segunda-feira, 31 de maio de 2021

"Lágrimas trágicas de Cabo Delgado" - Gonçalo Ferrão


 



Lágrimas trágicas de Cabo Delgado




 

O luto,


Não é esse pedaço de pano que amordaça o teu corpo dorido.


                           Nem as missangas, o cabelo rapado, que enfeita o sonho do passo tolhido


Ou ainda os comunitários sinais de perda de ente-querido,


Na solidão da dor que acompanha teu choro incontido.



 

É mais essa dor aguda no teu peito


com cor de desgraça no pensamento


que faz chorar a alma, sem jeito;


É essa dor que o tamanho vazio abraça


da ausência amiga de sua presença,


E faz sangrar o desespero nos teus olhos molhados


Pela inevitável antecipada partida dela, sem volta aos teus olhos.



 

É esse termómetro enlouquecido da mente,


que mede errado o valor da ausência do abraço dela,


E te faz sentir a toda a hora, tão confusamente,


que ficar sozinho, é mesmo igual a ficar sem ela,


Nessa caminhada ora sem norte,


Sem a luz e o calor do convívio dela.



 

Não, não meu amigo


Tal como ninguém se habitua ao sofrimento


O luto nunca será um indivíduo anónimo


Curtidor de causa alheia no destino


Fim



 

Gonçalo Ferrão

 


Maputo, Moçambique, 28/05/21



 Divulgando o último livro do autor do blog Aqui

 


Ato massivo Fora Bolsonaro em São Paulo



No dia 29 de maio de 2021, grande multidão desafia o medo e sai às ruas contra o desgoverno Bolsonaro. Brechas se abrem e novas escolhas se impõem. Para ler o texto e observar a reportagem fotográfica clique aqui


Leia "Ganhar as ruas até 2022" de Rosana Pinheiro-Machado clicando aqui



Leia "O apagão científico no Brasil" de Vinícius Lemos clicando aqui



Leia "Homeschooling prova que Bolsonaro tem projeto para a educação" clicando aqui


Leia "Neoliberalismo brasileiro e política de branqueamento" de Marcio Pochmann clicando aqui



Leia "A fratura da classe dominante" de Valerio Arcary clicando aqui



Leia "A crise do progressismo pode ensejar o surgimento de um novo ciclo, marcado pela forte atuação dos movimentos sociais e de "partidos-movimento"?" Entrevista com Juliano Medeiros clicando aqui



Leia "Liberdade de escolha" de Fefferson Nascimento e Leonardo Sacramento clicando aqui



Leia "Impacto da crise climática é agravado por desigualdade social, étnica e de gênero" de Beatriz Carrilho clicando aqui



Leia "Tem gente morrendo de Covid, tem gente morrendo por bala, tem gente morrendo de solidão, tem gente morrendo de fome; mas morre-se mesmo é de desgoverno" de José Geraldo de Sousa Junior clicando aqui



Leia "Brasileiros já querem que ricos paguem mais impostos" clicando aqui



Leia "Nise Yamaguchi e irmãos tiveram reuniões secretas com a cúpula do Ministério da Saúde" de Paulo Motoryn clicando aqui



Leia "Construir o nosso terreno (3): comunicação descentralizada" de Z1010010 clicando aqui



Leia "Funcionários do império alimentício Maratá usam tiro, fogo e violência para tomar área de camponeses no Maranhão" de Sabrina Felipe clicando aqui

 

Para ir além dos seminários e seu egocentrismo

 



Onipresentes nas universidades, eles têm méritos inegáveis, mas reproduzem com frequência lógicas da competição e vaidade, a ponto de criarem um mercado simbólico. Será possível imaginar dinâmicas intelectuais mais colaborativas? Para ler o texto de Antonio Lafuente clique aqui


Leia "A ética na ciência capturada pelos braços da indústria" de Guilherme Zocchio clicando aqui


Leia "O que a esquerda europeia está aprendendo com Joe Biden" de Mario Giro clicando aqui


Leia "América Latina: da ingovernabilidade ao caos" de Raúl Zibechi clicando aqui


Leia "Taxar a herança, uma palavra de ordem internacional" de Romane Sauvage clicando aqui


Leia "Nestlé reconhece em documento interno que mais de 60% de seus produtos não são saudáveis" de Miguel Ángel Medina clicando aqui


Bing Crosby & Louis Armstrong: "That's Jazz (High Society" - 1956

 



Para assistir à interpretação de "That's Jazz (High Society") pelos ícones do jazz Bing Crosby & Louis Armstrong clique no vídeo aqui

O patriarcado é um tigre de papel: fascismo, gênero e luta de classes



Bruna Della Torre analisa a política fascista não apenas como compensação psicológica ou simbólica, mas também em sua busca por uma reestruturação material do patriarcado, o que a torna tão atrativa para seu eleitorado. Para ler seu texto clique aqui

 



Humberto Maturana: "A democracia não é uma forma de governo, é uma forma de convivência e de nos respeitarmos a nós mesmos"


A reflexão de Maturana trouxe-nos, entre outros, o conceito de autopoiésis (usado depois por tantos outros, entre eles G. Deleuze e A. Negri), para falar da autonomia dos sistemas vivos, que desenvolveu com o seu então estudante e colaborador, o neurobiólogo Francisco Varela; de acoplagem estrutural, para nos falar de relações entre sistemas autopoiéticos e o seu “nicho ecológico”. O seu trabalho contribuiu e contribui para quem age no campo da ecologia, da decolonialidade, da educação, da estrutura de organizações, biologia, entre outros. Vejo no reclamar da consciência do lugar da fala de cada um, o que ele dizia com frequência: “falo desde a…”, convidando-nos também a falar e a refletir a partir da legitimidade do lugar que ocupamos; não só a tomar como a ter consciência da nossa posição. Para ler o texto de Liliana Coutinho clique aqui


Navegando pelo cinema

 


"Antônio & Piti", a ação e recriação de um amor amazónico


Este tipo de elaboração é em grande parte viabilizada pelo trabalho desenvolvido no âmbito do projeto Vídeo nas Aldeias. A abrangência destas ações atua em vários sentidos: não só permite pensar o universo indígena através da sua auto-representação, como igualmente promove uma inversão do olhar que nos oferece a possibilidade de percebermos como, nós, brancos, somos vistos na perspectiva ameríndia. Coloca-nos ao espelho e mostra-nos o que muitas vezes evitamos ver. Para ler o texto de Anabela Roque clique aqui




Fantasmas do Império 


Por uma simplicidade de categorização Fantasmas do Império é um filme pós-colonial mas ao testemunhar no presente o que foi um determinado passado e ao constatar que o presente está cheio desse passado, ele tem toda a força de um filme de luta anti-colonial, situado num mundo que nos é contemporâneo. Um mundo em que os vestígios do passado que permeiam o nosso presente sob a forma de fraturas, são objeto de um trabalho simbólico que começa a produzir novas formas híbridas e cosmopolitas de cultura próprias de um novo tempo pós-colonial, transnacional e pós-migratório. Para ler o texto de António Pinto Ribeiro clique aqui




Uma noite em Miami 


O filme marca a estreia na direção da atriz Regina King (Oscar de coadjuvante em 2019 por Se a Rua Beale Falasse). Impossível deixar de destacar o fato de uma mulher negra, multipremiada como atriz, se lançar como diretora de um filme onde todos os protagonistas são homens. Não foi indicada para melhor direção, num ano marcado pela forte presença de mulheres, mas poderia. O filme é um poderoso relato sobre personagens reais, reunidos num encontro fictício. Para ler o texto de Daniel Brazil clique aqui


Livro - George G. M. James: "O Legado Roubado"

 



“Em Legado Roubado, um autor com uma paixão pela justiça e a verdade defende uma tese surpreendente da qual a maioria dos leitores do pequeno volume — Helenófilos em particular — irá, sem dúvida, discordar totalmente. Nesta obra, o Professor James se atreve a afirmar e trabalha para provar, entre outras coisas, que “os Gregos não foram os autores da filosofia Grega”, que a “então-chamada filosofia Grega” foi baseada a principio sobre ideias e conceitos que foram emprestados sem reconhecimento — de fato “roubados” — dos antigos Egípcios por alguns Gregos desobedientes e desonestos. Para ter acesso ao conteúdo integral do livro (182 págs.) clique aqui

domingo, 30 de maio de 2021

"O Relógio" - Cassiano Ricardo





O Relógio




Diante de coisa tão doída


Conservemo-nos serenos




Cada minuto da vida


Nunca é mais, é sempre menos




Ser é apenas uma face


Do não ser, e não do ser




Desde o instante em que se nasce


Já se começa a morrer.



 

Cassiano Ricardo 




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Eliane Brum: "Essas capas são uma mentira"

 



As capas do Globo e do Estadão de hoje são muito mais do que uma vergonha histórica. Grandes jornais, com responsabilidade pública, traindo os fatos. Centenas de milhares de brasileiras e brasileiros ocupam as ruas do Brasil gritando “Fora, Bolsonaro” e o Globo dá como manchete “Pib reaquece” e o Estadão fala de “turismo”. Centenas de milhares de brasileiras e brasileiros gritando nas ruas “Eu te Responsabilizo, Bolsonaro” e o Globo e o Estadão acham que podem simplesmente minimizar – e tanto têm certeza que podem, que minimizam. Fato, que fato? Notícia, onde? Centenas de milhares de brasileiras e brasileiros nas ruas e o Globo e o Estadão acham que não é manchete. Tipo… quase nada aconteceu. Para ler o texto de Eliane Brum clique aqui


Leia "Ignorando as manifestações de rua, imprensa pôs na mesa hipótese queremista: pós-Bolsonaro com Bolsonaro" de Luiz Eduardo Soares clicando aqui


Leia "Como a direita moderada ajudou na ascensão de Mayra Pinheiro, a Capitã Cloroquina" de João Filho clicando aqui


Leia "Capitã Cloroquina: o tênis e o pênis do Fon-fon" de José Ribamar Bessa Freire clicando aqui


Leia "Bolsonaro é motivo para que atual sistema de votação e apuração seja preservado" de Janio de Freitas clicando aqui

O epicentro do Apocalipse

 



A indignação antifascista no Brasil desagrava a fragilidade sanitária de milhões de pessoas pobres e vulneráveis, humilhadas pelo menoscabo e pelo sarcasmo de genocidas em rede. Para ler o texto de Eugênio Trivino clique aqui

HAUSER: "La Donna È Mobile"


Para assistir à interpretação de "La Donna È Mobile" por HAUSER clique no vídeo aqui

 

Palestina: Um Colonialismo por povoamento Sionista

 



O processo de invasão unilateral e assimétrica, que provoca resistência por parte dos povos nativos ameaçados de aniquilação ou deslocamento, dificilmente pode ser chamado de “conflito”. Para ler o texto de Reginaldo Nasser clique aqui

Kumbh Mela: como um festival superespalhado semeou Covid em toda a Índia

 



De toda a Índia, milhões de peregrinos hindus vieram dar um mergulho ritual no Ganges e depois voltaram para casa carregando Covid-19. Para ler suas histórias clique aqui

Amartya Sen: "A desigualdade corrói as vantagens das democracias"

 



Economista indiano, ganhador do Prêmio Princesa de Astúrias de Ciências Sociais em 2021, prevê uma crise de qualificação profissional entre os desempregados deixados pela pandemia. Para ler o texto de Luis Doncel clique aqui

sábado, 29 de maio de 2021

"Vai ficar tudo bem" - José Paulo Pinto Lobo

 




Vai ficar tudo bem

 

 



 

 

Vai ficar tudo bem


A frase durante a pandemia mais celebrada


Ultimamente mais esquecida e relegada



 

O optimismo encalhou na realidade


Mas vai ficar tudo bem


Pois… mas para quem?



 

Para os filhos que perderam pais


Para os netos que perderam avós


Para os amigos que perderam amigos



 

Mas vai ficar tudo bem…



 

Para os casais que se separaram


Para os que perderam seus empregos


Para os que suas casas deixaram



 

Para os que entraram em depressão


Acabrunhados na sua prostração


Não mais se reencontraram



 

Mas vai ficar tudo bem…



 

Para os pobres que ficaram mais pobres


Para os que vivem da solidariedade


Envergonhados pela caridade



 

Mas vai ficar tudo bem…



 

Para os ricos que ficaram mais ricos


Para o mundo dos futebóis


E os que se pavoneiam que nem cowboys



 

Para os que patrocinam guerras e discórdia


Sem remorso nem misericórdia


Para os que incensam hegemonias insanas



 

Vai ficar tudo bem…

 

 



 

 

José Paulo Pinto Lobo



 

 

Cascais, 23 de Maio 2021




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