"Bebedor de orvalhos" - José Paulo Pinto Lobo
Bebedor de orvalhos
Madrugada
Apago a luz da cozinha e assomo à janela
Observo a alameda vazia
Candeeiros esparsos desenham seus cones de
claridade
Alguém esqueceu luzes acesas no
apartamento da frente
No que estarão sonhando os vizinhos?
Passa apressadamente um cão vadio ou
talvez não
De que certezas é ele portador?
Estranhamente nem uma folha se mexe
Nos frondosos plátanos cujos ramos quase
tocam nossas janelas
Que faço eu nesta tardia hora divagando?
Ouço o som dos lixeiros virando os
caixotes de detritos dos outros
Estou triste? Não sei, talvez sonâmbulo
Vagueando em pensamentos sem rumo e sem
freio
Temos de ser ou sentir?
Não podemos somente volutear por entre os
viçosos plátanos?
Afinal, sou um pássaro nocturno
Bebendo os orvalhos da madrugada
José Paulo Pinto Lobo
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