela grande maioria das famílias como um dever ao consumo. Escolhi este tema para abrir, em Outras Palavras, uma coluna que pretende estimular reflexão sobre a criança contemporânea e sua relação com consumo, mídias, família, escola e cidade.
Depois dessa breve história, uma pergunta: o que de fato honramos atualmente, a criança ou o consumo? Porque para homenagear a criança faria mais sentido escolher 20 de novembro, data da aprovação pela ONU da Declaração dos Direitos das Crianças.
Para ler o texto completo de Lais Fontenelle Pereira clique aqui

Geopolítica e Ética internacional

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Por definição, todo poder territorial é limitado e expansivo. Envolve a existência de fronteiras, e de algum tipo de “inimigo externo” ou “bárbaro”, de quem se defender e a quem “conquistar” e “civilizar”. Por isto, os projetos expansivos de poder sempre se revestem de algum sentido de missão, e adotam algum sentido moral e messiânico. E toda conquista vitoriosa produz e impõe algum tipo de discurso e de ordem ética “supranacional”. Em muitos casos, estes poderes expansivos se associaram com religiões que se propunham ajudar na conquista messiânica e na “conversão” dos povos bárbaros. E o mesmo aconteceu com o colonialismo europeu, até o momento em que adotou a retórica laica e universalista do “direito natural”, e mais recentemente, dos “direitos humanos” e das “intervenções humanitárias”.
Para ler o texto completo de José Luis Fiori clique aqui

sábado, 28 de setembro de 2013

JESSE COOK: "Havana"


Pode escutá-lo interpretando "Havana" clicando aqui
Interpretando "Fragile" (feat. Holly Cole) clicando aqui
Interpretando "Luna Llena" clicando aqui
Interpretando "Tango Flamenco" clicando aqui
Interpretando "La Rumba D'el Jefe" clicando aqui
 

 



Brasil, estudos pós-coloniais e contracorrentes análogas: entrevista com Ella Shohat e Robert Stam

A professora Ella Shohat e o professor Robert Stam, da Universidade de Nova Iorque, foram entrevistados durante sua visita à Holanda para participar de dois eventos promovidos pelo Postcolonial Initiative da Universidade de Utrecht. Eles tocam em assuntos de importância crítica para a reflexão sobre os temas desenvolvidos no número 4 do Portuguese Cultural Studies.
Para ler a entrevista de Ella Shohat e Robert Stam clique aqui

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

O tiro no pé das entidades médicas

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As entidades que em teoria representam a classe médica deram um tiro no pé. Ao se oporem ao programa “Mais Médicos”, tudo o que conseguiram foi fortalecer a imagem de elitistas e corporativistas que vem nutrindo ao longo das últimas décadas.
Nem sempre foi assim. Há não muito tempo atrás a medicina era vista como um dom, um sacerdócio. O médico era como o padre, sabia da vida das famílias que assistia – suas angústias, aflições. Era, além de cuidador, conselheiro. Mas o perfil do cuidado em saúde mudou. A tecnologia trouxe avanços de forma muito rápida e talvez o médico não tenha sabido conciliar os novos conhecimentos com a antiga e preciosa escuta do doente. Além disso, o acesso à saúde ampliou-se bem mais que a quantidade de médicos formados, de maneira que os que estavam no mercado precisaram captar os novos pacientes, em detrimento do tempo de atenção a cada um.
Para ler o texto completo de Lilian Terra clique aqui

Como a China tentará superar Hollywood

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A empresa do homem mais rico da China, Wang Jianling, lançou no domingo um projeto audacioso: construir o maior complexo de estúdios de cinema do mundo. Foi por isso que, nesse dia, nem todos os atores hollywoodianos caminhavam pelo tapete vermelho do Emmy Awards, que premia os melhores da televisão norte-americana. Alguns dos artistas mais famosos da indústria de entretenimento, como Leonardo DiCaprio e Nicole Kidman, eram fotografados do outro lado do mundo: no lançamento oficial da Metrópole Cinematográfica Oriental de Qingdao — uma cidade litorânea, no leste do país.
O projeto é construir um complexo que reúna diversos estúdios cinematográficos, aos moldes de Hollywood. Mas dá um passo adiante, ainda que de gosto duvidoso: à moda da Disney, também serão erguidos um grande parque temático e oito resorts, para inserir o local no turismo do cinema. Tudo isso numa área de 376 hectares (quase 4 km²), a ser aberto em 2017.
Para ler o texto completo de Gabriela Leite clique aqui

Um parlamento de tolos: quando políticos declaram guerra à ciência

A doença estadunidense chegou à Inglaterra: parlamentares declarando guerra total à ciência. Um grupo de parlamentares, alguns deles, como John Redwood, Peter Lilley, Andrew Tyrie e Graham Stringer, veteranos, experientes, se prepararam para deixar de lado todo tipo de precaução e declarar guerra total contra as evidências. Objetivo: atacar o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas e bombardear o Ato de Mudanças Climáticas da Inglaterra.
Para ler o texto completo de George Monbiot clique aqui

Mujica: "humanidade ocupou o templo com o deus mercado"

Destoando dos discursos feitos pelos seus pares durante a 68ª Assembleia Geral da ONU, o presidente uruguaio José Mujica criticou veementemente o consumismo e defendeu que “enquanto o homem recorrer à guerra quando fracassar a política, estaremos na pré-história. "É através da ciência e não dos bancos que o planeta deve ser governado. “Pensem que a vida humana é um milagre e nada vale mais que a vida. E que nosso dever biológico é acima de todas as coisas, impulsionar e multiplicar a vida. Deveríamos ter um governo para a humanidade que supere o individualismo e crie cabeças políticas”.
Para ler o texto completo de Vanessa Silva clique aqui

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

ANTÓNIO NÓVOA / ENTREVISTA: Os desafios da Universidade portuguesa



Para ler a entrevista concedida pelo professor António Nóvoa ao Jornal Expresso clique aqui


De Patologias e Ficções

Kirsten Dunst (Justine) em cena do filme "Melancolia" (2011), de Lars von Trier
No filme de Lars von Trier, Melancolia se refere tanto a um planeta que aparenta estar em rota de colisão com a Terra, quanto ao estado emocional de Justine, o qual Freud descreveu como um abatimento profundamente doloroso, marcado pela cessação de interesse pelo mundo exterior, a perda da capacidade de amar, a inibição de toda a atividade e a deterioração da auto-estima, culminando numa delirante expectativa de punição.
Em resenha para o The New York Times, A. O. Scott considera essa expectativa de punição umas das razões pelas quais as pessoas assistem aos filmes de Lars Von Trier. “O sofrimento – predominantemente, mas não exclusivamente, o sofrimento das mulheres – é tanto seu assunto favorito quanto seu método preferido.” A aproximação do planeta Melancolia reverte qualquer expectativa tradicional, tornando difícil argumentar contra o fatalismo e a depressão de Justine, que encontram ressonância frente à possibilidade iminente de aniquilação global.
Curiosamente, dois aspectos centrais do filme de Lars von Trier – a melancolia e o sofrimento das mulheres – se relacionam com o artigo “Quando a tristeza se tornou uma doença? Como patologizamos a vida cotidiana”, publicado no AlterNet. Diane Cole analisa dois livros recém-lançados, ainda sem tradução para o português, que questionam a expansão e consequente erosão dos conceitos de depressão e estresse, a ponto de se tornarem virtualmente insignificantes em termos de diagnóstico e tratamento.
Para ler o texto completo de Maissa Bakri clique aqui

Ser como eles – mas seletivamente…

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Incorporamos o fracasso. Séculos de maus-tratos à população dão-nos a sensação de que as facilidades da vida cotidiana conquistadas por outras sociedades, sobretudo na Europa, mas também em outros continentes, estão fora do alcance dos brasileiros. Aceitamos uma cidadania capenga, desfigurada, de segunda mão.
Em Florianópolis, uma ilha com três pontes e uma quarta sendo anunciada, com crônicos problemas de mobilidade urbana, soa estranho cada vez que algum especialista – brasileiro ou estrangeiro – sugere soluções combinadas de transporte rodoviário, marítimo e ferroviário – sobretudo este último. Os chamados VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), por exemplo, uma entre tantas possibilidades que demoramos a adotar, reduziriam substancialmente nossos problemas.
Descontadas as características individuais, o que acontece em Florianópolis não difere do que se passa em outras médias ou grandes cidades.
Para ler o texto completo de Celso Vicenzi clique aqui

E a publicidade começa a divorciar-se da mulher…

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Realizada pelo Data Popular e Instituto Patrícia Galvão, a pesquisa Representações das mulheres nas propagandas na TV revela a existência de um conflito entre o que os espectadores veem e o que gostariam de ver nas publicidades exibidas na televisão. Para 56% dos entrevistados, homens e mulheres, as propagandas na TV não mostram as brasileiras reais. Para a pesquisa, foram realizadas 1.501 entrevistas com homens e mulheres maiores de 18 anos, em 100 municípios de todas as regiões do país, entre os dias 10 e 18 de maio deste ano.
Na avaliação do diretor do Instituto Data Popular, Renato Meirelles, o distanciamento entre a representação da mulher feita nos comerciais e a realidade prejudica os anunciantes, que perdem o principal mercado de consumo. “A mulher quer uma comunicação que a inspire a melhorar um pouco mais de vida, mas não a deixar de ser quem ela é. E quando as empresas vendem um aspiracional que está longe de ser desejado e possível para essa mulher, ou ela se frustra ou simplesmente conclui que esse produto não é para ela e cria uma barreira em relação a ele”, considera.
Confira a entrevista de Renato Meirelles clicando aqui

terça-feira, 24 de setembro de 2013

VIGILÂNCIA & PRIVACIDADE: Arapongagem

Todos os meios eletrônicos, de computadores a celulares, podem ser radiografados pelos serviços de segurança dos EUA. O Big Brother sabe tudo que se passa em nossa casa. A araponga é uma ave que não perde a oportunidade de meter o bico em todo fruto que encontra pela frente. E possui uma propriedade especial: as sementes engolidas não perdem o poder germinativo que, inclusive, é maximizado. Sob a ditadura, os espiões do SNI ganharam o apelido de arapongas. Metiam o bico na vida de todo mundo, até mesmo de quem apoiava o regime militar.
Agora, graças ao jovem Snowden, sabemos que a maior arapongagem praticada na história da humanidade é made in USA. Os EUA, que consideram a segurança mais importante que a liberdade, e o capital, que os direitos humanos, metem o nariz na vida de pessoas, governos, empresas e instituições. Aprenderam com Clausewitz que a surpresa é o trunfo do inimigo.
Para ler o texto completo de Frei Beto clique aqui

DIREITOS DA INFÂNCIA: É preciso regular a publicidade de alimentos para crianças

Atualmente no Brasil, 30% das crianças de 5 a 9 anos estão com sobrepeso e 15% estão obesas (POF 2008-2009). Os dados revelam uma epidemia, que acomete as 5 regiões do país e todas as classes sociais. Com o excesso de peso, surgem as doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão, diabetes, problemas renais e alguns tipos de câncer.
O problema não é só brasileiro. Diversos países, desenvolvidos ou em desenvolvimento, preocupam-se hoje com a reversão de problemas de saúde em crianças, que antes eram característicos de idosos. Pesquisas demonstram que, se nada for feito, pela primeira vez na história a geração atual viverá menos do que seus pais.
Para ler o texto completo de Ekaterine Karageorgiadis clique aqui

domingo, 22 de setembro de 2013

John Mayer: "Dear Marie"


John Mayer é um dos músicos mais talentosos da atualidade. A sua música abrange uma gama extraordinária de estilos: rock, blues, hip-hop, jazz.
Ouçam a interpretação de “Dear Marie” do seu próximo album, clicando aqui




Boa sorte, meu amor

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Já escrevi que o cinema pernambucano tem sido o que melhor encara – e escancara – a sobreposição, no Brasil, de um presente de aparência moderna e uma herança histórica de mandonismo e opressão social. A mais nova comprovação dessa ideia é Boa sorte, meu amor, surpreendente longa-metragem de estreia de Daniel Aragão que entrou em 13 de setembro, em várias cidades brasileiras.
Para ler o texto completo de José Geraldo Couto clique aqui

De vigilância e solidão

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Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência. Aldous Huxley imaginou tal sociedade na década de 1930, quando escreveu seu livro Admirável Mundo Novo. Nessa época, provavelmente a maioria das pessoas classificava tal obra uma ficção. No entanto, hoje em dia poderíamos chamá-la de obra científica.
A literatura e o cinema cristalizaram os nossos temores em relação ao futuro. Além de Huxley, muitos outros autores tentaram mostrar o perigo da perda da individualidade e do contato humano, imposta pela cultura do medo.
George Orwell temeu que a vida dos cidadãos fosse controlada pela ação de um Estado autoritário, em 1984. Fritz Lang anunciou a alienação e a automação do homem-máquina, no filme Metropolis. Charles Chaplin expôs os riscos da miséria e da desumanização em Tempos Modernos. Stanley Kubrick, a partir de um best-seller de Anthony Burgess, retrata, em Laranja Mecânica, a ultraviolência sem objetivo dos jovens, combatida pelo autoritarismo sem freios do Estado.
Para ler o texto completo de Katia Marko clique aqui

Redes culturais: desafio à velha indústria da cultura

III Fórum de Mídia Livre (2012): para Ladislau, o que está em crise não é a comunicação, mas "a fórmula econômica da velha mídia"
A entrevista de Bruno Torturra e Pablo Capilé, no Roda Viva, focando o sistema inovador de jornalismo Ninja, é particularmente importante. Não pela celeuma criada, mas pelas janelas e desafios que abre. Aproveitamos a discussão para as pessoas entenderem melhor um conjunto de atividades de produção e acesso cultural no país. Interessante também o fato da entrevista ter gerado tanta controvérsia, com o problema do financiamento superando a visão das oportunidades abertas. Estamos na era digital, da conectividade planetária, mas carregamos uma herança de sistemas de produção cultural e jornalística essencialmente controlados por gigantes da intermediação, a chamada indústria cultural e o oligopólio da mídia. Adotaram tecnologias digitais nas imagens, mas como cultura organizacional seguem na era analógica. O pano de fundo, é que hoje, com as novas tecnologias tanto de produção como de divulgação de conteúdos, abriram-se oportunidades de sistemas radicalmente descentralizados e em rede, o que afeta os gigantes verticalizados de intermediação. Os que produzem conteúdos não precisam mais esperar para serem dos poucos selecionados pela grande mídia ou pelo oligopólio da música. A gente não vai mais se ver só na Globo.
Para ler o texto completo de Ladislau Dowbor clique aqui

“Mensalão”: o erro grosseiro do STF

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O voto histórico do ministro Celso de Mello, que reabriu, nesta quarta-feira, o debate sobre o “Mensalão” no STF, não desenhou apenas uma risca de giz contra o ataque aos direitos civis. Ele pode ter criado condições para questionar um consenso que a mídia construiu ao longo dos últimos oito anos.
O que há de errado com o sistema político brasileiro? Atos individuais, comandados por mentes corrompidas, que deformam nossa “democracia”? Ou algo mais profundo: leis e práticas que permitem a grandes empresas formar bancadas parlamentares, influir decisivamente na escolha dos governantes, sequestrar a política?
O julgamento do “Mensalão” é decisivo porque coloca as duas hipóteses claramente em choque. A grande maioria dos brasileiros crê que se tratou de um desvio de dinheiro público. Há cerca de dois anos, os jornalistas Raimundo Pereira e Lia Imanishi tentam mostrar, por meio de uma série de reportagens publicadas na revista “Retrato do Brasil“, que esta visão é ingênua. Dirigentes do PT transferiram cerca de R$ 55 milhões, arrecadados junto a empresas, para correligionários e aliados, de forma ilegal. Deveriam ser condenados por isso. Mas o STF não investigou tais atos. Preferiu criar uma ficção: a de que os petistas teriam subtraído estas somas do Banco do Brasil.
Para ler o texto completo de Raimundo Pereira e Lia Imanishi clique aqui

sábado, 21 de setembro de 2013

"Penélope Secreta" - Mônica de Aquino



Penélope Secreta


Um homem chegou no dia

em que não havia espera.


Na porta, somente o cão

guardava o tempo.

 
E o tempo era correr

atrás do rabo.
 

O homem tomou o castelo,

a cama, o arco.

 
Agora, dorme ao meu lado

descansa da travessia.

 
Não sabe seu gosto de mar

 
não sabe que traz, na pele, a alma do mar.

 
Preciso partir para esse lugar

de onde o homem voltou
 

(o amor, agora, é o mar)

 
Comecei a tecer uma rede de 

pesca.

 
Comei a tramar

certo corpo de barco.

 
Agora, tranço os cabelos

e olho pela janela.

 
É quando ele desperta

desfaz a cama, desfia os planos

 
desata a trança, pisa na rede

 
e sinto, de novo, o mar.

 
De repente, partir é igual

a ficar.

 
Mônica de Aquino

 



Cabeça do brasileiro

Quem somos nós, brasileiros? Essa é uma pergunta clássica da teoria social brasileira. Clássica porque ao longo de muitos anos ela foi considerada central para compreender as possibilidades da ação política dos brasileiros. Vários critérios já foram mobilizados para respondê-la. Primeiro a idéia do português de segunda linha, depois a mistura virtuosa de raças e mais tarde um conjunto amplo de valores sistematizados por teorias sociais.
A mais recente tentativa de resposta abrangente para esta pergunta vem de Carlos Alberto Almeida, no livro A cabeça do brasileiro. Segundo ele, tais perguntas conduzem a duas respostas, pois a sociedade brasileira se divide em dois grupos com entendimentos bastante diferentes a respeito do Brasil e de si mesmos: de um lado estão os habitantes das capitais, jovens, com elevada escolaridade e economicamente ativos. De outro, os interioranos, mais idosos, de pouca escolaridade e economicamente inativos. O Brasil, diz, é um país dividido em suas noções sobre si e sobre o que é certo e errado. E o que separa esses grupos é a educação superior, motor dos desníveis de renda, de poder e de prestígio.
Veja a entrevista de Alberto Carlos Almeida clicando no vídeo aqui



10 coisas que você não deve saber sobre "I have a dream" e Martin Luther King


A Marcha por Trabalho e Liberdade, em 28 de agosto de 1963, reuniu em Washington mais de 250 mil manifestantes em frente ao monumento a Lincoln, o presidente que emancipou os escravos e cujo decreto, nas próprias palavras de Luther King, pôs fim aos tempos de cativeiro dos negros. Naquela tarde, foi consagrado um dos discursos mais clássicos de todos os tempos: "I have a dream" (eu tenho um sonho). Conheça dez fatos curiosos que envolvem um dos principais momentos da história recente dos EUA.
Para ler o texto completo de Dodô Calixto clique aqui

O fazer política na era do ativismo virtual

Nos países que não garantem a pluralidade dos meios de comunicação, a expansão da internet é saudável, principalmente, para as jovens democracias, tal como a brasileira. Além disso, pode ser um instrumento incitativo ao exercício da cidadania. Entretanto, a internet não substitui a prática da política no cotidiano. Deve-se levar em conta que o "fazer política" na esfera da comunicação virtual tem seus limites! Ela é um meio e não uma finalidade.
As redes sociais e a internet são muitas vezes apresentadas como o futuro da comunicação política. Logicamente, deve-se reconhecer a Internet como uma ferramenta, assim que um catalisador para a mobilização, ou difusão de uma mensagem política. Porém, o trabalho de campo é também necessário, bem como os debates diretos, as reuniões para tomadas de posições faladas em público. A Internet é uma ferramenta de informação, um meio de comunicação que é necessária, mas não suficiente. Uma questão interessante para abrir um debate com os "internautas" seria: A comunicação política em linha teria por vocação de substituir a prática política no campo da ação?
Para ler o texto completo de Marilza de Melo Foucher clique aqui 

A extrema arrogância do Império: a espionagem universal

O sequestro do presidente da Bolívia Evo Morales, impedindo que seu avião sobrevoasse o espaço europeu e a revelação da espionagem universal por parte dos órgãos de informação e controle do governo estadunidense (NSA) nos levam a refletir sobre um tema cultural de graves consequências: a arrogância. Os fatos referidos mostram a que nível chegou a arrogância dos europeus forçadamente alinhados aos EUA. Somente foi superada pela arrogância pessoal de Hitler e do nazismo. A arrogância é um tema central da reflexão grega de onde viemos. Modernamente, foi estudada com profundidade por um pensador italiano com formação em economia, sociologia e psicologia analítica, Luigi Zoja, cujo livro foi lançado no Brasil: "História da Arrogância” (Axis Mundi, São Paulo, 2000).
Para ler o texto completo de Leonardo Boff clique aqui

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O poder na sombra

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A recente intimidação do GCHQ, a inteligência secreta inglesa, ao jornal The Guardian e a invasão da NSA, a inteligência secreta dos EUA, nos arquivos da Petrobras criam uma boa ocasião para refletir sobre terrorismo, livre-mercado, democracia, liberdade de expressão e independência de imprensa.
Não é absurdo dizer que nossa época apresenta ao menos dois tipos de terrorismo, o disseminado e o concentrado. O primeiro está a cargo de grupos como Taliban, Al-Qaeda e outros. Empregam a violência extrema em nome de Deus ou da Nação, quando não em nome de ambos, e o resultado é a morte de inocentes, como no Afeganistão, Síria e Iraque, só para ficarmos nos exemplos mais atuais. Prometem democracia e a melhora das condições de vida em seus territórios, mas ao tomar o poder promovem o terror contra seus inimigos e exploram ao máximo a população. É o velho bordão: em nome da liberdade e da democracia são cometidos os maiores crimes contra a humanidade.
O terrorismo concentrado é o exercido pelos Estados, é o terror oficial, com lei e banda de música. Os EUA de hoje são o exemplo acabado disso, a Inglaterra fica só um pouquinho atrás. Não é apenas gratidão pelo apoio recebido na Segunda Guerra Mundial, é sobretudo alinhamento político, econômico e financeiro com a grande potência para extrair mais e melhores dividendos. Ao invadir o Iraque em apoio ao seu antigo aliado, por trás da máscara do servilismo garantia também para si as benesses do petróleo e futuros ganhos de mercados desbravados militarmente pelo Grande Irmão.
Para ler o texto completo de Marcelo Degrazia clique aqui

CINEMA: A arte popular de Rosemberg Cariry

Em agosto, o cineasta cearense Rosemberg Cariry completou 60 anos de idade e a marca dos doze longas-metragens, entre ficções e documentários. Seu mais novo filme, “Os Pobres Diabos”, estreia no 23º Cine Ceará, no dia 14 de setembro, depois será exibido no 46º Festival de Brasília. Filósofo de formação, Antônio Rosemberg de Moura assumiu o nome artístico Cariry como maneira de simbolizar a região em que cresceu. Não à toa, claro, sua obra, como cineasta, escritor e pesquisador, percorre a temática da cultura popular e oral do Nordeste, sendo muito influenciado pela literatura de cordel. “Os Pobres Diabos”, rodado em janeiro de 2013, ao longo de 26 dias, na cidade de Aracati/CE, não é diferente. “O filme é uma expressão das artes dramáticas e poéticas populares e traduz toda uma realidade dos artistas populares, no Brasil, que lutam arduamente para sobreviverem”, conta Rosemberg, que estreou na direção com o documentário “O Caldeirão da Santa Cruz do Deserto” (1986) e concluiu dois em 2012, “Cego Aderaldo – O Cantador e o Mito” e “O Nordeste de Ariano Suassuna – Ceará”.
Para ler o texto completo de Gariel Carneiro clique aqui


Nós e a seta com veneno: o risco etnicista na Guiné-Bissau


“Afinal tu és o quê?”. Como o debate era sobre os sentimentos regionalistas que têm fraturado os países europeus, presumi que a pergunta era sobre a minha nacionalidade. Respondi: “Sou da Guiné-Bissau! Sou guineense!”. Ao que o senhor responde: “Não! És o quê? És o quê de facto?”. Reforcei: “Sou guineense! Sou cidadão guineense!”. O senhor olhou-me fixamente e disse: “Não, tu não és guineense! Não existe essa coisa de ser guineense”. Sorri condescendentemente – pois pensei que estava perante alguém que tinha acabado de enlouquecer – e disse: “Meu caro, eu sou guineense, pertenço à nação guineense e tenho a nacionalidade guineense. Portanto, sou guineense!”. Nisto, diz-me ele: “Não existe a nação guineense. A nação guineense é uma coisa inventada. Logo, tu não és guineense! Tu és fula, manjaco, papel, balanta ou de uma das outras etnias que por lá andam! Não és guineense porque isso não existe!”. A indignação subiu-me pelo peito, a conversa azedou de forma irreversível e a paciência esgotou. Decidi sair de cena, seguir o meu rumo…
Na solidão dos meus pensamentos não pude deixar de reparar que aquela conversa trazia, nos seus bastidores, uma série de questões que, como guineense, não poderia ignorar. Ao meditar sobre a perturbadora e inesperada conversa, vi-me desafiado a viajar até ao âmago daquela argumentação que considerei atentatória à minha identidade. Atentatória à alma da guinendade.
Para ler o texto completo de Dautarin da Costa clique aqui

That's all right mama - Scotty Moore & Eric Clapton

Em dezembro de 2004, no famoso Abbey Road Studios tocaram, fervorosamente, os legendários "deuses da guitarra", para um tributo muito especial, um concerto em homenagem ao “The King” Elvis Presley, com a direção musical de seu primeiro guitarrista e amigo de longa data, Scotty Moore. Foi lançado um DVD, chamado de "A Tribute To The King - by Scotty Moore And Friends", apresentando canções que fizeram a fama de Elvis Presley.
Músicas como "That’s Alright Mama", que foi o primeiro"single" de Presley, parece óbvio e conveniente a sua inclusão, com destaque para o guitarrista Scotty Moore, que conduziu esse exclusivo concerto, envolvendo músicos que contribuíram para que fosse chamado de The King. Moore esteve reunido no Abbey Road com uma lista internacional de verdadeiros heróis da guitarra, incluindo Eric Clapton, o Pink Floyd David Gilmour, Mark Knopfler do Dire Straits, Bill Wyman e Ronnie Wood, representando o passado e o presente dos Rolling Stones, Steve Gibbons, Mike Sanchez e muitos outros.
Outras duas dúzias de clássicos de Elvis, incluindo ''Heartbreak Hotel'', ''Shake, Rattle And Roll'', ''All Shook Up'' e ''Blue Suede Shoes'' foram registrados no DVD. Eric Clapton participa de três músicas. Uma delas, "That’s Alright Mama", pode ser apreciada aqui





Congresso: hora de enfrentar a pauta anti-indígena

Frente Parlamentar de Apoio aos Indigenas
As próximas semanas são decisivas para o futuro do Brasil. É a reta final da atuação de uma das mais agressivas formações legislativas que já passaram por Brasília, e que ficará marcada no futuro pela grande destruição de direitos ambientais, principalmente a aprovação do Código Florestal, as constantes tentativas da Comissão de Meio Ambiente, presidida pelo senador Blairo Maggi (PR), de autorizar o plantio de cana na Amazônia, e uma série de medidas de menor impacto na mídia mas com grande força administrativa, como de restringir a atuação de órgãos ambientais como o Ibama. Também ficará marcada pela intolerância, como a postura da atual Comissão de Direitos Humanos, chefiada pelo pastor Marco Feliciano (PSC), e pelo imenso retrocesso de direitos que parte dos congressistas estão tentando impor às populações mais vulneráveis e mais excluídas no Brasil: os povos indígenas, quilombolas e populações tradicionais. No ano que vem, ano eleitoral, o Congresso não terá a mesma força. Por essa razão, o trator ruralista vai tentar forçar, ao máximo, nas próximas semanas, a modificação da Constituição Federal com a PEC 215 e o PLP 227, projetos que acabam com as demarcações de terras e abrem as terras já demarcadas para a exploração.
Para ler o texto completo de Felipe Milanez clique aqui

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

“Mensalão”: por que reabrir o caso

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Se o voto do ministro Celso de Mello encerrar, nesta quarta-feira (18/9), o julgamento do chamado “Mensalão” pelo Supremo Tribunal Federal (STF), milhões de brasileiros irão sentir-se aliviados e engrandecidos. Tendo acompanhado o episódio, durante oito anos, por meio dos jornais e da TV, eles acreditarão que surgiu, enfim, um caso em que o desvio de verbas públicas não ficará impune. Certas circunstâncias ampliarão seu júbilo. Entre os condenados, haverá “peixes graúdos”. Não será poupado o PT, partido no governo há dez anos. E, glória máxima, parte dos réus irá para a cadeia – o símbolo maior e mais humilhante dos sistemas punitivos modernos. Ficará aberto caminho, pensarão estes milhões, para moralizar a vida política e resgatar a República.
Será um engano trágico, por dois motivos. Do ponto de vista factual, surgiram, nos últimos meses, sinais concretos de que o chamado “Mensalão” não envolveu desvio de recursos públicos. O ministro Joaquim Barbosa, relator do processo e hoje presidente do STF, ignorou estes sinais; teme que este erro primário torne-se claro; é, também por isso, um opositor ferrenho da reabertura do caso.
Mas o engano principal seria político. O encerramento do processo, no pé em que está, evitará que a sociedade debata a corrupção da vida política por meio do dinheiro oferecido pelas empresas aos partidos e a suas campanhas eleitorais. Este é, de longe, o principal mecanismo para submeter as decisões políticas ao poder econômico, e para promover o enriquecimento ilícito de ocupantes de cargos públicos. Está exposto, em detalhes, no episódio do “Mensalão”. Encarcerar José Dirceu e seus colegas, e não examiná-lo, satisfará o ímpeto punitivo com que alguns julgam possível enfrentar a corrupção. Mas varrerá para debaixo do tapete o motor que a impulsiona.
Para ler o texto completo de Antonio Martins clique aqui

terça-feira, 17 de setembro de 2013

TV GLOBO: O supremo tribunal de exceção

1.
Se, no campo das artes e do pensamento, o gênio nada mais é que o sujeito que se permite ao deliro, tal que ele e o louco varrido se tornam indiscerníveis, então é possível definir dois tipos de gênio: um primeiro marcado por um delírio reacionário, fascista mesmo; e um segundo por um delírio libertário.
2.
Ambos têm um traço em comum: sabem que tudo é delírio, que tudo lira, delira, razão por que expressam com grande precisão o que o conformismo generalizado tende a esconder, dissimular, proteger, covardemente, a saber: o homem, ou deliria Deus, transcendências, posses, poderes, hierarquias, o reino do já dito, a herança do passado ou o passado como herança presente e futura; ou delira a invenção de si sem Deus, a imanência, a despossessão; futuros possíveis da própria humanidade, como potência de inteligência coletiva.
3.
O gênio, enfim, ou deliria Deus, logo o passado autoritário de toda uma coletividade; ou delira a si mesmo, logo a humanidade inteira, razão suficiente para sustentar o argumento de que ele efetivamente não existe, pois é sempre a encarnação possível da loucura da humanidade em certa circunstância histórica; a loucura daquilo que Marx chamava de inteligência geral, que ora pende, através do gênio, para um lado profundamente reacionário, ora para outro libertário, prenhe de justiças que inscrevem cenários possíveis para o conjunto dos humanos, num contexto em que não haverá mais gênios reacionários, porque seremos todos a invenção de nós mesmos através da livre invenção de todos.
Para ler o texto completo de Luís Eustáquio Soares clique aqui

‘MANHATTAN CONNECTION’: Jornalismo colonizado

Afirmar que a mídia hegemônica brasileira (o oligopólio formado pelas famílias Marinho, Frias, Civita e Saad) é submissa aos interesses imperialistas dos Estados Unidos é um truísmo. Em outros termos, utilizando uma clássica expressão popular, é “chover no molhado”. Há décadas, as grandes emissoras de televisão e os principais jornais e revistas de circulação nacional têm se dedicado a propagar a ideologia estadunidense em nosso país.
Sendo assim, estereótipos como o “muçulmano terrorista e fanático religioso”, o “ditador cubano” e o “caudilho sul-americano” são exaustivamente repetidos como mantras pelos meios de comunicação; e, por outro lado, as atrocidades de regimes aliados à Washington (Arábia Saudita, Israel, Bahrein e Colômbia, por exemplo) são estrategicamente negligenciadas, ou, na melhor das hipóteses, abordadas superficialmente.
Entretanto, quando a imprensa internacional divulgou que o Brasil foi alvo de espionagens do governo estadunidense, muitos acreditaram que a grande mídia brasileira, enfim, se levantaria contra os abusos da Casa Branca. Ledo engano. Pelo menos não foi essa a postura apresentada pelo Manhattan Connection, da Globo News. Em sua edição de domingo (8/9), o programa demonstrou até que ponto vai a subserviência de alguns jornalistas brasileiros em relação à grande potência econômica do planeta.
Para ler o texto completo de Francisco Fernandes Ladeira clique aqui

ENTREVISTA / JACQUES HENNO: ‘Estamos todos vigiados e fichados’

Antes de se deitar é preciso olhar embaixo da cama, desligar o sinal Wifi e fechar todos os acessosà internet da casa. A última leva de informações sobre a espionagem norte-americana atravessa uma nova fronteira da violação da privacidade. O jornal The New York Timesrevelou que Washington corrompeu toda a tecnologia que protege a internet para acentuar a espionagem. Por meio da Agência Nacional de Segurança norte-americana (NSA), os Estados Unidos roubaram chaves de segurança, alteraram programas e computadores e forçaram certas empresas a colaborar com o objetivo de ter acesso a comunicações privadas, tanto dentro como fora do território norte-americano. A NSA não respeitou limite algum: correios eletrônicos, compras na internet, rede VPN, conexões de alta segurança (o famoso SSL), acesso aos serviços de telefonia da Microsoft, Facebook, Yahoo e Google, a lista dos novos territórios de caça é interminável.
Segundo o diário norte-americano, a NSA gasta mais de 250 milhões de dólares anuais em um programa chamado Sigint Enabling cuja meta consiste em modificar a composição de certos produtos comerciais – computadores, chips, telefones celulares – para torná-los vulneráveis, ou seja, acessíveis aos ouvidos da NSA. A isto se somam as informações publicadas por WikiLeaks sobre 80 empresas privadas que se servem das novas tecnologias para captar (espionar) em tempo real os intercâmbios no Facebook, MSN, Google Talk etc. Estamos na mais perfeita intempérie tecnológica de maneira permanente sem que a vítima tenha a menor consciência disso. Um crime perfeito.
Em entrevista à agência Carta Maior, o pesquisador e especialista de novas tecnologias Jacques Henno analisa todos estes abusos e tendências que se inscrevem em uma nova era marcada pelo nascimento de um lobby entre os militares, a informática, os dados e os arquivos.
Para ler a entrevista de Jacques Henno clique aqui


Será que Obama sabe o que achamos que sabe?

A piada já tomou conta das redes sociais. Esqueceu a sua senha bancária? Pergunte ao presidente Barack Obama. Quer saber quem é o pai da criança? Pergunte a Obama. Mas há algo ainda mais grave do que o presidente dos EUA bisbilhotar a nossa vida privada: é os EUA bisbilhotarem a nossa vida privada (ou qualquer outra coisa) sem o presidente, o poder público, estar sabendo. Esse cenário é aterrador para a democracia nos EUA e no mundo. À medida que surgem mais detalhes sobre o amplo esquema de espionagem americano, é de se questionar se alguém controla ou consegue controlar tamanha estrutura.
É inútil criticar a espionagem. Todo governo espiona, dentro e fora de suas fronteiras. Espiona-se tanto os inimigos como os amigos. Até o Vaticano teve durante séculos, e talvez ainda tenha, o seu serviço secreto. Empresas também espionam, como vimos no caso da disputa pela Brasil Telecom. Para proteger seus cidadãos dos excessos de curiosidade alheios, os países costumam ter leis. A regra do jogo, quando um caso de espionagem entre aliados é exposto, é desconversar. O espionado reage com indignação (em geral para consumo político interno). Quem espionou não se desculpa, pois seria uma admissão da espionagem; dá apenas alguma justificativa esfarrapada. E os dois lados esperam o assunto cair no esquecimento. Foi o que ocorreu quando Snowden revelou que os EUA espionaram os aliados europeus. A presidente brasileira, Dilma Rousseff, vem insistindo em explicações detalhadas, que não virão.
Para ler o texto completo de Humberto Saccomandi clique aqui

LIBERDADE DE EXPRESSÃO: O debate interditado

Ao contrário do que vem ocorrendo nas democracias liberais nas últimas décadas, inclusive em países nossos vizinhos da América Latina, no Brasil permanece interditado o debate público sobre o papel central que a mídia ocupa no processo democrático e a imperiosa necessidade de que jornais, revistas, rádio, televisão e internet se submetam a políticas públicas regulatórias garantidoras da universalidade da liberdade de expressão.
A mídia brasileira não debate publicamente a si mesma.
É verdade que seminários e eventos dos mais variados têm sido promovidos ou contam com o apoio ostensivo dos poucos grupos empresariais privados que controlam a mídia. O tema recorrente tem sido a liberdade de expressão equacionada, sem mais, com a liberdade da imprensa. Mesmo assim, esses seminários e eventos não constituem debate público. Preocupados em garantir os incríveis privilégios assimétricos que conquistaram historicamente e numa reafirmação de sua recusa à negociação democrática, esses grupos debatem, escutam e promovem apenas a sua própria voz. Perspectivas diferentes das suas não são ouvidas e tem sido sistematicamente caracterizadas como autoritárias, populistas e defensoras do controle e da censura estatal.
São vários os exemplos de recusa à negociação.
Para ler o texto completo de Venício A. de Lima clique aqui

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

As sementes do fascismo, no século 21


Em Policing the Crisis, clássico estudo conduzido, em 1978, pelo famoso socialista e teórico cultural Stuart Hall e alguns colegas, os autores mostram que a reestruturação do capitalismo, uma resposta à crise da década de 1970 – a última grande crise mundial do capitalismo até a de 2008 –, produziu, no Reino Unido e em todo o mundo, um “estado excepcional”. Significava um processo de ruptura com os mecanismos de controle social, então consensuais, e um autoritarismo crescente. Eles escreveram:
“Este é um momento extremamente importante. Esgotado o repertório da hegemonia por meio do consentimento, destaca-se cada vez mais a tendência ao uso rotineiro das características mais repressivas do Estado. Aqui, o pêndulo no exercício da hegemonia inclina-se, de forma decisiva. De um período em que consentimento suplantava a coerção, passa-se a outro em que a coerção volta a ser a forma natural e rotineira de assegurar o consentimento. Esse deslocamento interno do pêndulo da hegemonia – de consentimento para coerção – é uma resposta do Estado à crescente polarização (real e imaginária) das forças de classes. É, exatamente assim, que uma “crise de hegemonia” se expressa… O lento desenvolvimento de um estado de coerção legítimo, o nascimento de uma sociedade de “lei e ordem”… Todo teor da vida social e política é transformado (neste momento). Um novo ambiente ideológico, claramente distinto, é urdido. (Policing the Crisis, pp. 320-321).”
Esta é também uma descrição exata da atual conjuntura. Estamos testemunhando a transição de um estado de bem-estar social para um estado de controle social, em todo o mundo. Estamos diante de uma crise global sem precedentes, dada sua magnitude, seu alcance global, a extensão da degradação ambiental e da deterioração social e a escala dos meios de violência. Nós realmente estamos enfrentando uma crise da humanidade, entramos em um período de grandes agitações, de mudanças e incertezas. E esta crise é distinta dos episódios anteriores de crises mundiais – a de 1930 ou a de 1970 – precisamente porque o capitalismo mundial é fundamentalmente distinto, no início do século 21.
Para ler o texto completo de William I. Robinson clique aqui

sábado, 14 de setembro de 2013

Escribas de aluguel


Somente depois do fim da ditadura passou a surgir no Brasil o fenômeno de artistas e intelectuais que, até ali, estavam nas filas da oposição democrática, passassem a buscar abrigo nos espaços das elites conservadoras. A própria forma que assumiu a transição favoreceu essa conversão.
Para ler o texto completo de Emir Sader clique aqui


Tempo de ostentação

Modelo de quartzo japonês custou US$ 165 a ministro polonês Radoslaw Sikorski - Zeca Wittner/Estadão

Quando Radoslaw Sikorski, o ministro de Relações Exteriores da Polônia, visitou a Ucrânia no mês passado, dizem que seus colegas ucranianos riram dele pelo fato de estar usando um relógio de quartzo japonês que custara apenas US$ 165. Um jornal ucraniano fez uma matéria sobre as preferências dos ministros da Ucrânia. Muitos possuem relógios que custam mais de US$ 30 mil. Até um membro comunista da Rada, o Parlamento ucraniano, foi fotografado usando um relógio que é vendido por US$ 6 mil.
Quem deveria rir é Sikorski. Você não riria (talvez privadamente, para evitar ser indelicado) de alguém que paga 200 vezes mais por algo e acaba com um produto inferior?
Para ler o texto completo de Peter Singer clique aqui


Como os automóveis promovem a desigualdade

Foto - Gustavo Basso
 
Um estudo recente acerca da variação da mobilidade social em cidades norte-americanas descobriu que quanto maior é a segregação geográfica dos residentes menos provável é a ascenção sócio-económica dos mais pobres. Por outras palavras, quanto mais afastadas vivem as diferentes classes sociais mais profunda se torna a desigualdade.
Para ler o texto completo de Yves Engler clique aqui


Ótima hora para Fissurar o capitalismo

Reconhecido internacionalmente sobretudo por suas reflexões sobre o movimento zapatista, o pensamento do irlandês John Holloway é referencial para ajudar a entender não só as revoluções cotidianas de Chiapas, das quais são os próprios zapatistas os principais intelectuais, mas também contextos de revoltas como o 2001 argentino, a indignação europeia e o ainda não terminado junho brasileiro – que deve durar no mínimo até a Copa do Mundo de 2014. Chega em mais que boa hora, portanto, o lançamento no Brasil de seu último livro, Fissurar o capitalismo, recém publicado pela Editora Publisher Brasil.
É possível que o momento atual, de inesperado e animador desafio à ordem, às hierarquias e aos autoritarismos diversos que permeiam nossa vida social e política, inspire uma maior difusão da obra e das reflexões de Holloway, infelizmente ainda pouco levadas a sério em nosso debate acadêmico e político de uma forma mais geral. Seu livro Mudar o mundo sem tomar o poder foi bastante comentado e mesmo atacado no Brasil, mas aparentemente muito pouco lido, a se tomar o teor raso de boa parte das críticas que recebeu.
Para ler o texto completo de Júlio Delmanto clique aqui
 


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